XXVII. Incertezas

1.8K 233 114
                                    

POV Rafa Kalimann

Era inegável o tanto que eu queria Gizelly, eu não conseguia mais esconder de mim mesma esse desejo, por isso não tive dúvidas sobre me entregar pr'aquela mulher e, por Deus, foi tão incrível que palavras não descreveriam.

O toque dela, os beijos, cada mínimo detalhe de tudo que ela fez foi perfeito, eu estava feliz, sexualmente realizada e ao lado de uma mulher incrível... mas a realidade me chamou.

Quando eu retornei para o quarto que eu iria ficar, vi Mel dormindo tão serena, completamente alheia ao que acabou de acontecer no quarto de Gizelly, meu coração apertou e eu me senti uma fraude.

Comecei a pensar em Vinícius, no fato de que ainda sou casada, pensei em Mel e no que tudo isso significaria pra minha filha e tudo que pude sentir foi culpa. Não preciso dizer que, apesar do meu corpo se encontrar perfeitamente leve, minha mente e coração estavam pesados demais. Resultado: não dormi nenhum pouco bem.

Na manhã seguinte acordei e vi que Mel não estava mais no quarto, então tomei um banho rápido e desci, durante todo o percurso até onde as vozes se faziam presentes, pensava em como agir com Gizelly. Eu não queria magoá-la, mas tudo deu errado. Deu tudo muito errado... E então, as palavras ditas quebraram meu coração:

"- Um erro! Eu devia ter previsto isso, é claro que você ia achar isso, como eu fui ingênua... É mais que claro que eu continuo sendo seu brinquedo preferido [...] Tá tudo bem, Rafaella, não precisa falar mais nada. Eu que sou a idiota que prefiro me iludir achando que você tem capacidade de assumir seus desejos. Quer saber? Eu cansei. Cansei dessa brincadeira, cansei de te querer e ter só tuas migalhas quando tá afim de me usar. Cansei disso. E sabe o que mais? Aquilo foi mesmo um erro. E um dos bem grande. Melhor a gente esquecer que aquilo aconteceu."

Droga! Parece que tudo que faço é reviver estas palavras em minha mente. Eu deveria ter dito que não a vejo como meu brinquedo, queria ter dito que não, isso não é uma brincadeira, queria ter ficado bem e feliz com tudo o que rolou. Mas não! Não consegui.

A semana que se iniciou foi um lixo, parecia que tudo tava saindo errado: o estágio tava uma bosta, meu casamento tava mais forçado que nunca, Gizelly não falou mais comigo, na verdade, me mandou o nome de uma outra psicóloga pra Mel, na verdade pediu pra sua secretária fazer isso.

Eu só queria sumir sabe?

Mas não pude fazer isso. Manu até me chamou pra passar o feriadão com ela e Thelminha, mas eu recusei, precisava de Mel, de ter momentos bons com minha filha, de preferência bem longe de Vinícius. E foi o que eu fiz. Peguei minha filha e fomos passar esse tempo em Goiânia, meus pais estavam morando por lá e ficaram mais que felizes em nos receber.

- Oi minha filha! - minha mãe disse com um sorriso em seu rosto assim que me viu no aeroporto.

- Oi mãe. - respondi devolvendo o sorriso.

- Oi Melzinha! - falou puxando Mel pra um abraço.

- Oi vó! - minha filha estava tão contente com esse feriado que sua fala saiu alta e empolgada.

- Cadê o pai? - perguntei quando notei a ausência dele.

- Ficou em casa, ele tinha que ajeitar umas coisas antes que cês chegassem. Vamos indo? - eu e Mel concordamos e assim fomos pra casa de meus pais.

Mel estava leve, feliz, seu sorriso era contagiante, mas apesar disso, sentia uma certa incerteza dentro de mim, algo não estava legal e Gizelly invadia meus pensamentos de forma avassaladora.

Não sei parar de te olharOnde histórias criam vida. Descubra agora