Amor à primeira vista - CONCLUÍDO

Parte 47

Parte 47

Lívia Ferreira

Quando cheguei à clínica com Helen, nos deparamos com Fabíola e os novos dentistas. Confesso que fiquei muito insegura, pois a mulher era ainda mais linda de perto. Parecia aquelas modelos de capa de revista. Tentei não pensar nisto, mas cheguei a me questionar se Helen realmente não sentia nada por sua ex. Eu sei, estava sendo boba por ter pensado dessa forma após ter passado momentos maravilhosos com minha namorada. Não sei se vocês me entendem, mas quando você tem péssimas experiências com relacionamentos, parece que você vive em alerta como se a outra pessoa fosse te trocar por alguém "melhor".

Conheci os novos colegas de trabalho. Daniele e Alan eram pessoas maravilhosas, mesmo sendo tímidos. Talvez isso fosse por conta daquele ser o primeiro dia deles e ainda não estava certo que seriam contratados.

Como já estava no meu horário, fui para meu posto me sentindo muito insegura, porém como Helen parecia querer demonstrar que estava comigo, percebi que eu precisava confiar mais em minha namorada.

— Lívia, você sabe me dizer se os novos dentistas já chegaram? — Doutor Álvares perguntou após me cumprimentar. Ele havia acabado de chegar.

— Já sim, doutor. Estão no refeitório aguardando a sua chegada — disse e senti uma pontada atingindo o meu coração quando Helen surgiu com aquela mulher na sua cola. Os novos dentistas estavam as acompanhando, pareciam bem animados.

Parecendo notar a minha insegurança, Helen olhou para mim. O seu sorriso ficou ainda mais largo. Ela realmente se importava muito comigo e queria transparecer isso. Sim, que boba eu estava sendo por alimentar inseguranças.

— Helen, que bom que chegaram! Já estava perguntando a Lívia por vocês. — Doutor Álvares ficou bem animado com a presença de todos. — Estes são os novos dentistas? — Olhou para Daniele e Alan. — Prazer conhecer vocês!

Logo todos se cumprimentaram. Doutor Álvares para a surpresa de Helen e minha já conhecia Fabíola. Disseram que já haviam sido colegas em alguns cursos.

— Vamos todos para minha sala. Precisamos conversar — ele disse olhando para os novos dentistas que pareciam nervosos.

Quando caminhavam para a sala, Helen olhou novamente para mim e trocamos sorrisos discretos, porém foram notados por Fabíola.

Queria entender o que se passava na cabeça daquela mulher, contudo eu não fazia ideia. Às vezes, Fabíola parecia me analisar. Sempre que passava pela recepção, ela me olhava. Será que ela chegava a achar que eu era pouco para Helen? Tentei não pensar nisso, pois o que Fabíola pensava ou não, não poderia interferir em minha relação com minha namorada.

A manhã foi um pouco agitada para mim, pois tive que ajudar Alan e Daniele com toda a documentação para a contratação deles.

Na hora do almoço, eu estava exausta, porém isso não me impedia de pensar em Helen. Era complicado isso de não termos os mesmos horários.

Sentei-me no refeitório e fiquei surpresa com quem se sentou na mesma mesa que eu, Fabíola. Achava que ela já havia ido embora, mas estava enganada.

— Então você é a namorada de Helen? — ela me perguntou parecendo me analisar.

Fiquei incomoda com o jeito dela. Será que ela seria aquela ex que te faz ameaças?

— Sim, eu sou, porém acho que você não tem nada a ver com isso — disse um pouco firme, todavia meu coração já estava batendo acelerado por conta do nervosismo que tomava conta de meu corpo.

— Hum... — Fabíola sorriu um pouco de lado e eu achei que isso era algum tipo de provocação. — Não pretendo te incomodar, fique tranquila. — Respirei mais aliviada. — Parabéns por ter conseguido isso — ela disse e fiquei um pouco confusa. — Não sei se ela comentou sobre mim, mas acho que fui uma das pessoas que já a machucou muito. Bom... não acho, tenho certeza disso.

— Por que você está me dizendo isso?

— Porque quero te dizer para não deixar esta oportunidade passar como eu deixei. Helen é uma mulher maravilhosa, porém eu não soube valorizar quando namorávamos. — Fabíola abaixou o seu campo de visão. — Eu a amo, Lívia, mas fui muito tola. Eu gostava dela, porém tinha muito medo do que os outros poderiam pensar. Eu fui preconceituosa, confesso. Isso não tem como eu reverter mais, por isso que falo para você não fazer como fiz.

— Posso te dizer uma coisa?

Fabíola olhou para mim.

— Claro, diga!

— Você não gostava de Helen! — disse sem me importar com o que ela poderia pensar. Notei o olhar surpreso dela.

— Você não pode afirmar isso!

— Claro que posso. Quando gostamos realmente de alguém, gostamos de tudo... de todo o conjunto. Helen é uma mulher linda, maravilhosa... tem tantas qualidades — comecei a dizer deixando transparecer tudo o que eu sentia por Helen. — Ela não merece ser vista como um motivo de vergonha, pois não há motivos para isso.

— Eu... Você tem razão. — Notei que os seus olhos começaram a ficar vermelhos. — Eu reconheço que fiz tudo errado.

— Mas vejo que, hoje, você mudou os seus pensamentos. — Me permiti tocar em uma de suas mãos, mesmo não tendo intimidade com aquela mulher.

Fabíola me olhou com atenção e sorriu.

— Muito obrigada por esta conversa, Lívia!

Às dezesseis horas, eu saí da clínica com Helen. Ela parecia estar querendo me perguntar algo, mas não sabia como.

Helen tocou a sua nuca demonstrando nervosismo e quando chegamos perto de seu carro, ela soltou a sua respiração de uma vez.

— Amor, Fabíola falou alguma coisa com você hoje? — perguntou encostando-se em seu carro.

Parei em frente dela e toquei o seu rosto. Comecei a reparar em cada detalhe. Esqueci até do que iria dizer por alguns instantes, pois era difícil olhar para Helen e não pensar no quanto ela era linda e na vontade de beijá-la.

— Débora me disse que viu vocês juntas no refeitório. Só não fui lá, pois estava com um paciente — ela acrescentou.

— Sim, conversamos. — Recolhi a minha mão. — Mas está tudo bem. Não falamos nada demais.

— Tem certeza? — Acho que Helen não tinha uma boa impressão da ex dela.

— Tenho sim. Está tudo bem. Podemos entrar em seu carro? Eu estou com vontade de te beijar — confessei e notei elas sorrindo de lado.

— Claro!