|| Capítulo 4

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O silêncio se instalou assim que ele começou a dirigir pelas ruas de Londres. Josh estava dirigindo muito rápido, imerso em seus pensamentos. Lá dentro, o calor estava concentrado graças ao aquecimento, mas Noah não havia tirado o casaco que o alfa havia lhe dado, ao invés disso, ele estava o segurando mais e menos no assento de couro. Ele mal virou o rosto, para encontrar uma expressão tensa no homem mais velho. Um par de olhos azuis, fortes como próprio oceano, que rugia ferozmente. Ele se sentiu um pouco intimidado, e inconsciente um gemido lamentável escapou dele graças ao forte aroma que o alfa exalava. Seu ômega interior gritou para acalmá-lo, para fazer algo, mas o medo o estava paralisando.

Josh franziu a testa, percebendo a mudança no ar e o cheiro que ele mesmo exalava. Ele olhou para o ômega, a expressão de medo o paralisando um pouco. Odiou a si mesmo. Ele mordeu o interior de suas bochechas com força, até que sentiu o gosto metálico invadir sua cavidade oral. Inspirou e sentiu o cheiro que ômega exalava. Tinha medo. Doeu gerar isso no menino, doeu e ele não sabia o que era. Diminuiu a velocidade. Procurou um lugar para estacionar e localizou. Ele tentou reassegurar seu alfa interior de que queria acalmar o ômega, ele ouviu o som lamentoso que fez e tudo se desencadeou dentro dele. Queria tranquilizar o menino, queria marcá-lo com seu cheiro para que se sentisse melhor, mas não se atreveu a isso. Queria tanto lamber o pescoço dele. Estava tão ansioso para fazê-lo se sentir bem.

Os alfas faziam isso com seus ômegas. Os aromatizavam para tranquilizá-los, beijavam o pescoço bem onde se localizava a glândula que produzia os feromônios e onde sua essência se intensificava, ou beijam apenas a base onde ficavam as marcas de ligação. Mas Josh não era seu alfa. E Noah não era seu ômega, e ele não poderia ter desejos desesperados de fazer isso, porque ele não deveria. Porque deixar sair seu lado mais animal significaria assustar o garoto mais do que ele já estava e isso não poderia ser permitido. O carro estava em movimento e eles ficaram em silêncio. Um silêncio que durou até Josh se virar, lentamente e com cuidado para não alarmar Noah. O couro sob sua roupa rangeu com o movimento. Ele se deparou com um belo jovem, com um verde profundo nos olhos e lábios não tão roxos como ele tinha visto apenas alguns minutos atrás.

Josh: Não tenha medo, ômega - Falo com sua voz suave e parcimoniosa. Ele procurou o olhar do menino intensamente e o encontrou, sorrindo calorosamente. Noah relaxou os ombros.

Noah: Seu cheiro. Você está com raiva - Sussurrou o menino, constrangido, torcendo as próprias mãos, procurando algo para fazer com elas.

Josh: Desculpe por isso - Pediu - Não é com você eu te garanto - Ele prometeu e Noah sorriu levemente, e uma pequena covinha foi desenhada ao lado de seu rosto, tornando-o mais angelical e mais infantil do que já era.

Noah: Eu não queria incomodá-lo - Sussurrou - Se quiser, pode me deixar aqui e... - Foi interrompido pelo o alfa.

Josh: Não, não! - Apressou-se a dizer, pegando inconscientemente as pequenas mãos do ômega - Não estou assim por causa de você, é que... É que eu estava com raiva que alguém possa negligenciar um ômega tão doce como você - Foi sincero acariciando a pele lisa do menino.

Noah: Estou bem, está tudo bem - Tentou fazer sua voz sair o mais clara possível, evitando que o nó na garganta aparecesse.

Josh: Ok, ok - Aceitou. Olhando em seus olhos, tentando ler as centenas de segredos que estavam escondidos atrás daqueles lindos verdes - Mas você vai me deixar ajudá-lo?

Noah: Porque você quer me ajudar, Josh? - perguntou cautelosamente.

O alfa ainda estava surpreso por ele se lembrar de seu nome.

Josh: Tem que haver um porque? - Interrogou levantando uma sobrancelha - Quer dizer, eu só quero fazer isso Noah, não vou machucar você. Só... Deixa eu te ajudar, hum? - Sentiu aquela vontade irremediável de ajudá-lo, de ver por ele.

𝐁𝐮𝐫𝐝𝐞𝐥 ° 𝐍𝐨𝐬𝐡 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora