Capítulo 7

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Permanecemos em silêncio dentro do carro durante uns cinco minutos e nem ao menos nos olhávamos. Seonghwa se mantinha concentrado em dirigir, enquanto eu apenas observava tudo que passava pela janela. Seriam aproximadamente quarenta minutos até o aeroporto. Não aguentei ficar quieta esse tempo todo.

- Então...

- Por quê está mentindo? - Ele me interrompeu sem tirar os olhos da estrada. - Você sabe falar coreano. Tio Seong-Cheol te colocou em um curso para aprender quando era criança.

Abaixei minha cabeça e olhei para as minhas mãos. Estavam um pouco trêmulas. Meu coração acelerava aos poucos e já não tinha mais coragem de encará-lo.

- O que pretende escondendo isso deles? - Paramos em um sinal e senti seu olhar sobre mim. - Você sabe que não precisa provar nada e também não precisa aturar os comentários da minha avó, não sabe?

- Eu não posso ir contra a sua avó. Eu estou hospedada na casa dela. - Levantei minha cabeça o encarando. - E o que ela tiver comigo, eu vou resolver com a mesma. Não precisa interferir.

O sinal abriu e ele voltou a focar na direção.

- Você sempre falou o que queria. – Disse, sorrindo de canto. - Igual quando nos conhecemos. A propósito, meu sotaque continua tão engraçado quanto meu nome?

Me recordei do dia em que nos vimos pela primeira vez. Não foi a melhor maneira de conhecer alguém, mas teve que ser assim. Ri, me sentindo mais confortável perto dele.

- Eu não tenho o que reclamar de nenhum dos dois. E você continua dando uma de quieto e tímido, para no final falar o que quer também.

Seonghwa deu de ombros, permanecendo em silêncio por alguns minutos.

- Está pensando em algo?

- Estou. Em como você ficou bonita depois de crescer.

Seonghwa sorriu ao falar isso e para complementar a linda visão que estava tendo, o reflexo do sol batia nos seus cabelos lisos e negros, que dançavam conforme o vento queria. Se ele conseguia me hipnotizar quando éramos crianças, depois de ter se tornado adulto, os efeitos eram, certamente, mais fortes.

- Eu digo o mesmo de você. - Disse, tentando conter o sorriso que tentava aparecer a qualquer custo. - Você cresceu com uma ótima aparência.

Eu não tinha percebido que estávamos enfrente a mais um sinal, pois estava olhando para Seonghwa. Ele imobilizou o carro e retornou seu olhar para mim. Dessa vez, eu não me sentia intimidada a parar de encarar o moreno á minha frente, muito pelo contrário.

Eu não conseguia parar de olhá-lo. Eu analisava cada detalhe de seu rosto e mesmo que já tivesse o feito outras vezes, me sentia mais livre para fazer isso. Sem me importar se havia alguém a minha volta reprovando minha atitude.

Eu queria agarrar em seu pescoço e beijá-lo. Estava prestes a fazer isso. Mas a frase de So-Ra surgiu em minha cabeça.

"A Han-Eul é bonita, jovem, de uma boa família e tem um futuro brilhante. Soube que estão namorando."

Seonghwa não estava mais disponível. Ele começou um relacionamento. E segundo So-Ra, ela era bonita, era de acordo com os padrões que agradavam a matriarca da família Park. Era tudo que eu não era. O sinal abriu e já estávamos a poucos minutos do aeroporto.

Lá estavam eles. Seong-Yeon e Min-Ah, com algumas rugas e linhas de expressões a mais, porém não haviam mudado nada. Eles sorriram ao ver o filho, mas ficaram estáticos ao me verem. Min-Ah andou a passos rápidos e me abraçou fortemente.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Onde histórias criam vida. Descubra agora