Capítulo 18

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— Lúcio que porra aconteceu? — sua voz sai brava, ele está com os punhos cerrados pronto para atacar alguém, os dedos sujos de sangue e machucados apertando sua pele.

— O que aconteceu? Você não desconfia nem um milímetro do que aconteceu? O Armando me deixou desse jeito — digo me sentando com muito esforço até conseguir.

— Filho da puta!

— O que houve com sua mão?

— Quebrei a cara daquele fodido — os olhos de Martin estavam em chamas por causa da raiva, ele parecia querer bater em mais coisas.

— Idiota! Por que você fez isso? — pego na mão dele e examino ela — Parece que bateu numa parede — levo seus dedos até meus lábios inchados e deposito alguns beijos ali. Sua feição vai abrandando até ele se acalmar sentindo minhas carícias.

— Como você tá? — ele finalmente pergunta.

— A Julieta disse que eu vou passar a noite aqui e só vou sair quando minha nova prótese chegar — sinto uma dor dor nas costelas e volto a me deitar —, e ela vai cuidar do Chico por enquanto. No mais tô bem, só as dores incomodam um pouco mas o remédio tá ajudando.

— Eu simplesmente não entendo como o amigo que cresceu comigo nessa cidade pode fazer isso com você — ele fica cabisbaixo.

— Ele tá desconfiado do que a gente faz... do que a gente fez. Ele disse que eu sou apenas um brinquedinho pra você e que depois vai me jogar fora pra ficar com uma ex sua.

— Ei, isso não é verdade. Eu nunca faria isso Lúcio, eu ficava com algumas garotas antes, bem antes de você aparecer aqui. Mas tudo mudou quando eu te vi, eu fiquei encantado por você, parecia que eu necessitava ter você ao meu lado mais que tudo e... — ele alisa meu cabelo sem se importar se alguém vai ver ou não —... ainda preciso e não vai ser um babaca que vai mudar o que sinto por você.

Toco em seu rosto liso que nem bebê, tiro seu chapéu de policial e o deixo na maca ao meu lado, seu cabelo liso e volumoso logo cai em frente à seus olhos. Passo meu polegar em seu lábio inferior e o encaro nos olhos.

— Você é a coisa mais... incrível que me aconteceu nessa cidade e eu tô feliz — ele sorrir mostrando seus perfeitos dentes, eu sigo rindo também —, Martin você me faz feliz.

Ele se abaixa e tocamos nossos lábios suavemente. Ficamos apenas trocando selinhos devagar pois meu lábio estava um pouco ardido mesmo assim não deixou de ter o gosto natural de Martin, deu até para sentir uma pitada de café que ele talvez tenha bebido na delegacia.

— E agora, o que vamos fazer? — pergunto tirando as mechas do seu cabelo da frente de seus olhos.

— Ué? Que pergunta boba. Eu vou cuidar de você enquanto estiver assim e...

— Não, Martin. O Armando me proibiu de ir pro seu apartamento, se ele souber que estou perto de você outra vez a retaliação vai ser pior — digo.

— Ele não teria coragem de tocar em você de novo. Eu não vou deixar. — seu maxilar estar tenso, isso lhe dar um ar mais viril.

— Em todo caso é melhor prevenir do que remediar. Eu vou morar na casa da Julieta até Chico acordar, se você quiser me visitar tudo bem mas eu não vou mudar de ideia.

— Lúcio.

— Já disse, nada vai me fazer mudar de ideia — falo decidido olhando em seus olhos.

Ele segura a minha mão e a beija delicadamente.

No dia seguinte Martin levou todas as minhas coisas para a casa de Julieta que ficava no subúrbio da cidade, bem perto do hotel onde eu estava. Para manter as aparências Martin disse que falaria para Armando retornar ao apartamento e esse aceitou de prontidão. Na tarde minha mãe chegou com a prótese nova e cuidou do médico me dar alta, Bento ajudou nessa parte por um pedido de Amélia. Chegamos na casa de Julieta e ela nos recebeu com muita hospitalidade e carinho mas infelizmente minha mãe tinha trabalho a fazer na minha empresa já que deixou o papai sozinho em São Paulo.

Os Ventos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora