Capítulo 1

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Eu me acordei com o toque de Dona Desse Amor no despertador. Dei um tapa nele, desligando-o e me levantei. Eu me vesti e enquanto tomava café, chequei rapidinho minhas redes sociais, dei bom dia para a minha inspiração de levantar todos os dias, minha ídola Lucero. Mesmo que ela geralmente não visse tantas mensagens, era costume mandar mensagem todos os dias antes de sair.

− Mãe, estou indo! – eu gritei já na porta, ouvi o "vai com Deus" da minha mãe e saí.

Logo cheguei ao banco onde trabalhava. Eu era formada em Psicologia há pouco menos de um ano, mas como as coisas estavam difíceis para profissionais dessa área na minha região, precisei me virar como dava e agradecia por ter um emprego. Eu passei algumas horas ocupada fazendo cadastro de pessoas no banco e logo fui lanchar. Foi quando meu celular tocou.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Alô?

− Bom dia, eu gostaria de falar com Letícia. – um homem falou com o sotaque carregado, me fazendo arrepiar da cabeça aos pés.

Eu reconhecia aquele sotaque. Parecia com o sotaque da Lucero.

− Sou eu.

− Aqui é o Ernesto, trabalho na equipe da artista Lucero, você já ouviu falar?

Eu dei um gole no meu suco antes que engasgasse.

− Brevemente. – eu tentei não falar com muita ansiedade.

− Bom, eu vou direto ao assunto. Nós procuramos por muito tempo aqui no México alguma psicóloga que pudesse nos acompanhar por algum tempo em viagens, mas nenhuma delas queriam tamanha responsabilidade e ainda viver aqui apesar desses desastres naturais frequentes, então partimos para o Brasil. Como sua faculdade é muito bem frequentada, pedimos alguns contatos de recém formadas e o seu foi o mais recomendado. Eu quero saber se você pode vir para o México passar um tempo conosco até a Lucero ficar bem. Você pode atender a outras pessoas se quiser, terá um escritório exclusivo para você.

Eu não consegui falar por um momento, eram muitas informações para assimilar. Como assim a minha ídola estava precisando de psicóloga? Como assim a psicóloga em questão seria justamente eu? Por muito tempo, eu planejei ver a Lucero, ainda que de longe em algum show, mas me faltava dinheiro para uma viagem desse tipo, jamais imaginei que teria a oportunidade de conhecê-la e estar tão perto sendo uma de suas funcionárias.

− Letícia? Está aí? – Ernesto chamou minha atenção.

Eu balancei a cabeça para afastar os pensamentos.

− Me desculpe. Sim, eu aceito. Mas o que ela tem? – eu me preocupei.

Depois do choque e felicidade que eu tive ao saber que logo conheceria a Lucero, eu me dei conta de que se ela ia precisar dos meus serviços, era porque não estava tão bem quanto parecia.

− Esse assunto só deveria ser tratado pessoalmente, mas eu vou adiantar. Creio que você saiba dos desastres que vêm acontecendo aqui em nosso país. – Ernesto deu uma pausa.

Como eu não saberia se sou uma Lucerina e mal tenho dormido de preocupação com a Lu e todas as pessoas que ela ama?

− Isso afetou a Lucero de uma forma que não imaginávamos e apesar de nenhum parente ou amigo ter se machucado, tudo que ela consegue fazer é chorar, não come e nem dorme, nós estamos desesperados. – Ernesto continuou.

Eu já sabia que a Lu era sensível ao extremo, mas descobrir que meu coração não estava apertado a troco de nada me assustou. Era como se nós tivéssemos uma ligação que me permitia sentir tudo o que ela sentia.

− Entendo. Então é só acertar o dia certinho que eu vou.

− Até semana que vem tem como você aprontar tudo por aí?

− Sim, claro.

− Ótimo. Então até lá a gente vai se falando para acertar os detalhes.

− Tudo bem. Obrigada pela oportunidade. – eu falei rápido.

− Nós que agradecemos por aceitar. Nos falamos depois.

FIM DA LIGAÇÃO

Eu nem terminei o meu lanche e voltei correndo para o meu trabalho. Tentei focar nos cadastros das pessoas, mas não consegui por causa da ansiedade e da preocupação com a Lucero. Eu resolvi falar logo com meu chefe sobre minha futura situação no emprego e ele permitiu que eu trabalhasse até o fim de semana e logo pagaria meus direitos. Após o fim do expediente, eu cheguei em casa e encontrei minha mãe na cozinha cortando umas carnes. Corri até ela e a abracei, beijando seu rosto.

− Mãe, eu vou para o México. – eu falei de uma vez.

− Eu sei, minha filha. Você está juntando dinheiro para isso. – minha mãe continuou fazendo o que estava fazendo antes, desinteressada.

Apesar de apoiar todos os meus sonhos, minha mãe ainda não entendia como era possível eu amar tanto uma pessoa "desconhecida".

− Não é isso. – eu rolei os olhos. – O Ernesto, da equipe da Lu, me ligou e me chamou para trabalhar com eles.

− Filha, você bateu a cabeça ou está sonhando acordada? – minha mãe colocou a mão na minha testa, realmente preocupada.

− Nenhum dos dois. – eu bufei. – Eu sei que sou doida, mas é sério. Eu vou morar no México e trabalhar com minha ídola. – eu fui até a geladeira, peguei um morango e comi.

− E o que uma psicóloga pode fazer por uma artista?

− O que uma psicóloga pode fazer por uma pessoa? – eu devolvi a pergunta, enfatizando.

Minha mãe arregalou os olhos.

− Ela está com... Problemas psicológicos?

− Eu não sei direito o que ela tem. – eu fiz careta. – Mas ela não está bem e eu vou ajudá-la. – eu suspirei.

− E como chegaram a você nesse fim de mundo?

− Ernesto disse que lá no México ninguém se dispôs a viajar com eles para onde forem, porque imagino que ela não queira parar a carreira por conta disso, então vieram procurar aqui e me indicaram porque modéstia à parte, sou a melhor da turma.

− E agora quem fica pior sou eu que vou ficar sem minha filha. – minha mãe falou com os olhos cheios de lágrimas.

− Own, mãezinha. – eu abracei minha mãe, também emocionada. – É só por alguns meses, até a Lu ficar bem de novo. Tenta me entender, sempre foi meu sonho estar perto dela e ainda mais agora que ela está precisando.

− É, você tem razão. Se é isso que você quer, eu vou te apoiar. – minha mãe limpou as lágrimas.

− Obrigada. – eu sorri e dei um beijo no rosto da minha mãe.

                                                                                 ~ * ~

Finalmente eu estou de volta!!! Como em Minha Querida Professora, o foco dessa história será o amor entre mãe e filha. Foi uma das minhas primeiras histórias no fandom e particularmente a minha preferida. Espero que gostem <3

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