Capítulo 19

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O plano estava traçado e decidimos que executaríamos o mais rápido possível. Para não levantar suspeitas, tia Julia teve que retornar para a cela. Eu não havia gostado da ideia, mas Hongjoong nos prometeu que seria por pouquíssimo tempo. E para que o plano corresse sem levante de suspeitas, eu também precisei ser presa.

Jamais se passaria pela minha cabeça que eu tornaria a ver as grades de uma prisão pelo lado de dentro, mesmo sendo uma prisão, tecnicamente, falsa. Para a segurança do andamento do plano, tudo ocorreu em segredo. Apenas Si-Yeon poderia saber, pois ela era mais um acesso direto a So-Ra e uma das peças importantes da investigação, segundo Hongjoong.

Ao final da reunião na sala do delegado, iniciamos nossa atuação da porta para fora. E atuação era algo que eu estava me tornando mestre desde que havia chegado na Coréia.

- Vocês. - Hongjoong chamou atenção dos policiais Choi e Jung, que estavam de prontidão em frente a sua porta. - Levem essas duas para a cela. Bem separadas.

- Sim, senhor Kim. - Os dois bateram continência antes de nos algemar.

Seong-Hee olhava atentamente os policiais enquanto os mesmos nos algemavam. Ele aparentava estar preocupado. Rapidamente, o mesmo desviou seu olhar para mim e acabamos nos encontrando.

Por mais que ele soubesse que aquilo tudo era "de fachada", Seong-Hee estava realmente preocupado em como eu lidaria com isso. Sua boca estava entreaberta, como se quisesse falar algo, mas nada saía. Seonghwa, que antes estava falando com Hongjoong, notou seu irmão imerso.

- Delegado Kim, eu posso falar com ela antes de a levarem? - Seonghwa agiu rapidamente, o que fez seu irmão retornar a realidade.

Hongjoong alternou o olhar entre Seonghwa, Seong-Hee e eu, constatando o motivo de seu amigo ter feito o pedido tão repentinamente.

- Vocês quatro tem cinco minutos.

Os policiais se espantaram com tamanha bondade do delegado, o que não era comum. Mingi e Hongjoong saíram, enquanto Choi e Jung permaneceram um pouco longe, aguardando o tempo acabar.

- Lili, Julia. - Seong-Hee pega nossas mãos, enquanto nos olha. - Eu sei que eu vou ter muito tempo para fazer isso mais tarde. Mas eu peço que me desculpem por tudo. Não posso dizer que minha intenção nunca foi magoar vocês, mas hoje eu tenho a oportunidade de mostrar que estou arrependido. Vou ajudar vocês até o final.

- Seong-Hee, você sempre foi o mais quieto e o mais grudado na sua avó. - Tia Julia falava com a expressão branda. - E apesar de tudo, você a ama. Tudo que ela fez, também foi porque te ama. Existem pessoas ruins que tem bons sentimentos, mas as más intenções os escondem. Apesar de tudo, você está fazendo a coisa certa. Tenho certeza que seu tio ficará orgulhoso de você.

E pela primeira vez, eu vi Seong-Hee derramar uma lágrima. So-Ra poderia ser um monstro conosco. Mas não significava que ela não amava a sua família. E Seong-Hee sentiu e cresceu com o amor da sua avó. Imaginei o quão difícil estaria sendo para ele fazer uma das pessoas que mais o amou pagar pelas suas maldades.

Seonghwa encostou na parede com o rosto sério. Eu o olhava de relance, esperando que ele e Seong-Hee fizessem as pazes enquanto eu estivesse "presa".

- Lili. - Voltei minha total atenção para Seong-Hee. - Eu gosto de você.

Eu tentei disfarçar para conferir a reação de Seonghwa. Mas eu não conseguia tirar os olhos de Seong-Hee. Ele foi totalmente direto, mas eu sabia que ele não estava mentindo. Desde quando Si-Yeon e Yunho me mostrou as mensagens, eu tinha a certeza que Seong-Hee realmente gostava de mim.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Onde histórias criam vida. Descubra agora