A festa (parte final)

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Pov'Pedro
20 minutos atrás
Estou encostado no balcão onde tem um barman que serve as bebidas, peço um martini e observo as pessoas que estão divididas, diria entre grupos: Tem um grupo de cinco homens sérios, falando de negócios provavelmente, aqueles que nunca deixam o trabalho como segundo plano. Além deles também há o grupo de senhoras rindo e falando talvez sobre estética . Já do outro lado do salão pessoas na faixa dos vinte, vinte cinco, diria eu, conversamos e fazendo provocações entre si, como sei mesmo eles estando longe de mim? Tem coisa que é tão nítido que a gente nem precisa ouvir para entender o que esta acontecendo.

_Seu martini senhor _Diz o barman, chamando minha atenção, pego meu martini e vou em direção a uma das varandas, desde que cheguei não vi mais Iasmin, bom acho melhor assim, de alguma maneira eu tenho que me livrar do que sinto e ficar na casualidade como ela diz.

A varanda não esta vazia, tem um homem alto, vestido todo de preto, ele esta de frente para a vista da rua, me apoio no murinho da varanda, ele não percebe minha presença, parece estar focado em sua ligação. Sem muito interesse acabo ouvindo um pouco do que ele diz

_Não precisa se preocupar, logo levarei ela de volta para o senhor como do nosso trato...bom poder confiar em você _ Vejo ele tirar um pequeno frasco de dentro do seu terno e sorri de maneira sinistra, bebo um gole do meu martini e decido sair dali antes que ele termine a ligação. _ A Julia esta linda como sempre meu caro.

Saio dali, me misturando com as pessoas.

Esse homem é tão estranho, sua conversa também, ainda mais se juntar com o tal frasco com conteúdo suspeito...E o nome da mulher não me é estranho, Julia...Não pode ser o que estou pensando, deve ser o álcool que esta me fazendo ver coisas onde não tem.

Um tempo depois

Uma música começa a tocar, é All of me de John Legend, alguns casais se formam para o centro do salão e começam a dançar, no meio dessas pessoas vejo finalmente Iasmin que dança com um cara qualquer, desvio o olhar procurando algo que atraia minha atenção, ate que vejo o tal homem de preto conversar com uma mulher, mesmo ela estando longe de mim consigo reconhecê-la, Julia...Não é possível que a mulher a qual ele referia é mesmo a Julia que conheço.. E se for como ouvi e vi, ele pensa em dopar ela... Como é possível que até em uma festa privada com pessoas “confiáveis”. Isso possa acontecer. Vejo ele se afastar dela acompanhado de outra mulher, logo começam a dançar como os outros.

_...Meu convite _Sou tirado de meus devaneios por ela, Julia em seu lindo vestido verde escuro com um sorriso debochado no rosto.

_Como?_ Digo sem ter entendido o que ela disse

_Perguntei se quer dançar? Claro se não souber esquece o que eu disse_ Fala num tom provocativo. Não saber dançar seria estranho, depois de ser “forçado” a ter aulas de valsa, tango e dança de salão, incentivo de Beatrice que sempre quis que eu fosse como um príncipe em suas festas. _Não suporto que pisem no meu pé durante.._ Deixo minha taça já vazia no balcão e por puro instinto e impulsividade gerada após seu tom de provocação, pego sua mão e a levo para o centro do salão _ ..uma dança _ A rodopio uma vez e a puxo para perto de mim pela cintura, com firmeza mas sem ser bruto.

_Não precisa se preocupar com isso, como dizem _ Me aproximo de seu ouvido e falo com o mesmo tom provocativo que ele usou_ Sou um pé de valsa _ Logo olho para ela de maneira divertida, ela parece em transe por alguns segundos mas logo se recompõe e começa focar mais na dança sem dizer nada.

Enquanto dançamos, percebo o mesmo homem mal encarado nos observando de longe e de forma bem calculista. Com a música prestes a terminar, vejo ele que agora ele segura duas taças , uma em cada mão.
Mesmo ela podendo não acreditar em mim, me aproximo dela de novo, como antes e a advirto

_Cuidado com o que te oferecem para beber _Me afasto e percebo seu olhar confuso, logo as amigas dela se aproximam de nós, inclusive Iasmin. Um garçom aparece segurando uma bandeja com duas taças de champanhe  e dois copos com drinks. Pego uma taça de champanhe na pressa e só percebo quando bebo um gole.

_Trouxe para ti _ Diz aquele homem para Julia que sorri um sorriso amarelo e pega uma das taças.

Ela olha para mim, talvez pensando se confia em mim ou não. Bebo um outro gole da minha bebida e ela sorri se aproximando.

_Pedro querido, por que não dançamos de novo _Diz bem próxima de mim, até que percebo suas mãos ágeis trocando as taças.

_Talvez outra hora Julia _ Ela me surpreende com um abraço e sussurra no meu ouvido

_Se ele me segurar obrigada _ Diz e fico sem entender, ela se afasta e bebi num gole todo o conteúdo da taça. Percebo o homem atento a tudo o que ela faz.

Poucos minutos se passam e ela começa a passar mal, parece estar tonta, o homem age rapidamente e a serve de apoio.

_ Vou levá-la para tomar um ar _ Diz e antes que a leve dali ela da uma piscadela para mim.

_Estranho, Julia tem alta tolerância para o álcool. _Fala a namorada de Geiza para a mesma, mas consigo ouvir pois estou ao seu lado.

Outra música começa a tocar, percebo Iasmin se aproximar mas ao invés de dar atenção a ela, vou atrás deles. Não sei o que aquela louca pensa em fazer e muito menos aquele homem, ao invés de não beber, ela encena que passou mal, com que propósito? Aquele homem foi capaz de tentar dopa-la, provável que queira abusar dela e aquele homem com quem ele falava ao telefone... Muitas perguntas, mas eu não posso deixar algo de ruim assim acontecer de frente dos meus olhos.

Saio do restaurante e vejo um carro preto sair de umas das vagas. Sem pensar muito destravo meu carro e entro, coloco o cinto e acelero seguindo o carro.

Pov'Julia

Já dentro do carro, fingindo estar desacordada e ouço ele falar com o que pensa ser, uma Julia dopada.

_Logo você verá seu avô de novo Julinha e o contrato que perdi depois que você fugiu... será assinado por ele. _Estou no banco atrás dele, , com uma raiva que sobe a cabeça  e sem pensar duas vezes dou uma chave de braço nele que se surpreende e perde o controle do carro

 _PARA AGORA! _Ele vira o carro para que evite bater no poste e pela sorte da rua estar vazia, não houve acidente.

_VOCÊ É LOUCA? A GENTE PODIA TER MORRIDO VADIA!

_ABRE A PORRA DA PORTA RICARDO!_ grito irritada, ele sai do carro, abre a porta de trás e me puxa pelo cabelo

_VOCÊ NÃO VAI ESTRAGAR MEU NEGÓCIO DE NOVO, ENTENDEU?!_ Chuto com força suas partes baixas e saio dali quase que desesperada, O sol já se pôs e a noite toma conta. Logo dois faróis de um carro me cegam num susto e eu caio no chão.

O carro para e alguém sai mas não sei quem.

_SE É DOPADA OU NÃO VOCÊ VAI VIR COMIGO _Me puxa pelo braço com força mas logo me solta, quando percebo o que aconteceu, ele tinha acabado de levar um soco do tal homem que saiu do carro, já menos atordoada depois de saber que eram ordens do Agenor, reconheço o tal homem, é Pedro.

A raiva me toma de novo, eles lutam entre si, olho para o chão e na calçada vejo uma garrafa de vidro, quebro e me aproximo deles

_SAI PEDRO _Ele se assusta com meu grito mas quando me olha, Ricardo aproveita a chance e da um soco nele o afastando o suficiente para eu avançar no Ricardo e feri-lo  com a garrafa quebrada.

_VADIIIA!_ Diz segurando com as mãos sua cintura tentando parar o sangramento

_Vamos sair daqui _Digo para Pedro que apenas me ouve e entra no carro seguido de mim, colocamos o cinto e ele da a partida. _Me leva para longe daqui, por favor _ Falo levada pela adrenalina sem pensar no que aquilo me levaria.

O Cravo e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora