Ariadna Vieira
Enquanto a música toca, olho pela pequena janelinha, o avião subindo, entrando nas nuvens, não dando mais para enxerga a cidade.
Começo a pensar em tudo que vivi até aqui, desde de toda a minha infância, até agora na vida adulta.
Antes de eu vim ao mundo, na verdade eu não viria, mas Deus quis muito e eu estou aqui, minha avó me contou que minha mãe tentou me abortar 3 vezes, mas não conseguiu, pois eu não era um menino, e ela também não queria engravidar novamente, minha irmã ela também tentou abortar, só que só tentou uma vez, minha vó logo soube, e ficou na vigia dela, meu pai super concordou com o aborto, eles não queriam ser pais. Quando eu nasci, eles estavam tramando em me jogar no rio, me matar afogada de alguma maneira, mas como eles tentaram fazer isso com a minha irmã, minha avó ficou o tempo todo na cola deles, para que isso não acontecesse, minha vó contou tudo para nós duas. Os dois que são meus pais, infelizmente, vivia na aba dos meus avós, ficava na casa deles, dormindo, comendo tudo de graça, sem fazer um nada. Meus avós construíram um império juntos, vamos dizer assim, tiveram muito dinheiro, condições financeiras boas. Agora meus pais conseguiram roubar tudo deles, depois de tudo que meus avós fizeram, como tiveram coragem de fazer isso.
Eu e minha irmã sempre fomos muito unidas, sempre tentando uma defender a outra. Não tivemos uma infância que nossos pais de sangue participasse da nossa vida, mais tínhamos muito amor e carinho dos nossos avós maternos, pois os paternos na verdade nunca os conheci, morreram antes de nascermos. Não sei nada de nenhum parente da família do meu pai, além da minha tia, talvez não saibam nem da nossa existência. Agora a família da minha avó e do meu avô, não são daqui, são tudo do nordeste, o único que conheço que faz parte, é o meu tio-avô, João, irmão da minha avó Jussara, aquele que mora no morro da Rocinha, ele é o único irmão dela aqui do Rio, pois ela tem uns outros três, que nem ligam para eles dois.
Pensando eu tudo que já fiz para conquistar o amor dos meus pais, que nunca mereceram nem a minha importância.
Quando eu era pequena, eu fazia de tudo para chamar atenção deles, pois eu achava que se eu fizesse isso, eles iriam ligar para mim, e me dar carinho e amor. Sempre tirava nota boa, nunca tirei um 8,5 sequer, para que eles me elogiasse, sentisse orgulho de mim, mas isso nunca aconteceu.
Me esforçava em tudo que fazia, desde da aula de desenho, há natação, aulas de balé, até nas lutas que depois quando eu cresci mais um pouquinho comecei a fazer.
Mais nada disso fazia eles mudar o que era comigo, nem com a minha irmã.
Eu e minha irmã sempre fomos boas nas coisas que fazíamos, tentávamos de tudo para chamar atenção deles até fazíamos juramentos juntas, para que fôssemos boas em tudo, e conquistasse nossos país.
Nunca deram uma importância para nós duas, nos desprezavam, em todos os momentos, mostravam que nos odiava, falava que se fosse pelos nossos avós, nós duas nem existiríamos.
Lembro perfeitamente quando eu tinha apenas 5 aninhos de idade, quando minha avó eu meu avô, saíam a trabalho, e eu e minha irmã ficava com eles, eles nos batiam, e deixava nós duas presa no quarto por um tempão, ameaçava a gente, falando se falássemos algo, nunca mais veríamos nossos avós, éramos muito inocentes, sentíamos medo que isso ocorresse realmente. Era tudo planejado, eles deixavam os empregados fora por um tempo, e fazia isso com nós duas, quando tudo voltava ao normal, e meus avós voltavam de viagem, eles falavam que a gente tinha se machucado brincando, porém era tudo mentira.
Depois de um tempo, meus avós começaram a estranhar esses machucados, e tão colocaram seguranças para nos vigiar a todo momento, então até que isso parou.
Esperamos um tempo, e decidimos contar tudo, meus avós ficaram sabendo, eles não colocaram os dois na prisão, mas também eles não encostavam mais em nós duas. Esse inferno então chegou a fim.
Meus avós sempre deram tudo de melhor para nós duas, além de muito amor, carinho e ser presente em tudo que fazíamos, tínhamos tudo o que desejávamos, fazíamos todas aulas possíveis que existiam, de dança, natação, luta, desenho, de tiro também, minha vó pagou para mim fazer quando eu tava no Estados Unidos, tanto que hoje eu tenho a licença de porte de arma, todas essas aulas, ainda tem etiqueta, essa eu fiz só aqui no Brasil, mas as outras, mesmo quando fui para os Estados Unidos, só parei de fazer as aulas de desenho, porém o resto, minha vó continuo pagando para fazer lá, continuando, minha irmã não gostavam nadinha dessas aulas, diferente de mim, que amava, ela só ia, sentava e ficava me olhando esperando passar o tempo, e ir para casa, riu lembrando desses acontecimentos, a única coisa que ela gostava e fazia, era as aulas de idiomas, não é atoa que hoje em dia falamos, francês, espanhol, inglês, mandarim, e árabe, fluentemente, agradeço por tudo o que eles fizeram por nós duas, e nos proporcionaram a fazer. Sou muito grata pelos ensinamentos, que hoje transformou a mulher forte e determinada que sou. Espero nunca decepciona-los.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No meu bailado
RomantizmSinopse: Ariadna Vieira, uma mulher de 22 anos, brasileira, porém mora nos Estados Unidos em Nova York à 10 anos com sua tia, foi para lá com seus 12 anos em busca de conquistar os seus sonhos, tem seus pais, sua irmã e sua a avó no Rio de Janeiro...