Cinco minutos haviam se passado e estávamos em frente à sala do delegado Kim, escoltados pelos tais policiais Jung e Choi. Ambos pareciam ter rostos nada amigáveis, então procurei permanecer quieta e apenas seguir o que me era ordenado. Porém, isso era quase impossível. Em intervalos de segundos, os dois brigavam por algo bobo que variou entre uma caneta perdida e um pedaço de chocolate que o Jung não quis dar ao Choi.
Olhava de relance para Seonghwa, que parecia tranquilo. Então procurei me acalmar e ter em mente que ficaria tudo bem. Á medida que o mesmo estava tranquilo, parecia também estar aéreo e perdido em pensamentos.
- Hwa? - Ele levou um leve susto. - Está tudo bem? Você parece distante.
- O quê? - Seonghwa aparentava processar minha pergunta lentamente. - Ah, está tudo certo.
Balbuciei um "ok" e me virei para frente novamente. Ele parecia estar muito pensativo para prestar atenção em mim. Me percorreu um arrepio na espinha em pensar que talvez ele estivesse decepcionado comigo ou que preferiu acreditar nos policiais. Por mais que parte de mim soubesse que esse pensamento era besteira, eu não deixava de imaginar essa possibilidade. Em quem ele acreditaria mais? No sangue do seu sangue ou em mim que estava prestes a ser presa e com provas?
Faltando poucos segundos para dar o tempo determinado, dois policiais chegaram até nós escoltando minha tia algemada. Meu corpo foi impulsionado a levantar e correr para abraçá-la, mas Seonghwa me segurou pelo braço, enquanto Jung, Choi e os outros dois policiais sacaram e apontaram suas armas em minha direção.
- Ei, calma aí. - Seonghwa falava calmo enquanto me puxava de volta para o banco. - Ela é inofensiva e não está armada. Não tem necessidade disso.
- Não nos diga como fazer nosso trabalho, moleque. - Um dos policiais que segurava minha tia falou carregado de soberba e apontou sua arma na direção da cabeça do Seonghwa.
Segundos depois, ouvimos a porta ser destrancada e o delegado Kim passar por ela. Os quatro agentes bateram continência e se curvaram. O delegado passava os olhos por todo o ambiente, sempre com sua cara fechada.
- Que bagunça é essa na frente da minha sala?
Os policiais olharam uns para os outros, temerosos.
- Q-que bagunça, senhor? S-só estávamos...
- Mantendo os presos em ordem. - Outro completou a frase do policial já atrapalhado com as palavras.
Me impressionava como aquele homem transmitia tanto medo e respeito. Um rosto quase que inexpressivo e um olhar aterrorizante atingiu os policiais como uma bala certeira. O delegado não precisou dizer nenhuma palavra para que eles soltassem minha tia e eu e fossem embora de nossas vistas, restando apenas o Jung e Choi.
Não me contive e não perdi mais nenhum segundo. Abracei tia Julia como se soubesse que aquele seria o último abraço que daria nela. Tia Julia acariciava os meus cabelos, enquanto sentia gotas gélidas caindo sobre meus ombros e leves soluços de sua parte.
- Pode chorar, tia. Mas agora vai ficar tudo bem.
Depois de alguns segundos, a mesma se recompôs o mais rápido que pode para não irritar o delegado e entramos juntas em sua sala, onde Seonghwa já estava. O delegado Kim observou toda a cena e ao fim, retornou a atenção a Jung e Choi.
- Vigiem a entrada. Quero 10 metros de distância da minha porta.
- Sim, senhor Kim! - Os dois disseram uníssono após entrarmos na sala do delegado.
Mingi já estava sentado do lado oposto da mesa do delegado com papéis, um notebook e um leitor de digitais. Ouvimos o Kim fechando e trancando a porta, porém, ao se virar, ele já não parecia mais aquele delegado temeroso e frio. Ostentava um belo sorriso e fala mansa.
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Minha Utopia (Park Seonghwa)
Novela JuvenilLili (Lilian) vive uma vida agitada, mas sempre arruma tempo para sua família. Sem esperar, seus tios Seong Cheol e Julia a convidam para uma viagem à Coréia do Sul para conhecer a família do seu tio. Lili esperava apenas uma viagem agradável, com e...