Capítulo 63

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O exército que nos espera é três vezes maior do que eu achei que seria. Estão à frente de Invictus, nos esperavam, sabiam que viríamos. Os soldados de papel do rei estão todos prontos para lutar.

Mas nossa legião em marcha faz o chão tremer.

Maori colocou Skilleds na retaguarda, eles têm habilidades, perigosas demais pra ignorar. Há uma espécie de radiação sobre a fortaleza, eu me pergunto se é uma mentira, um truque. Ou se estamos indo direto para uma armadilha.

- Não vou deixar levarem você de novo. - Lince aperta meu braço em conforto. Mas eu não estava pensando nisso. - Prometo.

A lembrança da Prisão de Vidro passa por minha mente mas eu a bloqueio. Se Maori me pegar, não me dará o luxo de uma morte rápida e indolor, ou nem me deixaria morrer.

O pensamento faz meu sangue gelar, mas nossas chances são altas, e estou apostando tudo nisso.

- Sei disso. - respondo. - Não vou deixar que toquem em nenhum de nós. Nunca mais.

O olhar centrado de Linda me deixa alerta, ela indica a esquerda, onde a ofensiva de Ôhinin causou mais baixas. Parece um bom lugar para começarmos a invadir a fortaleza.

Então de repente, uma horda vinda de Mondian e de Évbad atrás de nós começa a se juntar ao exército nos cercando. Milhares de trabalhadores e pessoas comuns controladas mentalmente. Inocentes, vindo para nos colocar entre a cruz e a espada.

Apenas uma pessoa é capaz disso.

Maori está no alto da fortaleza, na murada. Ele segura uma coroa idiota entre os dedos, como se dissesse: venha pegar. E tem a cara de pau de piscar pra mim.

Reuno meu poder para acabar com ele ali mesmo, foda-se a honra ou a vingança, penso, vou te destruir agora.

Espero vê-lo se curvando com dor e cair da murada, espero que sua pele derreta no corpo e ele grite nos dando a vitória, mas ele apenas apoia aos mãos no rosto, com um sorriso travesso.

- Não toquem nos cidadãos. - digo a Linda, que transmite a mensagem pelos soldados. - Capturem-nos mas não os matem, não são perigosos como os soldados.

Maori levanta uma sobrancelha para minha medida, como se me ouvisse mesmo daquela distância. Ele dança pra nós, como se fosse invunerável, meu poder sequer toca sua pele, se desfazendo centímetros antes como uma bolha de sabão. O que ele fez?

Não tem problema, vou matá-lo com minhas próprias mãos.

- Corra, assassina! Corra, princesinha! - o riso dele ecoa pelas fileiras.

Reuno força o bastante para não ouví-lo e seguir o plano.

- Não deixe que ele te abale. - Linda aperta minha mão, é bom ver que estamos bem, vou protegê-la aqui, mesmo depois das nossas brigas. É meu dever.

E ergo um dedo para o rei, o homem que jogou com um reino inteiro, que transformou a imagem da Elite em rebeldes, que sacrificou gente inocente por uma vingança, que deseja controlar um por um e destruir -me num golpe só.

- Quando acabarmos, você é meu. - Meu ódio pode estar enterrado fundo, pelo bem daqueles que amo e protejo, mas ainda terei minha vingança. Ela não é mais forte que a razão, mas será mais cruel do que a dele.

Então eu o chamo, e deixo que veja.

Vestido como um príncipe, com os cabelos loiros inconfundíveis e de pé ao meu lado, com uma máscara exatamente como a que ele usava. Uma piada particular, minha e de Maori. O príncipe vai lutar comigo, essa é a mensagem. O rei se empertiga, com os olhos apertados.

As Crônicas de Rayrah Scarlett - Esperança Em Arnlev [RETIRADA EM 25/08/22]Onde histórias criam vida. Descubra agora