A manhã já havia passado, e ainda tentava processar tudo o que Vicky havia me dito. Passei a duvidar de mim mesmo, a duvidar da minha própria mente. Eu preciso de ar, preciso pensar. Decido dar uma volta, o mais longe possível de todos daquelas cidade.
Saio pela porta, sem rumo. Só queria me sentir vivo. Encontro um caminho de terra, meio afastado do restante da cidade, posso sentir uma brisa refrescante. É quando lembro que aqui tem uma praia, eu já vim com os... bom, já não tenho certeza.
Começo a andar por aquela areia macia, e sentir o vento em meus cabelos. Não sinto vontade de entrar, só queria aproveitar aquela linda visão do mar azul a minha frente. Nunca havia visto um mar tão limpo e azul que nem aquele, é uma visão realmente bonita e confortante.
Eu suspiro, tentando não lembrar de quando estivemos aqui. Tento não lembrar de quando Jin tentava fazer um castelo de areia, mas a água a levou. Tentando não lembrar de Jhope implorando pra Namjoon enterrá-lo na areia, tentando não lembrar que Suga queria esticar seu pano de praia para deitar. Tentando não lembrar de mim e Tae jogando vólei na areia. Tentando e tentando, mas sem sucesso.
Fecho meus olhos e tento afastar aqueles pensamentos da minha cabeça, aquilo me machucava cada vez mais. Quando eu abro meus olhos, tento enxergar a imensidão daquele mar, continuando a andar. É quando meus olhos o encontram. Ele estava sentado na areia, de costas pra mim, provavelmente não havia me visto. Ele parecia observar o mar, parecia pensar também.
Sinto meu coração se aquecer um pouco. Apesar de tudo, eu ficava feliz em ver Jimin bem, me lembro o quanto ele sofria trancado naquele Carrossel. Vê-lo bem era a unica coisa que queria me fazer acreditar em tudo aquilo.
Não sinto mais magoa, ou raiva, tudo desapareceu no momento que o vi. Ele transmitia uma paz e calma, era justamente que eu precisava.
Me aproximo dele devagar.
- Jimin? - o chamo.
- Jungkook, oi! - ele se vira com um sorriso para mim. Ele parecia realmente contente em me ver.
- Eu... - coço a cabeça envergonhado enquanto tento me desculpar. - eu queria me desculpar, pela forma que eu te tratei aquele dia.
- Ah - ele diz surpreso.- não peça desculpas, eu que fui muito invasivo. Me desculpe por invadir seu espaço. - ele diz
- Você não tem culpa. Eu só... me sinto confuso, com tudo isso. Eu acostumava a vê-lo de outra forma, acostumava ter outra vida. - digo cabisbaixo. - mas fico feliz que você esteja bem.
Ele sorri para mim. Sua expressão era tão tranquila e inocente, apenas sua presença me transmitia paz. Seu sorriso acendeu uma pequena chama de felicidade no meu coração, parecia que nem tudo era tão ruim, vê-lo sorrir e feliz, era o melhor presente que eu poderia receber.
- Sente-se. - ele diz batendo a mão na areia ao seu lado.
Me sento ao lado dele para observar o mar. Ficamos um tempo em silencio, apenas sentindo o vento em nossos cabelos.
- Eu sinto muito. - ele diz olhando para o mar.
Eu suspiro e escuto ele continuar a falar.
- Perder pessoas importantes assim deve ser doloroso. Eu queria poder ajudá-lo de alguma forma. Sinto que você é o tipo de pessoa que não merece sofrer. - ele diz se virando para mim.
- Não se preocupe. - eu encaro a areia. - eu estou bem. - minto.
- Desculpa, mas não parece. Suas olheiras me provam o contrario, o olhar triste em seu rosto também. - ele diz passando a mão nas minhas bochechas.
Ao sentir o toque das mãos de Jimin novamente em minha pele, eu sinto eletricidade. Era algo tão familiar, tão confortante. Meus olhos enchem de lagrimas enquanto eu olho dentro de seus olhos. Ele me olhava com olhar protetor, como se me disse-se que cuidaria de mim, mas não era eu quem cuidava dele?
Abaixo a minha cabeça, ainda com sua mão em meu rosto, e deixo uma lagrima cair. Ele levanta meu rosto com a mão no meu queixo, me encara por um tempo e depois me abraça. Sinto seus braços quentes e macios ao redor de mim, aquilo era tão bom. Eu não me contenho e então começo a chorar mais, é quando ele me abraça mais forte, parece que ele conhecia minha dor.
Quando eu me acalmo, ele levanta e estende a mão em minha direção.
- Vem. - ele diz. - tenho algo que vai animar você.
Pego na mão dele e me levanto. Começamos a caminhar pela areia na praia. Algumas conversas vagas surgem durante o caminho, de como estava o tempo ou se eu estava gostando e reconhecendo a casa. É quando chegamos em um lugar da praia que tinha umas rochas grandes, e umas pedrinhas espalhadas pelo chão.
- É bonito aqui. - digo encarando as rochas.
- É sim. - ele diz e logo depois agacha no chão. - eu até diria pra a gente subir, mas eu sou desastrado, eu não consigo subir. - ele ri enquanto pega algumas pedrinhas do chão.
Então ele caminha na frente do mar, com algumas pedras em uma mão. Com a outra, ele pega uma unica pedra e parece mirar. Então ele atira a pedra na água, a fazendo quicar 5 vezes na superfície, deixando ondinhas de água por onde passou.
- Como você conseguiu? - pergunto impressionado.
- É pratica. - ele ri. - Sabia que você ia gostar. Quer tentar? - ele estica o braço com uma pedra na mão.
Eu a pego e tento mirar na mesma maneira. Jogo na água com um pouco de força, fazendo a mesma afundar assim que toca a água.
- Droga! - digo. - isso é difícil.
- É que você tacou com força, tente tacar um pouco mais leve. - ele diz tacando outra pedra e fazendo a mesma coisa que a primeira vez.
Pego outra pedra de sua mão, tento jogar de forma leve mas mesmo assim ela funda sem quicar nenhuma vez. Eu bufo frustrado.
- Não adianta, eu não consigo. - rio.
- Você tem que jogar de cima para baixo, venha cá. - ele diz, e eu me aproximo dele. Ele coloca minha mão por cima da sua. - vou te mostrar, assim. - então ele me faz lançar a pedra na água. Ela quica duas vezes - viu só, você conseguiu. - ele diz ainda segurando minha mão.
- Ah, isso foi trapaça, você que me ajudou a jogar. - digo rindo.
Me viro pra ele e vejo que estávamos muito próximos. Ficamos em silencio por um tempo, olhando um para o outro. É estranho eu estar encarando sua boca?
- Tenta sozinho dessa vez. - ele diz quebrando o silencio e se afastando.
Eu finalmente saio de transe e concordo com a cabeça. Pego então outra pedra e jogo novamente, e como sempre, sem sucesso.
- Ah, desisto. - digo chutando a água.
Quando eu chuto a água, eu vejo que atingiu um pouco Jimin. Sua blusa estava um pouco molhada e ele me olhava surpreso.
- Ah, então é guerra? - ele diz sorrindo.
- É o que? Não. - digo tentando cobrir meu rosto.
Jimin então começa jogar água em minha direção rindo. A água acerta meu rosto e me molha por completo. Eu então solto um sorriso e começo a revidar. Nós ficamos fazendo guerra de água um contra o outro, até que ele desequilibra em uma das vezes que foi chutar a água, e cai em cima de mim. Ele deita ao meu lado e ficamos rindo durante um bom tempo, tempo o suficiente pra fazer minha barriga doer. Pela primeira vez em dias, eu estava dando risadas altas e fortes.
Eu então diminuo a risada e olho em sua direção, ele rindo da sua própria queda, levando a mão em seu rosto. Eu apenas admiro aquela cena, a cena que eu sabia que era a cena mais linda que eu já havia visto...
... o Jimin rindo.
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Spring Day • jjk + pjm
أدب الهواة"Às vezes é difícil ver a verdade simples que está na sua frente. Você diz a si mesmo repetidamente que está fazendo a coisa certa. Mas e se a coisa certa for seguir aquele sentimento que você tem em seu intestino, Mesmo que isso signifique perder a...