XLVI. Amor

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POV RAFA KALIMANN

Depois da ligação de Gizelly, de ter ouvido ela dizer que eu não queria nada com ela, eu acabei chorando no colo de Manu, eu já estava um pouco embriagada, então meu choro saia mais fácil. Minha amiga tentava me consolar, mas não ouvia o que ela dizia, apenas conseguia escutar os gritos que minha mente dava sobre o assunto. 

Na manhã seguinte mandei mensagem para Gizelly dizendo o que estava sentindo, dizendo que eu tava apaixonada por ela e queria tentar, expondo minha preocupação com o como minha filha reagiria quando soubesse do fato de que a mãe estava apaixonada por uma outra mulher. Eu precisava disso, simplesmente falar, botar pra fora e foi exatamente isso que fiz.

Um pouco mais tarde, na verdade às 15h33min, recebo uma ligação de Gizelly, meu coração dispara e eu hesito por alguns segundos antes de atender, mas só por alguns segundos, porque quando me dei por mim, já tinha um sorriso idiota e um dedo meu atendendo a ligação e levando meu celular até o ouvido.

- Oi, Gi - falei assim que o celular encostou em minha orelha.

- Rafaella? - sua pergunta foi retórica, mas eu acabei respondendo.

- Isso, sou eu.

- É... Não. Eu sei que é você, é só que... Eu tô em São Paulo e quero te ver. Na verdade eu preciso te ver. Será que, você... Hm, não sei. Hoje é domingo e... - ela falava um pouco nervosa.

- Eu tô em casa. Mel tá passando o dia no apartamento da nova amiga dela que mora aqui no prédio. De repente, se você quiser, cê pode tá vindo pra cá e a gente conversa. - falei tentando soar calma, mas por dentro meu coração palpitava e gritava a cada palavra que eu dizia - Vai ser ótimo você vir. Conhecer o lugar... - fiz uma breve pausa - Eu vou poder te abraçar...

- Seria ótimo. - senti o alívio em sua voz - Cê me passa o endereço que eu chego já aí.

- Tá bom - disse e ia desligando quando ouvi Gizelly falar comigo, voltei com o celular para meu ouvido.

- Rafaella... Eu vou adorar te abraçar - eu sorri, ficamos alguns segundo em silêncio e em seguida desliguei, sem falar nada, mas sabia que naqueles segundos, um sorriso estava presente em nossos rostos.

Minutos depois de mandar meu endereço, Gizelly estava na minha porta, a cada passo que eu dava para me aproximar da porta e abri-la, parecia uma eternidade. Quando a abri e vi Gizelly ali, parada, minhas pernas estremeceram e eu pude sentir cada molécula do meu corpo vibrar com a sensação que Gi me causava. Ela sorriu leve e eu retribui. Naquele momento parecíamos estranhas, duas mulheres sem intimidade alguma.

- Oi - falei incerta.

- Oi. - ela respondeu aumentando um pouco seu sorriso - Posso entrar?

- Claro. Claro. Entra - disse dando passagem para ela, que passou por mim devagar e me encarando, senti meu rosto corar.

- Então este é o teu apartamento? - perguntou olhando tudo e em seguida parando seu olhar sobre mim, eu apenas balancei a cabeça positivamente e ela sorriu vendo uns enfeites na sala - É bem sua cara mesmo.

- Fizemos ter.

- Eu sei que sim - ela respondeu parando seu olhar no meu.

- Q-quer algo? - perguntei enquanto desviava o meu olhar.

- Você... - ela disse em um sussurro quase inaudível.

- Que? - perguntei como se não tivesse entendido.

- Aceito água. O dia hoje tá quente né? - ela mudou de assunto.

- Tá mesmo, eu vou pegar, sinta-se à vontade. Minha casa é sua casa - falei dando as costas e quase ouvi ela sussurrando um "ainda não", mas ignorei, devia ser só minha imaginação.

Pode não parecer, mas eu fantasiei muito esse momento de reencontrar Gizelly já estando consciente de meus sentimentos e desejos. Criei diálogos completos com vários desfechos, mas em nenhum, eu ficava tão sem assunto e desconfortável como estava agora. Parecíamos duas estranhas se encontrando pela primeira vez. E minha mente ainda me pregava peças me fazendo ouvir coisas que não foram ditas.

- Então... - ela disse, repousando o copo no centro que ficava em frente ao meu sofá, eu a encarei enquanto mexia na mão demonstrando meu desconforto - Tá tudo bem, Rafaella. - ela segurou minha mão inquieta sobre minha coxa, eu desci meu olhar para encarar o ato e ela continuou - Eu ainda sou a mesma Gizelly, tá? - respirei fundo e a encarei, ela me olhou e sorriu - Oi, de novo - eu sorri.

- Desculpa. Acho que fiquei nervosa demais - fui sincera.

- Acho que eu percebi - ela disse soltando minha mão e eu logo a levei até meu rosto, cobrindo meus olhos e sorrindo, mais uma vez.

- Oi, Gizelly - falei ao tirar a mão do rosto e encarar a mulher a minha frente.

- Oi - ela disse com um tom suave em sua voz.

Nossos olhos se encontraram, agora, mais calma, eu pude notar que ela continuava linda. Ela sorriu e eu automaticamente fiz o mesmo, meu coração tava acelerado, minha respiração começando a ficar ofegante. Dessa vez, Gizelly não me parecia uma incógnita com o que tava sentindo, ela demonstrou, dava pra ver que ela estava sentindo o mesmo, dava pra ver seu coração pulsando em seu peito, dava pra sentir sua respiração ofegante, dava pra ver seu olhar de saudade.

- Acho que faltou um abraço - ela quebrou o silêncio.

- Acho que faltou muita coisa. - falei claramente fazendo referência a tudo o que não vivemos nas últimas semanas e ela apenas assentiu em concordância - Mas começar por um abraço seria maravilhoso - admiti.

Coloquei meus braços ao redor do pescoço dela e devagar aproximei nossos corpos, queria aproveitar cada segundo dessa sensação. Senti os braços de Gizelly apertarem firme minha cintura, seguido de uma mexida no sofá para se encaixar melhor no abraço. Ficamos ali por algum tempo, até que inclinei minha boca para mais perto do ouvido dela e sussurrei:

- Tava morrendo de saudades disso.

Em resposta, senti o nosso abraço ficar mais aperto, em seguida ela disse, também em sussurro:

- Eu também tava.

Mais alguns segundos se passaram até que o contato firme foi se afrouxando e logo estávamos separando nossos corpos e ligando nossos olhares. Ela esboçou falar algo, mas eu me adiantei, queria muito falar, eu precisava falar, tinha urgência nisso, queria esclarecer tudo e não, dessa vez não podia mais deixar o tempo escapar.

- Eu tô apaixonada por você. - um silêncio ensurdecedor apareceu e na ausência de palavras de Gizelly, que me olhava surpresa com a frase direta que eu mandei, eu continuei - E eu quero isso. - falei segurando a mão dela - A gente. Eu quero isso, muito. - continuei falando e o olhar de Gizelly seguia firme no meu - Eu sei que posso não ter sido a melhor pessoa do mundo pedindo tanto tempo e espaço, mas é que tudo era tão... - balancei a cabeça negativamente - Eu tô aqui agora. Eu sou a melhor versão de mim que eu poderia ser. E essa versão quer você Gizelly Bicalho. E... 

Eu simplesmente parei de falar, o sorriso que Gizelly me lançou me disse que ela havia entendido, logo suas mãos repousaram em minhas bochechas e seu lábio estava se chocando com o meu. Um beijo apaixonado, carinhoso, delicado. Um beijo que dizia muito mais que qualquer monólogo que eu tentasse criar para expressar tudo o que eu estava sentido. Um beijo que transparecia que Gizelly também queria isso, que ela tava apaixonada por mim. Um beijo que nos fez sorrir ao mesmo tempo em que acontecia. Aquele tipo de beijo que remetia a um único sentimento: amor.

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Notas finais

Gente, desculpa, mas ando só existindo. Sem experiências sociais acabo não tendo o que falar ou escrever. Estou aos poucos tentando me melhorar e finalizar isso aqui.

Mais uma vez, desculpa. 

Não sei parar de te olharOnde histórias criam vida. Descubra agora