Kill a demon today, face the devil tomorrow

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Acordei me sentindo bem. Era raro. Minha mãe dizia que era um evento anual, que normalmente durava poucas horas, isso quando chegava tão longe. Começando com o pé direito não tinha motivos para não gostar daquele dia, chuva fazia um barulho extremamente alto, eu dormi com minha fake namorada, provavelmente não faria nada o dia todo.  

— Pensei que não acordaria hoje. — Penélope virando para mim, e largando seu livro. 

— Eu sou uma loba, preciso descansar. 

— Dormiu por quatro horas, mais do que o suficiente. — Penélope colocou a mão no meu rosto. — Seus olhos ficam tão pequenos quando você acaba de acordar. E você fica vermelhinha. 

— Isso me lembra ontem. — Soltei sem querer. 

Automaticamente eu tentei virar para o outro lado. Penélope me segurou. Eu escondi meu rosto no pescoço dela. E assim ficamos, eu estava com vergonha. Eu não era de ficar assim, normalmente eu que não tinha um pingo de vergonha na cara.

— Eu te faço sentir viva? 

— Caminho perigoso, Mikaelson. — Penelope dá um sorriso debochado.

Estava tudo bem, até a porta ser quase arrancada de seu lugar de origem. Ethan invade o quarto de Penélope numa euforia que podia jurar que um vampiro não seria capaz de ter.

Um tamanho desespero só poderia indicar que algo como uma mansão de cartas havia desmoronado. Sua corrida havia batido recordes, pois uma vampira tão velha quanto Penélope não o ouviu.

— A merge caiu. — Ethan vomita as palavras tão rápido quanto chegou ali. — Jade. Biblioteca.

O rosto de Penélope ficou transtornado como nunca antes, suas veias logo saltaram junto das presas. Eu teria voado da cama se não tivesse ficado fora do seu caminho.

A vampira já não estava mais no meu campo de visão, o que me desesperou.

— O que caralhos isso quer dizer? — Perguntei irritada. Colocando uma jaqueta para disfarçar meu pijama, pronta para ajudar a resolver o problema.

— Significa que a Lizzie foi transformada. — Ethan some no milésimo segundo, possivelmente seguindo sua abelha rainha.

A culpa parecia uma dose de tequila quente descendo e rasgando minha garganta, a confusão era mais como se minha cabeça fosse jogada contra a parede várias vezes seguidas.

Filha da puta.

Corri para a biblioteca, empurrando direto ao chão alunos que estavam empilhados pelo corredores como se fosse um show de horrores. Ninguém conseguia passar. Ninguém passava pelos vampiros da Penélope. Ninguém se arriscava tanto.

Tudo escalou numa velocidade absurda. Eu não conseguia racionar a cena que estava em minha frente.

Penélope estava dando uma surra em Jade, uma das coisas mais brutais que já presenciei.

— Ela vai matar a Jade, não é? — Perguntei a MG, que barrava minha passagem.

— Sangue se paga com o sangue, não é? — MG foi seco.

Para sorte de alguém, e azar de alguém, ou só por ser diretor e pai da aluna morta, Alaric chegou até a situação com uma besta. Seria sangrento, como nunca. Eu só não sabia quem ele queria parar.

É claro que a barreira de operários impediram que qualquer coisa fosse acontecer.

Jade sentiu sua vida correr em uma fina linha, e eu vi uma tragédia prestes a acontecer, seu coração estava nas mãos de Penélope, que claramente insistia em ser cruel não a matando de primeira.

Em uma fração de segundo, ou até menos, tive que fazer uma escolha da qual não queria. Usei o chão de impulso, e saltei, virando uma loba no ar.

(...)

Maya foi a única que sabia um lugar calmo o suficiente para que eu pudesse me transmutar para humana novamente.

Uma coberta esquentou meu corpo nu e gelado. As lembranças demoram um pouco para voltar ao corpo.

— Você fez certo. — Maya me confortou. — Agiu como um lobo.

— Comece a me explicar que honra existe em acabar com uma briga que não era minha? — Quase gritei com a loba. — Essa merda toda é uma hipocrisia do caralho.

Me virei para andar em direção a escola, era idiota, mas eu precisava de roupas. Queria dar o fora dali ainda hoje.

— Sabe que vão te matar se tentar entrar aí de novo. — Maya mostra preocupação.

— Quero ver tentarem, não conseguiram dessa vez. — Dei as costas, ainda chateada.

Em todo o caminho de humilhação até a escola novamente, havia uma angústia estranha no meu peito, como se eu soubesse que algo ainda pior pudesse vir.

A porta do dormitório foi fechada com a mesma violência que quase me fez quebrar a chave enquanto a trancada. Deixei a coberta cair no chão.

Comecei a me vestir de novo, até meu telefone tocar.

Foram como horas se passaram, eu sentei no chão, abraçando meu joelhos, juntando coragem para fazer o que haviam me pedido por telefone.

— Hope? — Três batidas na porta depois. — Hope?

— VAI EMBORA. — Gritei de volta.

— Eu preciso da sua ajuda. — Landon pede. — Por favor. Eu sei que está chateada, e deseja que eu não esteja usando verde. Por quê?

— Sai da minha cabeça, Landon.

Abri a porta, limpando meus olhos.

— Nova Orleans, agora. — Landon me deu a mão, e começou a andar. Eu parei e puxei meu braço de volta.

— Calma aí, eu ainda sou mais forte que você. — Falei grossa. 

— Me desculpa, não temos muito tempo. — Landon fugiu o olhar. — Precisamos ir para Nova Orleans buscar o sangue do seu pai.

— Meu pai está vindo até aqui, já deve estar chegando. — Respirei fundo.

— Então por que estava chorando?

— Como... Sai da minha cabeça, Landon. — Briguei com o menino dos cachinhos.

— Eu não entrei na sua cabeça, eu escutei você. A escola inteira deve ter escutado. — Landon começou a mexer nas mãos. — Por que estava chorando se vocês nem se gostam?

— Ela é minha namora... Ah, você sabe. — Apertei meus olhos. — Desde quando sabe?

— Hoje. Você estava gritando isso na sua cabeça. — Landon explica. — Não foi proposital, eu não cheguei lá e...

— Eu entendi. Ham... E você está tipo, com raiva? — Engoli em seco.

— Eu estou confuso. Se você gostava de mim... Por quê não disse?

— E você corresponde? — Havia um fio de esperança que se quebrou com sua expressão. — Eu estava com medo, eu não sou exatamente uma pessoa sincera.

— Você está aterrorizada. — Landon leu minha mente novamente. Mas eu não li a dele. — Não precisa.

Landon foi tudo aquilo que eu esperei, foi calmo, pacífico. Sua mão no meu rosto foi a combinação perfeita. Foi um beijo que eu estava esperando. Ele só não beija tão bem quanto ela. Droga. Não acredito que eu pensei nisso.

— Acho que você se perdeu no personagem.



esse cap foi o mais difícil de escrever da minha vida, mas eu voltei galera.

Heda Xxx.

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