Catra POV
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Puta que pariu! Droga! Porra!
Enquanto atravessava a casa empurrando, e provavelmente derrubando, metade da festa, minha mente se dividia em repetir como um mantra todo o repertório de palavrões que aprendi nesses quase dezoito anos, e praguejar o destino, universo, as forças superiores, ou o que quer que fosse a merda que move o mundo.
Esbarrar com ela duas vezes na mesma semana, sério isso!?
Suspirei em alívio ao passar pela porta de vidro, identificando os cabelos brancos em meio à roda de pessoas no deque. Mais alguns minutos e eu estaria no carro fingindo que nada aconteceu.
— Scorpia, vam-
— Hey, gatinha, se perdeu lá dentro? — com a interrupção pude perceber Entrapta ao seu lado esquerdo, conversando animada com um garoto. — Perfuma me achou aqui. — deu um sorriso idiota para a menina, e finalmente me dei conta de que ela envolvia os ombros da floridinha com um dos braços. Argh, patético. — Vamos jogar verdade, consequência, ou bebida, senta aí! — puxei a gola de sua jaqueta com força o suficiente para fazê-la levantar, não me importando com os olhares curiosos em nossa direção, logo a arrastando para longe do grupo. — Ouch! O que deu em você?
— Chama a Entrapta e vamos embora. — ordenei e ela franziu a testa.
— Aconteceu alguma coi- Por que sua blusa tá molhada? — Scorpia encarava minha barriga com o dedo apontado, me fazendo descer o olhar na direção de seu indicador.
Ótimo, suja e fedendo a vodka com suco de uva! É a cara da Adora beber essa merda.
— Esbarrei num idiota bêbado. — não tenho certeza se ela estava bêbada, mas a parte do idiota não deixa de ser verdade. — Só me dá a chave do carro e chama a Entrapta, essa festa tá um saco e já deu. — mesmo pra Scorpia não admitiria estar fugindo, e pela segunda vez.
— Gatinha do meu coração, a Perfuma está aqui, hoje é minha chance de ir mais longe com ela... — fez aquela maldita cara de cachorro sem dono, virei o rosto. — Até a Entrapta tá se divertindo...
— Eu não acredito que tá me pedindo pra sacrificar meu sábado só por uns beijos na menina das plantas! — rosnei fechando as mãos em punho.
— Scorpia, vocês duas vêm?
— Podem começar, já vamos! — acenou para a rodinha, voltando a focar em mim com um olhar determinado. — Lembra do dia que te paguei mais de quinze tortinhas de limão e você prometeu assistir minha luta? — perguntou do nada, o quanto essa garota bebeu?
— Que? Por que isso agora? — enruguei o cenho.
— Você lembra? — insistiu com um sorriso de canto.
— Tá, lembro. E daí? — cruzei os braços rente ao corpo, sem querer encostando as mangas da blusa na mancha e me sujando ainda mais. O mundo só pode estar tirando uma com a minha cara hoje.
— Você não cumpriu a promessa, então ainda temos uma dívida. — o sorriso irritante agora rasgava seu rosto. — Chegou a hora de pagar, gatinha. — arregalei os olhos incrédula, abrindo a boca para retrucar inutilmente, já que Scorpia não perdeu tempo em me empurrar de volta ao amontoado de adolescentes.
Nota mental: nunca mais se deixar ser chantageada, tortinhas de limão não valem esse sofrimento.
Sequer as consequências vergonhosas e gritos histéricos ao redor atraiam minha atenção, não conseguia desviar nem por um segundo os olhos da porta de vidro que separava o deque do resto da casa. O órgão pulsante em meu peito dava um salto a cada pessoa que passava pela divisória, retomando seu ritmo normal apenas depois de perceber que não era a garota de olhos azuis.
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Seven Years
FanfictionQuantas coisas podem mudar em 7 anos? Catra agora veste uma armadura impenetrável, sua existência pode ser comparada a um labirinto cinza de ceticismo, o que transformou o lado esquerdo de seu peito em pedra; Adora é atormentada por memórias incomp...