Adora POV
Minha cama sempre foi dura assim, ou dormi num monte de pedras?
Sinto os músculos tensos e meu corpo inteiro dói, se dissessem que fui atropelada por uma manada de búfalos, eu acreditaria. Ainda de olhos fechados estranho a queimação na garganta, e o ar quase não chega em meus pulmões. Um arrependimento mortal toma conta de mim ao tentar abrir as pálpebras, fechando no segundo seguinte quando uma luz forte quase queima minhas córneas.
Fui torturada pela máfia italiana nas últimas horas, ou o que?
Talvez se eu mudar de posição...
— Ouch! — solto um grunhido ao dar de cara com o chão frio, embolada na montanha de cobertas que não faço ideia de onde vieram.
— A noite foi boa, bela adormecida? — ouço a voz de Mara em algum lugar atrás da minha cabeça. — Se bem que você está mais parecida com a fera.
Ignoro sua piadinha, me sentindo mole demais até para rebater provocações. Abro os olhos com uma dificuldade surreal, meu estado sonolento de inconsciência permitindo identificar o pequeno raque de madeira, e o vaso de tulipas roxas.
Agora faz sentido todos os meus ossos estarem pedindo socorro, dormir no sofá da sala não poderia dar em outra coisa.
— Hm, que horas são? — a pergunta sai mais como um gemido de dor, minha voz fanha e calafrios agoniantes pelo contato com o piso gelado de onde ainda não consegui ter forças para sair.
— Onze e meia de uma segunda-feira, estamos no planeta Terra também, a propósito. — ela solta um risadinha e- Espera!
— Merda, eu tenho aula! — quase grito, em seguida sentindo a ardência nas cordas vocais, tropeçando ao tentar levantar.
— Hey, hey, calma aí mulher-maravilha! — minha irmã segura meus ombros, impedindo a segunda queda do dia. — Já perdeu mais da metade das aulas, e está queimando em febre. — hã?
Confusa, nem tento resistir ser empurrada até o sofá por Mara, sentindo os calafrios diminuírem quando ela recolhe as cobertas do chão para refazer meu casulo quentinho.
— Fica quietinha aí, e bebe esse chá de gengibre. — pego a xícara verde, não demorando em fazer uma careta para o líquido alaranjado.
— Odeio chá, parece água suja! Não vou beber. — minha irmã me olha com uma cara feia, daquelas que faria até o maior dos criminosos tremer. E é assim que eu viro o primeiro gole.
— Rizzo disse que ajuda com gripe e resfriados, aproveita e pega o comprimido que deixei aí na mesinha. — franzo o cenho, eu não estou grip-
— Atchim! — é, talvez eu esteja gripada.
Me encolho nos cobertores, deixando a cabeça, que parece pesar uma tonelada, pender no encosto do sofá, vez ou outra levando o líquido estranho aos lábios. Agradeço mentalmente por esse ser um dos raros dias sem treino, já consigo ouvir a voz robótica da treinadora Hope ordenando que fizesse o dobro de flexões caso faltasse.
"Vamos Grayskull! Não estou nem vendo você suar, garota!"
Quase rio com o pensamento, digo quase porque acabo tossindo em meio à risada, o que faz meu esqueleto balançar e tudo tornar doer. Parece que voltar para casa debaixo de chuva usando só uma camiseta fina não foi boa ideia. Mas não tive muitas opções, preferi deixar meu moletom com a Catra, assim ela ficava quentinha e- Oh, céus!
A Catra! Eu e ela... o beijo!
Sinto minhas bochechas esquentarem e um sorriso me escapa, afundo mais ainda em meio aos edredons. Eu não sei exatamente como aconteceu, ou porque, mas o jeito que meu coração se descontrolou e todo o meu corpo ficou em alerta foi algo que nunca experimentei na vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Seven Years
Fiksi PenggemarQuantas coisas podem mudar em 7 anos? Catra agora veste uma armadura impenetrável, sua existência pode ser comparada a um labirinto cinza de ceticismo, o que transformou o lado esquerdo de seu peito em pedra; Adora é atormentada por memórias incomp...