Capítulo 6

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Aos poucos, as lembranças iam tomando conta da minha mente e me ajudando a entender o que estava acontecendo.


Quarta-Feira, 03 de Abril de 2013

"Eu sentia estar deitada sobre uma superfície lisa e gelada. Abri meus olhos e pude ver o céu em um entardecer e os pássaros voando. O barulho do mar e o cheiro de sal me fizeram dar um salto e me dar conta de onde eu estava: em um barco. Olhei para os lados, mas não via nada além do oceano. Caminhei lentamente pelo convés firme de madeira. Gritava na esperança de que alguém pudesse me responder, mas sem sucesso.

Até que eu sinto um vento congelante percorrendo meu corpo e me encolho completamente arrepiada. Me viro em direção ao vento e vejo uma gigante nuvem que está prestes a cobrir o barco. Em desespero eu começo a gritar:

- Socorro! O barco vai bater! Vamos naufragar! Socorro!

Mas ninguém aparece. Aparentemente, não havia timão para conduzir ou desviar o barco da nuvem, apenas as velas. Eu começo a chorar, pois o vento que saía da nuvem ficava cada vez mais forte à medida que o barco se aproximava. Até que eu ouço passos atrás de mim e me viro.

Era um homem asiático, de cabelos negros, de boa estatura e incrivelmente lindo. Ele se aproxima, sorrindo.

- O-o barco vai...

O homem leva seu indicador aos meus lábios.

- O tesouro está escondido após as nuvens.

De repente, o céu começa a ficar negro, mas as ondas cessam, restando apenas a brisa gélida da nuvem.

- Veja, está anoitecendo. Mas não pare. - O homem fixou seus olhos em mim. - Eu estou esperando por você.

Então, o barco começa a atravessar a nuvem e o homem some...


- Lilian! Você vai se atrasar para a aula!

Sou acordada no susto com os gritos da minha mãe.

- Ah, era um sonho. - Levantei da cama, ainda desnorteada.

"Seonghwa..."

- O quê? - Me apoiei em umas das paredes do quarto - Faz tempo que não penso nesse nome..."


Seria Seonghwa o homem do meu sonho? De qualquer forma, nossa... Não imaginava que fosse possível ele ficar mais belo do que já era quando criança. Eu sentia que o tempo havia parado e só sabia enxergá-lo, como se não houvesse mais ninguém além dele por perto. Por alguns instantes, perdi os sentidos e todas as sensações de anos atrás haviam retornado.

Mas eu não podia perder meu lado racional. Tentei retornar o mais rápido possível para o mundo real, onde eu voltaria com a personagem que So-Ra, Si-Yeon e Yunho pensam que sou.

- Ah, sim. - Disse So-Ra, com certo desdém em seu tom. - Além da... Esposa, seu tio trouxe a sobrinha dela também.

Seonghwa também parecia tentar retomar os sentidos.

- Entendi. É bom te ver de novo, Lili. - Seonghwa fez uma breve reverência.

- Não perca seu tempo, querido. – So-Ra revirava os olhos. - Ela nem sabe falar coreano.

- Nesse caso... - Seonghwa começa a falar em português. - Há quanto tempo, Lili. É muito bom te ver novamente.

Seonghwa repete sua reverência enquanto sua avó, sua prima e seu amigo olham surpresos.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Onde histórias criam vida. Descubra agora