13

578 51 11
                                    

Narrador

O restante da aula não teve grandes emoções, mas se passou arrastado. Carol estava ansiosa para a conversa que teria com Day, e Day também estava um pouco nervosa, mas tentava ignorar esse sentimento. Elas tinham que conversar sobre como as coisas ficariam, sobre o que seria daquele momento para frente já que a vida não era aquele lindo conto de fadas que gostaríamos.

O sinal toca e todos os alunos arrumam rapidamente seus materias, ansiando o momento de chegar em casa depois de um longo dia.

Day olha para Vitão indicando que o mesmo pode sair na frente e não será preciso espera-lá. Ele entende o recado, e sai junto com o restante do grupo em direção as suas casas. Olha para o fundo da sala recebendo um sorriso tímido de Carol, e sorriu de volta quase que automaticamente. Arrumaram suas coisas e foram calmamente aos portões, já que o fluxo de alunos já tinha acabado portanto não tinha ninguém para passar por cima das garotas pela pressa.

_Que estranho começar uma conversa assim... - Day disse com ar risonho mas tenso.

_Realmente, não temos exatamente um ponto de partida. - Carol disse um pouco nervosa também, por não conseguirem colocar em pauta o que deveria ser dito.

Depois de um silêncio, que ambas as partes estavam ansiosas para quebrar, Carol disse:

_Isso é novo demais para mim sabe? - Day concordou com a cabeça, e continuou em silêncio dando o devido tempo para a garota continuar. - não que eu tenha me arrependido, longe disso. Mas é que eu não sei como prosseguir...

Carol se embolou um pouco com as palavras, não sabia bem o que lhe dizer.

_Eu entendo Carol, também é novo pra mim mas acho que em termos de desvantagens o seu lado tem mais - as duas soltam uma risada triste e sincronizada. - Eu posso te perguntar uma coisa?

Day queria confirmar se suas primeiras impressões eram as que deveriam ficar. Sabia que não seria a pergunta mais confortável, mas era necessária.

Carol acenou em concordância, e assim ela fez a pergunta:

_Os seus pais... eles ficariam ok com uma situação assim?

Carol abaixou a cabeça e negou, fazendo o coração de Day se apertar. Carol ficava frágil quando aquele assunto era pautado.

_Mas você continuaria mesmo assim? - perguntou com calma e muita delicadeza, para não deixar o momento mais pesado do que realmente é.

_Eis a questão - ela disse baixo - como faríamos? Não tem como sabe? Nós duas somos menor de idade, não temos a indepência para fazer o que quisermos com nossas vidas não tenho muito para onde fugir. O que você acha?

Day estava em uma situação difícil. Mas Carol também estava.

De um lado, tínhamos uma menina da qual sua família era ciente de sua orientação sexual e estavam aprendendo a lidar com isso muito bem. Do outro, tínhamos uma garota não assumida com pais muito consevadores, e que nunca iriam admitir tal coisa em sua casa.

_Olha... é tudo muito novo, se você não quiser arriscar tudo bem sabe? Eu entendo que pode ser difícil, essas coisas são complicadas, não quero forçar a barra de algo tão sério.

_É verdade. Que complicado né? Poderia ser mais fácil...

_Infelizmente essa vida é complicada as vezes, mais do que o necessário.

As duas caminhavam agora em silêncio pensando no que estavam conversando, e no quanto essa conversa era triste, no quão pesado era o motivo delas estarem com medo. O que elas estariam fazendo de errado para sentirem medo? Não, não era. Não estavam cometendo um crime, nem faltando com educação para as pessoas. Elas só queriam sentir essas borboletas no estômago sem medo. Elas queriam se apaixonar.
Parecia tão certo, mas um certo com tantas incertezas que era um tanto quanto cruel com duas adolescentes.

My Dear Confidant - DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora