Capítulo 20

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Quando uma pessoa entra em choque seu corpo paralisa, seu coração começa a bater rapidamente e suas mãos gelam, a mesma coisa acontece com o nervosismo entretanto nesse caso cada pessoa reage de uma maneira diferente, uns se tremem dos pés a cabeça, outros sentem os pés flutuarem do chão outros desmaiam e na maioria das vezes, alguns se cagam de medo.

Eu estava nervoso, era um fato. Mas Martin estava mais para enfurecido e com sangue nos olhos para ter tempo de se tremer ou ficar chocado. Ele avançou alguns passos na minha frente mas eu segurei seus braços o impedindo de fazer alguma besteira.

Chico caminhava devagar atrás de Henrique, sua mão firme na arma, seu corpo colado ao homem que mantinha as mãos erguidas e hora ou outra fechava os olhos e respirava fundo para manter a calma. Chico usava uma roupa nova, era uma calça de moletom e uma camisa regata cinza, ele estava sério mas seus olhos indicavam desejo por sangue. Seus cabelos longos e com brilho de tão negros numa bagunça.

— Pai! Pai fica calmo, por favor — Martin disse sem tirar os olhos da cena a nossa frente.

— Chico — minha voz ecoou pelo corredor vazio —, o que te motivou a isso, por que tá fazendo essa besteira?

Ele se aproximava lentamente e eu me posicionei ao lado de Martin, automáticamente suas mãos se entrelaçaram nas minhas, seus olhos se mantinham fixos no seu pai ao passo que eu olhei para a caixa de vidro ao nosso lado.

Chico solta uma risada gutural.

— VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE PERGUNTAR , SEU TRAIDOR? — seus lábios se movem e as palavras soam enojadas — Tínhamos uma vida Lúcio, somos casados, temos uma família e amigos, nossos empregos são ótimos e na primeira oportunidade você me troca por esse Zé ninguém? — outra risada maldosa — Só rindo da sua cara mesmo.

— Do que você tá falando? O nosso casamento estava por um fio, você me traia como quem troca de meias e me dava um presente ou outro pra se desculpar e me vem com esse papinho hipócrita? — olho para ele de cima a baixo avaliando o homem patético que ele se tornou.

— VOCÊ É UM TRAIDOR! ISSO JÁ BASTA PRA MIM METER UMA BALA NA CABEÇA DO PAI DESSE FILHO DA PUTA AÍ — ele aperta mais o revólver e Henrique fecha os olhos.

— Não! Pelo amor de Deus. Não faça nada com meu pai, se você está com raiva desconte em mim — Martin avança um passo e eu aperto sua mão mais ainda, ele olha para mim sobre os ombros e diz — Eu não vou deixar meu pai morrer... muito menos você, que seja eu então — ele ergue o olhar duro para Chico que dá um sorriso gaiato.

— Ah, eu admiro a sua bravura meu parceiro mas não vai ser necessário — ele olha para mim —, você tirou o Lúcio de mim e nada mais justo do que eu tirar alguém que você ama também.

— Isso é uma loucura, você está louco! Por que não aceita que eu não te quero mais e segue a sua vida? — pergunto avançando, solto a minha mão de Martin falo olhando nos olhos de Chico — basta uma simples assinatura e pronto, tudo se resolve. Eu entendo que você acabou de acordar de um coma que durou muito tempo mas eu precisava seguir minha vida e você precisa entender que tudo o que tínhamos já acabou.

— NÃO! EU NÃO ACEITO E PRONTO!

— Francisco você tem uma mãe, pense na sua mãe cara. Pare com essa idiotice. — Martin da uma volta atrás de mim sempre com olhos fixados na cena, ele era um policial afinal de contas e saberia como desenrolar o caso — O que ela acharia de tudo isso?

— Ela já sabe de tudo isso, quem vocês acham que me deu a arma? Foi ela que me contou das coisas sórdidas que ela via o Lúcio fazendo com você enquanto eu dormia bem do lado — eu vi uma lágrima descer no rosto de Chico —, ela disse que a honra da família foi manchada e eu tinha que dar um jeito nisso, então ela trouxe a arma e me deu.

Os Ventos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora