Desperto ao som de um alarme, levanto ligeiramente a cabeça e vejo um celular vibrando na mesinha de cabeceira da cama, logo em seguida um músculoso braço se estica, pega o celular e joga ele no chão com força fazendo o barulho parar imediatamente. O braço me enlaça e me aperta forte e eu sorrio, beijo o peito de Martin e apoio meu queixo ali.
— Bom dia — digo esfregando meus olhos.
— Não — ele diz arrastado e com preguiça.
— Sim — me levanto e sento sobre seu colo nu, seu membro duro cutucando minha bunda —, você tem que trabalhar e já está atrasado inclusive.
— Eu só tenho que está lá às 13 horas — ele cobre o rosto com o antebraço e volta a cochilar.
— Bom, eu tenho que ir pro hospital.
Ele tira o braço de cima dos olhos e me encara, depois levanta seu tronco só para me puxar de volta para seu abraço se urso. Martin deita minha cabeça eu seu peito e beija meu cabelo.
— Por que você tem que ser sempre tão certinho? Fica aqui mais um pouco.
— Assim eu não resisto — fecho os olhos e tento cochilar mais um pouquinho.
Martin começa a acariciar meus fios negros em um cafuné gostoso, passo meus dedos ao redor do seus mamilos e então puxo seus pelos mas ele não reclama. Ficamos assim por algum tempo, calados, apenas curtindo um ao outro.
— Você viu? — ele perguntou e no primeiro momento eu não sabia do que ele estava falando, levantei a sobrancelha para ele em sinal de confusão — As ruinas sumiram, o casarão surgiu, tudo pareceu tão real.
Volto para ontem a noite fechando os olhos e relembrando do momento em que nos tocamos e o casarão tomou forma ao nosso redor, tudo pareceu tão tangível e verídico. Era como se tivéssemos voltado no tempo, para uma época distante e um tanto familiar.
— Sim, eu vi o que aconteceu mas o que eu não entendo é porque aconteceu — digo enrolando alguns pelinhos loiros em seu peito.
— Também não entendo — ele suspira — Lúcio?
— Hum?
— Você sentiu o choque?
— Sim, eu senti o choque.
Ele para de mexer no meu cabelo e deixa o braço cair pesado sobre o colchão, viro o rosto para aquele lado e beijo seu peitoral novamente. Traço desenhos sobre seu braço até chegar em sua mão e ele aperta meus dedos nos seus.
— Eu ti vi em meus sonhos — digo olhando para nossas mãos unidas.
— Como? — ele pareceu confuso.
— Quando a gente se encontrou no museu e eu desmaiei, eu vi nós dois correndo em uma floresta.
— Que estranho — Martin deita a cabeça no travesseiro e olha para o teto, então conclui —, teve uma noite que eu cheguei em casa, tava cansadâo. Liguei a TV na sala e fui assistir, tava passando um programa local sobre agricultura, não lembro bem, mas eu vi uma coisa... Um senhor de idade falava sobre seus animais na fazenda na frente de uma casa, parecia normal mas me deu um arrepiou estanho. Fui dormir e sonhei que estava calvalgando em um cavalo preto e acordei assustado ouvindo sua risada.
— Minha risada? — pergunto e ele acena a cabeça.
— Acho que não vou contar que sonhei duas vezes com isso — olho em seus olhos lindos, era impressionante como os cílios e a sobrancelha dele brilhavam à luz do sol.
— Devemos nos preocupar? — ele ri e eu percebo que acompanho sua risada.
— Talvez eu fale com a minha mãe, ela entende dessas coisas espirituais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Ventos do Passado
RomantizmDois homens, um camponês prometido a uma bela donzela e um soldado do batalhão da cidade se apaixonam no século 19, onde seu amor é proibido pela lei dos homens e pela Igreja. Um terrível crime põe fim a vida dos dois amantes do suas almas voltam a...