Uma forma de agradecer

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Ele dirige por um tempo e para novamente por conta de outro farol vermelho. Fico olhando pela janela e pouco à frente reconheço um parquinho que eu frequentava na infância, junto dos meus pais.

_Pare ali na frente daquele parque _Falo e percebo que meu tom foi um tanto arrogante.

_Logo abre o farol _ sem paciência, destravo a porta _Calma, espera _ Tiro os saltos e deixo no carro, abro a porta e saio.

Atravesso a rua despreocupada, ando pela calçada sem pressa alguma, como se a cada passo que dava eu regressava para aqueles anos que eu era tão feliz com meus pais.

Flashback on
_Julia querida, você deixou um sapato para trás _ Falava minha mãe correndo atrás de mim.

_Vamos! Corre Julia ! Temos que chegar antes da sua mãe _ Dizia meu pai segurando minha mão, correndo ao meu lado pela calçada, ambos riamos da mamãe querendo no alcançar.

Chegamos no parquinho, eu descalço o outro sapato e soltando na mão do papai, corro pela grama até o balanço, sento e tento me balançar.

Papai já não corre, caminha em minha direção com seu sorriso mais radiante e terno. Ao contrário dele, mamãe corre até mim com um semblante irritado.

_ Julia, o que eu te disse sobre andar descalça na rua, imagina se tem algum caco de vidro no chão e você se corta ou.._ Mamãe para de falar quando papai escapa uma risada _ E você Mike? Aja como pai, já basta uma criança para cuidar. _ Ele caminha, fica atrás dela e massageia seus ombros enquanto fala.

_Querida, o trabalho de enfermeira ta te estressando muito _ Ele olha para mim e pisca um olho, ele sempre faz isso quando vai surpreender a mamãe. _ Você precisa relaxar e... brincaar com a gente _ Diz a pegando no coloco e girando

_Me coloca no chão Mike... Me colo_ Tenta manter a pose de irritada mas não consegue e começa a rir e assim todos rimos juntos, eles girando e eu balançando e os observando.

Flashback off

Tem dois balanços , um vermelho e o outro azul. Sento no azul mas não me balanço, apenas fico ali perdida nas lembranças. Em pensar que faz treze anos que não vejo aquele sorriso tão sincero e feliz de meu pai... queria minha mãe aqui comigo para me dar um de seus conselhos.

_Não sabia que gostava de parquinhos.._ Sou tirada de meus devaneios por ele, percebo que estou prestes a chorar, então levanto a cabeça para o céu e começo a me balançar.

_Nada melhor do que reviver a infância _ Digo e ele apenas senta no outro balanço. _ A vida é tão boa né, pega a gente de surpresa com várias coisas _ Tento falar coisas de forma positiva para ver se evitada o surgimento das lágrimas mas só me angustiou.

Levanto do balanço e acabo pisando na borda do meu vestido e caindo de joelhos no chão, aquele ocorrido meio que destrava minhas lágrimas que tanto segurava, não levanto, fico ali de cabeça baixa chorando em silêncio. Quando sinto uma mão no meu ombro.

_Julia.._ Ouço seu tom de voz baixo e parece cauteloso no que pretende dizer, mas apenas me levanto no mesmo instante, sem encará-lo

_Vou ir na delegacia fazer uma denúncia...._Meio receosa pela minha voz chorosa peço_ Você pode me acompanhar?

_Claro, claro, vamos _Diz e caminha mais rápido a minha frente, ele deve ter percebido pela minha voz que chorei e entendido que eu não queria ser vista assim, pois logo após entrarmos no carro ele me entrega um óculos escuros, mesmo já sendo noite.

Os policiais que me atenderam não pareciam acreditar no que eu dizia, só quando Pedro começou a falar como testemunha, eles de fato deram atenção aquela situação.

O Cravo e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora