Capítulo 4

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O dia da viagem havia chegado e estávamos fazendo nossos check-ins no aeroporto. Meus pais, Bia e Leo estavam conosco. Eles agiam como se não fossem nos ver durante anos. Minha mãe estava aérea e observava todos os cantos do aeroporto com um olhar triste. Ao ouvirmos a chamada para o nosso voo, ela pareceu acordar de seu transe. Bia correu para me abraçar.

- Faça uma boa viagem, amiga. E mande algum sinal para saber que vocês chegaram bem.

- Pode deixar, amiga.

Leo foi mais discreto e me deu um rápido abraço.

- Divirta-se, Lili. Sentiremos sua falta.

Por último, meus pais me abraçaram e parecia que eles queriam que o abraço tivesse o poder de os fazer eles entrarem dentro do meu coração para que não nos separássemos. Meu pai pegou meu rosto carinhosamente com suas mãos e dava para notar que ele estava segurando seu choro.

- Eu sei que serão trinta dias, mas eu vou sentir muitas saudades. Promete que vai falar com o seu pai sempre que puder?

- Claro que sim, pai. - Retirei suas mãos do meu rosto e as segurei. - Eu vou ficar bem, de verdade.

- Filha, eu sei que você vai estar bem com seus tios. - Minha mãe não se preocupava em segurar as lágrimas. - Mas saiba que se quiser voltar mais cedo, nos avise que compramos sua passagem.

- Tudo bem. - Dei um sorriso largo. - Eu amo vocês. Demais.

- Também te amamos.

Depois das despedidas, fomos em direção ao portão de embarque, mas tia Julia ficou um pouco para trás, pois meus pais falavam algo rapidamente com ela. Mas minha atenção foi desviada para Bia, que gritava de longe.

- Lilian Nogueira, não se esqueça que eu quero um cunhado!

- Cala essa boca, Ana Beatriz!

*****

Depois de dezoito longas horas de viagem, chegamos em Gyeongsang, na Coréia do Sul. O fuso horário me deixava confusa, mas eram aproximadamente 8 horas da manhã. O táxi nos deixou em frente à casa da família de Seong-Cheol, em Jinju. E já havia um jovem nos esperando do lado de fora. Magro, cabelos lisos e loiros, lábios pequenos e alto. Muito alto. Enquanto nós saíamos do carro e retirávamos nossas bagagens do porta-malas, ele pagou o táxi.

- Olá, sejam bem-vindos! - Respondeu após fazer uma reverência. - O senhor com certeza deve ser o Park Seong-Cheol, juntamente com sua família.

- Culpados. - Respondeu Seong-Cheol com um sorriso satisfatório. - Prazer em conhecê-lo, jovem. Essa é a minha esposa Julia e a minha sobrinha Lilian.

O menino parecia me olhar confuso, mas depois voltou a sorrir.

- Muito prazer. Me chamo Jeong Yunho. Sou namorado da Si-Yeon.

- Minha nossa! - Seong-Cheol arregalava os olhos. - A Si-Yeon já tem namorado. Meus sobrinhos já devem estar todos enormes e bonitos. Estou ansioso para rever todos.

Entramos pelo portão que dava acesso á casa. Ela era maior do que eu imaginava. Havia um jardim, com uma fonte, mesas e cadeiras, balanço e até mesmo uma casa em cima da árvore. Aos fundos havia uma piscina e uma cozinha. Yunho nos ajudava a carregar a bagagem até dentro da casa.

- Podem entrar. A senhora Park precisou ir ao mercado, mas Si-Yeon está na cozinha. Vou chamá-la.

Na entrada da casa, já haviam sandálias para nós. Não demorou muito até que uma garota de cabelos lisos e escuros aparecesse diante de nós. Em seus lábios carnudos era possível ver o sorriso ao ver seu tio.

- Tio! - A menina andava apressadamente em direção a Seong-Cheol, o abraçando finalmente. - Senti falta do senhor!

- Si-Yeon, minha sobrinha querida. - Seong-Cheol analisava cada detalhe do rosto da menina. - Quantos anos fazem? Oh, como você cresceu, como está bonita!

- Obrigada, tio. - Si-Yeon respondeu com um largo sorriso. - Como têm passado?

- Eu não tenho nada do que reclamar. - Disse rindo. - Ah, se lembra da Julia e da Lilian, sua sobrinha?

Si-Yeon sorriu ao ver minha tia, mas sua reação foi diferente comigo. Seu sorriso se transformou em um rosto sério e preocupado. Si-Yeon olhava dentro dos meus olhos como se pudesse ler meus pensamentos. E permanecemos assim durante alguns bons segundos até Yunho nos fazer voltar à realidade.

- Querida? - Si-Yeon deu um pequeno pulo ao sentir as mãos de Yunho sobre seus ombros. - Está tudo bem? Sente alguma coisa?

- Não... - Disse em voz baixa. - Eu não estou bem.

Yunho estranhou a atitude da namorada, assim como tia Julia e Seong-Cheol. Porém aos poucos, sua expressão séria foi se transformando em euforia. Si-Yeon sorria de canto-a-canto ao ponto de seus olhos formarem apenas uma linha. Ela ria descontroladamente, o que fez todos nós ficarmos assustados.

- Si-Yeon, o que está acontecendo?

Sem dar nenhuma explicação do repentino comportamento, Si-Yeon avançou em cima de mim, me dando um abraço forte.

- Eu não estou bem. Eu estou ótima! Estou radiante! - Disse segundos depois de me soltar.

Após o susto, eu e os outros só sabíamos rir de Si-Yeon.

- Eu não posso acreditar que você está aqui, Lilian. - Si-Yeon desviou sua atenção para Yunho, pegando em seu punho e chacoalhando. - Minha avó talvez não goste, mas espera só até o Banguela saber disso!

- O que seu primo tem a ver com isso, Si-Yeon?

Até o momento nenhum dos dois sabiam que tia Julia e eu podíamos entender tudo o que estavam falando, pois ao longo dos anos aprendemos a língua coreana. Apenas não estávamos falando. Mas por quê a avó de Si-Yeon poderia não gostar de mim? E quem era "Banguela"?

Aliás, de onde ela me conhece?

- Si-Yeon, quem é...

Seong-Cheol foi interrompido por um forte barulho de sacolas cheias caindo no chão atrás de nós. Ao virarmos havia uma senhora de estatura média, cabelos curtos e escuros como os da Si-Yeon. Sua expressão era de espanto total.

Mas a minha era de medo, pois eu reconheci esse rosto quase que imediatamente. Park So-Ra estava na minha frente novamente depois de anos. Meu corpo tremeu ao me lembrar de como ela havia insultado a mim e a minha família, mesmo eu sendo tão nova, de como ela arrancou aquele garotinho que estava do meu lado durante a cerimônia.

Mesmo tudo parecendo tão óbvio, minha ficha só caiu naquele momento: Eu corria o risco de ver Seonghwa de novo e eu e tia Julia teríamos que enfrentar a fúria da So-Ra.





Lembra do que eu falei, não é? As falas em coreano serão destacadas em itálico.

LILI E SEUS TIOS CHEGARAM NA CORÉIA DO SUL! Vamos ver o que rola daqui para frente rs <3

Minha Utopia (Park Seonghwa)Onde histórias criam vida. Descubra agora