XXXV. Entrega

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POV Rafa Kalimann

Mal conseguia pensar, mas tinha que responder a pergunta que Márcia me fez sobre querer entrar, tentei fingir um sorriso antes de responder.

- Não, muito obrigado - tentava não transparecer minha frustração ao ouvir que Gizelly foi atrás de Hariany.

- Você é a Rafaella? - me perguntou depois de me analisar. Como ela sabia meu nome?

- É... Isso. Me desculpa. Rafaella - estiquei a mão para ela.

- É um prazer te conhecer. - disse apertando minha mão - Márcia, mãe da Gizelly.

- O prazer é meu. - por que ela tava me encarando daquele jeito? Ela deu um leve sorriso.

- Eu aviso pra minha filha que você esteve aqui - o jeito como ela me olhava... Será que Gizelly falou algo? Não, não, claro que não, eu não sou tão importante assim.

- Eu agradeço. - sorri pra ela - Melhor eu pedir meu uber pra ir embora. Me desculpa por aparecer aqui assim.

- Tá tudo bem, eu sinto muito minha filha não está. Mas ela realmente teve que resolver um assunto com a amiga.

- Tá tudo certo. Eu que devia ter ligado pra ela antes. - fiquei triste, ela sorriu.

- Não quer mesmo entrar? Você pode esperar o uber aqui dentro - ela ofereceu.

- Não, não, muito obrigado dona Márcia - tentei sorri, mas havia tristeza em mim.

- Só Márcia - ela ainda me encarava.

- Desculpa de novo.

- Vou esperar aqui com você - ela falou.

- Não precisa dona... - ela me olhou repreendendo a fala - Márcia, só Márcia - ela sorriu e assentiu.

- Eu vou esperar, assim mesmo. O assunto era urgente? - me perguntou e eu me espantei.

- Não, não era. - tinha que inventar uma desculpa, mas realmente não consegui.

- Entra um pouco, eu e meu marido estamos bebendo e jogando conversa fora. - me encarou de novo - E você não parece está muito bem.

- Tá tudo certo, olha, o Uber tá chegando - apontei pra um carro no final da rua.

- Que bom que foi rápido - ela falou.

- Pois é. Mais uma vez, me desculpa vir aqui incomodar.

- Tá tudo certo - ela falou.

O uber parou na porta e eu caminhei até ele, o sentimento de frustração e tristeza fizeram o caminho até a porta do carro ser longo, a abri, me sentei, coloquei o sinto e o uber partiu.

- Você tá bem? - perguntou o motorista me olhando pelo retrovisor.

- Tô sim, eu posso abrir a janela? Preciso de ar - eu tava segurando o choro e os vidros fechados estavam me sufocando.

- Claro, senhora, sinta-se a vontade - ele me respondeu.

Mesmo com a janela aberta, tava difícil de respirar. Quando passamos por uma praça, pedi pra ele parar por um momento, desci rápido e as lágrimas caíram. O cara do uber ficou me olhando. Eu respirei fundo, me controlei e voltei para o carro.

- Me desculpa por isso - falei assim que fechei a porta, minha voz ainda tava embargada.

- Tá tudo bem, moça. - ele sorriu pelo retrovisor - Podemos ir?

Fiquei em silêncio, ainda estava respirando, deixei o vento entrar pela janela e bater em meu rosto, fechei meus olhos e respirei fundo antes de respondê-lo...

Não sei parar de te olharOnde histórias criam vida. Descubra agora