Livro 1 Água - Capítulo 1: A Chegada na Tribo da Água do Sul

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Eu desembarco do meu navio em um porto, com várias pessoas em volta com agasalhos de pelo de Cão-Urso-Polar.

- Identificação, por favor. - Diz um guarda se aproximando.

Eu tiro do bolso do casaco uma carta de comerciante de peixes.

- Tudo bem, pode passar com a mercadoria. - Responde o guarda.

É retirado do navio dois baús com muitos peixes. Eu vou até a feira da vila, avisto uma loja e vejo uma oportunidade de vender minha mercadoria. Chegando lá eu vejo um homem bem vestido e logo deduzo que ele seria o dono da loja.

- Boa tarde, senhor. Gostaria de saber se o senhor está interessado em comprar dois barris com peixes frescos.

- Olá jovem mercador, estou sim. Ultimamente as vendas andam meio fracas e meu estoque de peixe está quase acabando. - Disse o senhor.

- E por quanto o Senhor está disposto a me pagar? - Pergunto.

- Estou disposto a pagar cinco moedas de ouro.

- Vamos fazer assim então, você compra os barris de peixes por três moedas de ouro. – Proponho.

- Mas todos esses peixes por apenas três moedas de ouro? Você está louco! - Fala o senhor com uma cara de espanto.

- O senhor disse que as vendas estão difíceis e você deve ter família para sustentar. Estou disposto a receber apenas três moedas. - Eu respondo, dando um sorriso.

- Nossa, não sei nem o que dizer para você... Muito obrigado. Se você tiver mais mercadoria amanhã, é só passar por aqui e você irá receber um desconto por hoje. É difícil ver pessoas de coração quente em um lugar tão frio. – Ele diz, cheio de gratidão.

Eu fico um pouco tenso, mas quando vejo o sorriso do senhor, me animo e volto a postura natural.

- Muito obrigado por comprar meus peixes. Vou procurar um lugar para ficar e se precisar comprar algo, já sei onde procurar.

Saindo da loja eu compro umas frutas e algumas carnes e vou atrás de um lugar para ficar. Vejo uma menina fugindo de dois guardas por roubar frutas, eu até penso em ir embora, mas acabo me colocando no lugar dela e logo penso em acompanhar de longe.

- Oh, merda de consciência. - Digo em minha mente.

Eles correm até um beco sem saída. Consigo subir em uma loja para ver de um ângulo melhor. Ouço um dos guardas segurando a menina.

- Sabe o que fazemos com ladrões por aqui?

Vejo um dos guardas arriando sua calca e grito:

- Larga ela!

Dou um salto e um soco direto na mandíbula de um dos guardas. O guarda que estava segurando a menina lhe solta e vem para cima de mim, mas logo a menina começa a dobrar a água com a neve e lança o guarda contra a parede fazendo ele bater a cabeça. Com os dois guardas nocauteados, pergunto para ela:

- Está tudo bem?

- Estou com a perna machucada, mas dá para sobreviver... Por que você me ajudou? - Pergunta a garota.

- Não consigo ficar parado quando vejo uma coisa dessas acontecer, e eu já estive no se... - Eu respondo, mas ela me interrompe.

- Tá bom, muito obrigada pela ajuda, mas tenho que ir para casa levar comida para meus pais.

Ela tenta caminhar, mas logo cai no chão com uma cara de dor e fica toda suja de neve e lixo que estava no chão daquele beco.

- Você não tem condições de andar, deixe-me ver sua perna. – Ofereço ajuda.

- Não foi nada, eu só tropecei.

Ela tenta se levantar, mas logo quando força a perna ela cai de novo.

- Tem certeza de que isso foi só um tropeço? – Questiono.

Você é médico por acaso? - Ela me pergunta, um pouco incomodada com minha insistência.

- Não, mas só quero dar uma olhada para ver como está. Eu posso dar uma olhada, por favor? – Insisto, pois acho que não consegue andar mesmo.

Ela me deixa ver a sua perna e vejo que está muito inchada o peito do seu pé.

- Você não vai conseguir andar com o pé nesse estado. – Explico.

- Eu aguento. – Ela responde, orgulhosa.

- Você não vai conseguir sair daqui, nem consegue dar um passo ou pior, nem se levantar. Até você conseguir se levantar aqueles guardas já vão ter acordado e você não vai sair desse beco. Deus sabe o que eles farão até te levar para a prisão. Deixe-me te ajudar!

Ela fica meio pensativa, analisando as possibilidades de ela sair dali antes que os guardas acordem, ela olha para seu pé inchado, olha para mim e fala:

- Tá, mas como você vai me levar até em casa? Vai me carregar?

- Exatamente, onde você mora? – Prontamente me coloco a disposição.

- Eu moro um pouco longe daqui.

- Tudo bem. Vai me mostrando o caminho.

Coloco o braço dela em volta do meu pescoço e com as compras na outra mão eu vou seguindo o caminho que ela vai me passando, até que chegamos em um lugar meio afastado do comércio e avistamos a casa dela. Chegando lá, vejo que é uma casa simples, bem diferente de onde eu morava. Ao entrar em sua casa, uma senhora de idade se assusta e me questiona:

- Coloque ela na cama, rápido! O que aconteceu com ela? Quem é você?

A senhora traz um balde com água e começa a usar a dobra de água para curar a perna da garota. A garota é bela, com seus 20 anos, dos cabelos pretos, olhos castanhos e a sua pele branca como a neve que cai na região da tribo da água do sul. A senhora tem os cabelos brancos, olhos verdes, rugas e pele morena. Eu respondo a senhora enquanto olho para a garota dormindo após passar a dor de sua perna.

- Eu sou um comerciante de peixes e estava fazendo compras. Daí a vi fugindo de dois guardas, ela foi levada para um beco e eles iriam fazer coisas desagradáveis com ela e eu a ajudei, mas ela também sabe se defende muito bem, só estava na desvantagem.

- Muito obrigada por ajudar a minha neta. – Diz a senhora, com lágrimas escorrendo em seu rosto.

- Não foi nada. Eu ajudaria qualquer um na situação dela, mas que bom que não foi nada mais grave. - Eu falo para a senhora enquanto a olho curando a perna da garota.

A avó termina de curar a perna da garota e depois ela curou um pouco a minha mão, pois estava com um machucado bem pequeno devido ao soco que dei no guarda.

- Como posso recompensa-lo por ajudar a minha neta? - Pergunta a avó da garota.

- Com nada senhora, eu só a ajudei.

- Posso fazer pelo menos um chá para recompensa-lo por ajudar minha neta? – Ela insiste.

- Deixa que eu faço o chá. A senhora já me ajudou com a minha mão. - Eu falo para a Senhora

A senhora concorda e eu faço um chá e cozinho com as coisas que comprei no mercado. Fico esperando a garota acordar conversando com sua Avó e tomando um belo chá com uma comida quente.

Avatar e Lenda Nunca Contada - Livro 1 ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora