"Que lugar é esse?"
Abri meus olhos com dificuldade devido a luz do local desconhecido. A grama a qual estava deitada era macia e a brisa ajudava a compôr o clima tranquilo e sereno. Levantei, ainda sentada e percebi que estava em um campo de girassóis.
O vento soprava levemente trazendo consigo o perfume das flores, um aroma que parecia ter o poder de tirar todo o peso de dentro de mim. Conseguia ouvir de longe o barulho de uma queda d'água. Apesar de não fazer ideia de onde estava, levantei e me guiei pelo som das águas.
Ao redor haviam apenas flores, montanhas e tímidas nuvens, indicando que estava em um lugar alto. Apenas caminhava, observando a paisagem, sem nenhum rumo evidente e sem ter noção de onde estava exatamente.
- Bem-vinda, criança, a sua utopia.
Uma voz feminina e mansa praticamente sussurra e eu me viro para identificá-la. Uma mulher com longos cabelos escuros e lisos, pele alva e vestido branco exibe seu perfeito sorriso. Em sua cabeça havia uma coroa feita de girassóis, semelhante ao que ela estava segurando.
- Utopia? Eu morri? - Arregalei os olhos e verbalizei a única coisa que se passava pela minha cabeça.
- Não, meu anjo. - A mulher respondia com sua voz sempre mansa e baixa. - Para ver sua utopia, basta sonhar.
- E quem é você?
- Digamos que eu sou a sua utopia. - Encolhi os olhos, sem compreender o que a mulher quis dizer. - Eu sou a personificação do que você almeja alcançar.
- Eu não entendo. Na verdade, não consigo entender nada. O que estou fazendo aqui? Que lugar é esse?
A mulher continuava a me olhar com sua expressão calma, um sorriso formal e postura ereta. Ela parecia perfeita demais para ser verdade. De repente, ela começou a andar à minha frente e com alguns metros de distância, se virou e estendeu sua mão para que eu a pegasse e a seguisse.
Ela possuía o mesmo perfume que as flores e suas mãos eram as mais macias que eu já havia tocado. A mesma me guiava pelo vasto campo, enquanto parecia inspecionar cada planta, cada flor e cada canto que seus olhos alcançavam.
- Lilian, minha criança imperfeita. - Voltei minha atenção para aquela voz hipnotizante. - Esse lugar é o seu mundo perfeito. Aqui não há indiferenças, dores ou preconceitos. Ninguém precisa se esforçar para ser melhor ou se encaixar para agradar, pois todos amam todos da forma que são. - A mesma para e olha para mim. - Isso acontece porque todos aqui são exatamente da forma que queriam ser.
Olho nos olhos daquela mulher e sinto um calafrio percorrer meu corpo, junto com a compreensão. Seu rosto, seu corpo, seu jeito de ser... Formavam a aparência que eu sempre quis ter.
Me senti tonta em ver um lugar tão perfeito com uma pessoa tão perfeita ao meu lado e saber que tudo que eu sempre quis ser estava bem na minha frente. Não seria humilhada ou agredida se fosse exatamente como ela. Sentia felicidade por ver que era do jeito que sempre quis, mas sentia frustração, pois sabia que aquilo jamais iria acontecer.
- Isso não é real. - Sussurrei para mim mesma.
- Se não é real - Disse a mulher, com a voz um pouco mais alta. - Como consegue me ver e me tocar? Como consegue sentir cada parte desse lugar com seu corpo?
A olhei intensamente, enquanto igualava nossos volumes de voz.
- Se você sou eu, sabe que é impossível eu ter todo o mundo que eu sempre quis ter. Mas nós duas também sabemos que eu posso alcançar o que mais importa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Utopia (Park Seonghwa)
Teen FictionLili (Lilian) vive uma vida agitada, mas sempre arruma tempo para sua família. Sem esperar, seus tios Seong Cheol e Julia a convidam para uma viagem à Coréia do Sul para conhecer a família do seu tio. Lili esperava apenas uma viagem agradável, com e...