Capítulo 12

169 12 4
                                    

Quatro rostos pairam acima de mim; um conhecido, com o maxilar quadrado, cabelos em um corte militar, e olhos negros. Esse é meu marido, outro é loiro, tão forte quando Chico e de olhos verdes. Já o senhor atrás dos dois e em pé é calvo, um pouco gordinho e com a pele enrrugada, mais um policial de rosto bonito está com a testa franzida. Esses outros dois eu não sei quem são.

—... Hein? Lúcio eu tô falando com você, consegue me escutar? — Chico estala seus dedos duas vezes na minha frente e franze o cenho preocupado.

— Ainda estou aqui marujo.

— Não é hora pra brincadeiras, Lúcio! O que eu te falei no hotel, hã? E se você tivesse vindo sozinho?

— Não foi por causa da minha perna que eu desmaiei, Chico — falo me apoiando em seus braços e fico sentando no chão olhando dele para o policial que me aparou.

— Você me deu um baita susto quando desmaiou, cara! Isso nunca aconteceu por aqui — Martin sorriu e olhou para o parceiro dele, que estava também em pé, com a mão no coldre da farda de policial.

— Me desculpe por isso, sinceramente, eu não queria dar trabalho pra ninguém.

— Se sente melhor filho? — o senhor que estava em pé com um livro debaixo do braço perguntou e isso me causou uma angústia.

Eu realmente não estou bem, tudo o que mais quero agora é ir embora dessa cidade pois sinto que algo estranho está acontecendo aqui me causando todos esses efeitos que nunca tive em nenhuma outra cidade em viagens que fiz.

— Sim, eu tô legal... eu acho — esfrego os olhos e olho ao redor. Alguns turistas pararam para me ver ali mas já estavam voltando para suas atividades para conhecer o museu.

— Não seria melhor levar ele num médico? Eu conheço um cara lá no hospital que atenderia ele rapidinho, nos até estudamos juntos — Martin sugere.

— Não é preciso — eu digo olhando para ele que ergue as sobrancelhas com minha interrupção.

— Tem certeza, amor? — Chico ainda está preocupado.

— Claro — toco em seu rosto e faço carinho nele.

— Se está tudo certo, acho melhor vocês me acompanharem — o senhor com o livro diz e caminha em direção a área administrativa.

O loiro que disse se chamar Martin, também se levanta e segue o cara, seu parceiro vai atrás dele e Chico me ajuda a ficar em pé.

— Quem é ele? — pergunto confuso olhando os três indo na frente.

— É o dono do museu cabeça de vento! A gente se deu muito bem quando eu disse que tinha uma antiguidade que achei nas ruinas, sem contar que ele ficou super animado.

— E então? Ele sabe alguma coisa sobre a origem desses anéis?

— Acho que vamos descobrir isso agora. Eu só não entendi o porquê dos policiais.

Observei o grupo a nossa frente, um senhor de meia idade com um livro grosso embaixo do braço — vestia uma calça jeans com uma camisa social azul com as mangas dobradas até o cotovelo — conversava com um dos policiais, pareciam entretidos demais na conversa para prestar atenção em qualquer outra coisa. Já o outro policial, moreno de estatura baixa parecia querer estar em outro lugar que não fosse em um musei velho. Por um momento eu vi o loiro me olhar de esguelha, isso me causou um arrepio na espinha.

Ao dobrar no corredor da área administrativa a primeira coisa que vemos é uma janela no fim do corredor que o ilumava com bastante intensidade. Só havia duas portas e uma delas era o escritório do senhor, entramos os cinco no lugar repleto de livros, um mesa, duas cadeiras na frente, uma atrás e um balcão dos dois lados do escritório com relíquias preciosas, a caixa que encontramos estava bem no centro da mesa principal.

Os Ventos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora