Capítulo 5

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- Seong-Cheol? Meu filho, é você mesmo?

Seong-Cheol abriu os braços em direção a sua mãe, que fez o mesmo. So-Ra ainda demonstrava uma cara de espanto.

- Sim, mamãe, sou eu. Eu vim te ver. Ver a minha família depois de anos.

- Você está ótimo, meu filho. - Disse colocando suas mãos no rosto de Seong-Cheol. - Não mudou nada.

Certamente, So-Ra já havia visto que tia Julia e eu estávamos na casa. Estávamos prontas para qualquer gracinha que ela viesse a falar, mas a recepção foi outra. Inesperadamente, So-Ra nos abraçou.

- Julia, há quanto tempo. Continua horrível como sempre.

- Obrigada pelas palavras, senhora.

- Aish, pare com essas informalidades. Pode... - A mesma olhou surpresa para tia Julia ao perceber que ela havia respondido o que a sogra disse. - Espera, v-você...

- Sim, eu entendi o que a senhora me falou. "Continua horrível como sempre."

Si-Yeon e Yunho seguravam a risada enquanto Seong-Cheol corava de vergonha pela atitude da mãe. Eu continuava com minha expressão neutra. So-Ra evidentemente estava atônita e processando o fato que minha tia era fluente em sua língua. Porém, isso não durou por muito tempo e a mesma não se esforçou para parecer arrependida ou demonstrar muita gentileza conosco.

So-Ra examinava minha tia cautelosamente de cima a baixo. Eu sabia que ela não iria me deixar escapar, então levei meu dedo à boca pedindo que tia Julia e Seong-Cheol não contassem a ninguém que eu também falava coreano. So-Ra se vira e anda em minha direção, armando seu sorriso falso.

- E quem é essa?

- Essa é a Lilian. Sobrinha da Julia.

- Vó, ela é aquela garotinha que fez par com o Seonghwa no casamento.

Então me lembrei: havia uma menina junto aos meninos no dia do casamento, mas a mesma não havia entrado conosco rumo ao altar. Era de lá que Si-Yeon me conhecia. Porém, senti um aperto no coração ao ouvir a mesma confirmar de vez todas as minhas constatações óbvias, mas não permiti que esses sentimentos fossem externalizados. So-Ra continuou com seu teatro e eu comecei o meu. Ela realmente tinha a certeza de que eu não entenderia nada.

- Olá, Lilian. É um desprazer te ver de novo. - So-Ra falava em um tom baixo, com um sorriso no rosto. A mais pura expressão de cinismo. - Não sabe a ânsia que me dá te ver dentro da minha casa e tão perto dos meus netos. Bem vinda ao inferno, pois eu duvido que você aguente uma semana sequer nessa casa.

Me rendi á sua farsa e ao seu jogo. Sorri falsamente e me curvei. Tia Julia não estava nem um pouco feliz. Ela fechava suas mãos com força enquanto Seong-Cheol tentava acalmá-la. Si-Yeon e Yunho pareciam tensos.

- Como eu pensei. - Disse So-Ra, vitoriosa. - Ela não entende nada. Não me surpreende, já que é de uma raça tão burra.

Yunho, Seong-Cheol e Si-Yeon pareciam visivelmente incomodados com os comentários desnecessários sobre mim.

- Senhora Park, eu respeito a senhora como minha sogra e dona desta casa. Mas jamais vou admitir que desrespeite minha sobrinha.

- Mamãe, por favor, não incomode Julia e Lilian. Você deveria aproveitar o tempo que estaremos juntos para mudar sua visão e acabar de vez com esse preconceito.

- Meu filho, há anos eu tento abrir seus olhos. - So-Ra nos olha com desprezo. - Essas daí vieram de um lugar corrompido, perigoso e promíscuo. Vocês verão quem elas realmente são, as máscaras dessas aproveitadoras e encostadas irão cair e não demorará muito.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Onde histórias criam vida. Descubra agora