Capítulo 05

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Desabei de joelhos no chão arenoso colocando as mãos no meu rosto para esconder minha vergonha de chorar na frente de outro homem, me senti um tolo, não ouvi Martin falar nada enquanto isso, ele apenas ficou em pé com as flechas na mão e quando eu comecei a tremer e mexer os ombros de tanto chorar foi que ele se aproximou de min lentamente e colocou sua mão no meu ombro.

— Ei o que houve Luciano? Por que está chorando? — a voz de Martin saiu fraca e preocupada.

Comecei a chorar ainda mais, ele fez algo que nenhum outro homem faria, passou os braços ao meu redor e me abraçou. Eu senti o seu queixo no topo da minha cabeça, me aconcheguei no seu pescoço inalando o seu perfume forte de um dia todo de trabalho.

— Desculpe, deve está me achando um patético por chorar igual uma mocinha.

— Ah pare de bobagens, somos humanos e todo humano tem sentimentos pois não somos feitos de lataria.

— Meu pai sempre disse que não devemos chorar por qualquer motivo... Ele me mataria se me visse chorando nos braços de outra pessoa... Ainda mais de um homem.

— Mas qual o motivo dessa choradeira toda? Luciano olha pra mim — ele segurou meu queixo e levantou meu rosto para ficar a centímetros do seu, a luz do fogo deixava seus cabelos dourados, seus olhos verdes eram tão profundos que eu parei de chorar me perdendo ali. Comecei a soluçar e disse em resposta a sua pergunta, contei como meu dia foi pesado.

Martin me ouvia com atenção, ainda estávamos no chão e eu queria que aquele momento durasse para sempre.

— Eu sinto muito Luciano — foi tudo o que ele disse e isso bastou para mim.

— Desculpe novamente por ter chorado feito um bobo.

— O chorão mais bonito que já vi... — ele disse e tossiu se levantando com se tivesse dito algo embaraçoso e realmente disse. Levantei sorrindo da cara dele de envergonhado,

— Só você mesmo para me fazer sorrir.

— E...eu... ah — ele gaguejou tanto que ficou calado e olhou para a besta no chão — Você ainda vai querer treinar depois desse dia complicado?

— Você é um bom amigo Martin, só você mesmo para me fazer rir depois de tanta choradeira — eu disse rindo um pouco e limpando os resquícios de lágrimas no meu rosto.

— Amigos... sim... Somos bons amigos — ele disse ao pegar a besta do chão.

— Acho que atirar em algo vai me fazer relaxar.

— Sim, é muito relaxante.

— Me mostre como faz primeiro.

— Ok.

Martin virou em direção a árvore com o rabisco do alvo entalhado nela, abriu as pernas bem espaçadas e segurou a besta com as duas mãos, posicionando-a, em seguida apanhou uma flecha que estava dentro do saco no chão e a colocou na abertura da besta, o arco estava pronto para atirar, ele mirou com um dos olhos fechados.

— Segure firme para a besta não bater em seu rosto, mire bem no meio do alvo, prenda seus pés no chão com força  e aperte esse gatilho.

Ele apertou o gatilho do lado e a corda foi para frente num piscar de olhos levando a flecha junto. o som de algo se rasgando no ar foi ouvido. Tudo que conseguir ver a olho nu foi as penas negras voando rapidamente e acertando o alvo bem no meio com toda a ponta afiada dentro da árvore.

— Minha nossa — eu percebique meu coração estava acelerando, se era uma emoção para quem assistia, imagine para quem executava o ato.

—  Você tem que experimentar Luciano.

Os Ventos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora