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Narrador.

Ele estava desconfiado. Algo não estava nos eixos, e tinha total certeza disso. Não que não gostasse de vê-la bem, mas isso era relativamente estranho. Não tinha mudado seu comportamento mas seu semblante estava mais leve. Por enquanto, tudo o que faria seria observar. Reparar nos detalhes, para no fim, conseguir ter seu quebra-cabeça bem montado e muito claro.

Esses pensamentos rondavam sua cabeça enquanto fazia o caminho para o trabalho. Achou que tinha sido muito rígido com ela aquele dia...mas foi necessário, olha só as barbaridades que ela estava defendendo? Era seu dever fazê-la ver o correto. Aquilo era vergonhoso, não poderia deixar acontecer. Não se considerava uma pessoa homofóbica mas na casa dele não.

Aquela amiga dela realmente não lhe agradou. Não sabe ao certo um motivo claro para se pautar, só não gostou. Mas Caroline estava certa em partes... ele não conhecia a peça, só teve a primeira impressão, que não foi das melhores por sinal e a julgou mal.

Mas ele iria ficar atento. Qualquer coisa pode lhe ajudar a entender melhor o que se passa na cabeça da sua filha.

Caroline

Olho para o caderno na minha frente mas não consigo realmente prestar atenção naquelas palavras. Tenho ciência de que estou lendo mas se me perguntarem o conteúdo, irei ficar sem uma resposta coerente para oferecer. Não estava lendo nada, só estavam se passando as palavras.

Estava com a cabeça perdida nas nuvens, era sexta-feira, e eu queria adiantar minhas coisas para semana que iria chegar, não gostava de deixar nada acumulado.

Sua cabeça estava presa específicamente em uma sessão de beijos trocados na casa de Day, no dia que foram fazer o tal trabalho de física. Nós realmente fizemos o trabalho mas também outras coisas mais, pois não somos de ferro.

Ela beijava muito bem. De tirar todos os meus pensamentos de uma linha de raciocínio aceitável para conseguir pensar em outras coisas. Ficava ainda mais feliz, pois sabia que causava esse mesmo efeito nela porque além da própria me dizer, ela ficava um pouco perdida depois que nos beijávamos. Parada olhando para a minha boca e para os meus olhos, intercalando entre os dois.

E incluia tudo sabe? O beijo, a pegada...e bom, era ela.

Dou uma risada fraca vendo como estou rendida nessa garota. Não me julguem tanto, não cair nos encantos dela é complicado ainda mais para mim, que não fiz praticamente nenhum esforço para evitar.

Mas pensando bem, Day já tinha feito umas situações muito fofas para nós...o primeiro beijo, o drive-in (que mesmo sendo inusitado, eu achei uma graça) as vezes que ela me trazia o meu chocolate favorito ou quando me aparecia com uma flor do parque nas mãos para me dar de presente, com aquele sorriso torto que era só meu.

Eu tenho mania de dizer que ela é uma ogra mas ela se esforça bastante, enquanto eu, nunca fiz nada.
Me estremeço um pouco ao pensar nisso digo que ela é uma ogra, sendo que a ogra sou eu. Nunca vou admitir isso em voz alta no entanto.

Largo minhas tarefas para lá sabendo que não vou mais conseguir fazer nada, e aliviada que não tem nada para entregar em um prazo curto.

Começo a pensar em uma situação que eu posso fazer para nós duas... o que seria legal? Um piquenique talvez? Não, acho que não... Uma ida no cinema quem sabe!
Dou um sopro meio brava por só pensar em coisas óbvias demais.

Começo a andar pelo quarto quase que inconcientemente, e uma luz se acende no meu cerébro, que até fico meio boba de como não pensei isso de primeira!

Eu vou levar ela para uma noite no drive-in amanhã!
Murcho toda a minha animação logo em seguida pois não tenho um carro, e não vou pedir emprestado para o meu pai dizendo "oi pai, me empresta o carro do senhor para eu levar a Day em um encontro?" por mais que não parecesse eu tenho amor a minha vida.

My Dear Confidant - DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora