A Cabana de Seres Míticos (Reino Mítico Vol. 1)

Capítulo 4 - Caixa de Donuts

"O MAL É UM PONTO DE VISTA"
— Entrevista com Vampiro

"Nessa manhã o jovem Lucas Campberth foi encontrado morto próximo à uma escola na Califórnia..."

   Ainda era cedo e eu já estava no local do crime onde um garoto da minha cidade tinha morrido.
Havia várias pessoas curiosas para ver o que tinha acontecido e uma faixa amarela separando elas do corpo e dos policiais e detetives.

Sem que ninguém perceba, ultrapasso a faixa amarela para ver de perto o corpo.
Meu corpo paralisou quando percebi que era o mesmo garoto que Aidan distribuirá vários socos no dia anterior.
Estava coberto de uma tinta preta, gosmenta, eu realmente não sabia distinguir o que era aquilo.

— Ei! Você não pode ficar aqui! — Um policial disse vindo rapidamente em minha direção.

Peguei o meu celular do bolso e tirei uma foto do corpo. Torci para que não tenha saído toda borrada por conta da minha pressa.

Minha respiração estava descompassada enquanto eu saia depressa para fora da faixa amarela. Eu não parava de pensar que aquele garoto era o mesmo garoto de ontem, que Aidan olhara com tanto desprezo que eu poderia jurar que ia matá-lo se eu não tivesse chegado a tempo.

Minha mente sussurrava para o meu corpo "fuja, não fique parada aí, não é seguro, não seja idiota" enquanto eu me afastava mais e mais da faixa amarela.
Parei em um beco quase na frente da cena do crime, aproveitando para analisar cada detalhe da foto que tirei.

— Hayley!

Congelei ao ouvir aquela palavra ser proferida daquela voz, dele, bem atrás de mim. Me virei devagar em sua direção.

— Oi, Aidan!

— O que está fazendo aqui? É perigoso!

— Meu... Gato! Meu gato fugiu e eu vim procurar.

— E o gato por acaso está dentro do seu celular?

Aidan se aproximou de mim me direcionando para dentro do beco. Tremi internamente quando minha costas se chocaram com a parede fria no final dele.

— O que você está fazendo? — Perguntei hesitante.

Olhei em direção ao seu braço, ele fez o mesmo. Sua pele estava manchada com a mesma gosma preta que estava no corpo de Lucas.

— Merda! — Praguejou.

Ele apertou meu braço me deixando mais assustada do que eu já estava.

— O que você quer, Aidan?

— Você precisa vir comigo, Hayley.

— Não vai ser tão fácil assim! — Dou um forte chute em suas partes íntimas fazendo o garoto soltar meu braço em um ato falho. Aproveito para fugir dali mas acabo me esbarrando em alguém.

— O que está acontecendo aqui?

A voz autoritária de um policial fez meu corpo tremer. Olhei para trás e Aidan já não estava mais ali. Aproveitei o breve segundo de distração para fugir e quando garanti que estava bem longe, parei me apoiando em uma parede para recuperar o fôlego.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

— Klaus — Digo entrando em uma loja de donuts.

— Oi, Hay! Do que precisa, pequena? — Um homem barbudo, magro, um pouco mais velho que eu apareceu no balcão para me atender.

— Eu preciso de uma faca.

Klaus olhou para toda a loja, conferindo se ninguém teria escutado o que eu disse.

— Espero que seja para cortar pão, Hay — Ele diz entrando em uma sala e voltando em seguida com um pacote de donuts na mão.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o som de um sino é ecoado dando espaço a uma senhora que acabara de entrar na loja.

— São cinco dólares, mocinha.

— Aqui está, Klaus — Entreguei o dinheiro para ele, que me entregou o pacote — Muito obrigada.

— Espero que da próxima vez, você venha para comer donuts — Sussurrou.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

— O que houve? Parece preocupada — Minha mãe me recebe com várias perguntas.

— Eu estou bem. Apenas um pouco cansada. Vou para o meu quarto — Dou um beijo em sua testa e subo as escadas.

Retiro a faca de dentro do pacote e a coloco sob a escrivaninha. Apoio minhas mãos na mesa, encarando o objeto ali.

— Sim. Ela está no segundo andar. A porta prateada.

Ouvi vozes do andar abaixo e alguns passos na escada. Minha maçaneta se mexeu e só tive tempo de me virar e esconder a faca atrás de mim antes de ele entrar.