Este capítulo pode conter gatilhos psicológicos como auto mutilação e crises de ansiedade.
A agitação que vi pela casa quando acordei me deixou um pouco impressionada. Não esperava que todos estivessem tão ansiosos para a formatura de Ur tanto quanto o mesmo está.
Meu irmão não tinha certeza se deveria mesmo usar aquele terno preto ou se deveria trocar por um azul, desejava usar a gravata perfeita e por mais que lhe dissessem que estava tudo bem, ele não parava quieto. Era nervosismo demais para uma pessoa só, então acredito que os demais aborveram um pouco dele para si.
Todos estão dispostos a acompanhá-lo. Menos eu. Decidi que ficaria com a nossa irmã ao menos pela manhã. Não que eu estivesse fazendo uma escolha entre os dois, estava somente sendo mais racional e justa em dividir o tempo. Unindo o útil ao agradável. Manhã em casa, noite fora dela. Prometi ao meu irmão que irei a festa de formatura dele mais tarde e não a entrega de diplomas em si. Ele ficou meio desapontado, entretanto concordou ao ver que eu não mudaria de ideia de jeito nenhum.
Bursinha faz parecer que deseja ir junto, mas como ela mesma disse, este passo ainda não está pronta para dar. Ao menos não agora. Penso que o motivo esteja relacionado ao ambiente, que é semelhante ao que a fez ficar nesse estado pelo que me contou ontem no parque. Ninguém a pressionou, pois sabemos que ontem foi demais, um grande primeiro passo que admiramos muito.
Não me surpreendi tanto com a roupa de cada um deles uma vez que tenho conhecimento de seu bom gosto na hora vestir. Meus pais em particular decidiram usar tecidos de cores que entrassem em harmonia, como se tivessem comprado as vestimentas na mesma loja. Papai estava trajado em um terno preto, o blazer nesse tom escondia a camisa social branca por baixo. Já a minha mãe, com seus típicos vestidos de manga comprida — tais que hoje eram feitas em renda branca —, tão bem lhe moldavam as curvas maduras e conservavam sua feminidade ao passo que mantinha sua decência na peça branca de seda decorada com delicadas flores pretas minúsculas espalhadas pelo tecido que lhe batia nos tornozelos.
Minha avó não ficou muito para trás, apesar de idosa ela tinha belos vestidos longos a combinar com seus véus. Hoje ela usava um de tom violeta bem clarinho, seus fios curtos e platinados estavam escondidos por um véu de cor semelhante, porém mais escurinho. Calçava saldalias, ela adorava. E meio que contaminou minha mãe com esse hábito. Mamãe raramente usava saltos.
Muito contrariamente a Yudis, ela amava. E inclusive, está usando um hoje. Pude verificar quando passou por aqui para avisar que seria a primeira a chegar para confirmar se tudo estava perfeitamente organizado. Então, eles a encontrariam quando chegassem.
— Tem certeza que quer ficar, Igith? — Mamãe pergunta pela milésima vez. E pela milésima vez eu respondo:
— Sim, anne*. A gente fica bem. Quero mesmo é saber onde Ur irá estudar no ano que vem. E mais, vou poder ficar com a Bursüm por enquanto.
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Marcas do Passado [✓]
Teen Fiction[+16] SINOPSE Igith Kefrām, uma garota comum em seus plenos 16 anos, vivencia uma de suas piores fases após o acontecimento que mudou radicalmente sua vida anos atrás. Fazendo parte de um ambiente familiar conturbado, a garota ruiva se priva...