- Snape – 11 de dezembro de 1993 | Quarta -
Violet adormeceu com a cabeça em meu colo, deitada de lado no sofá e coberta pela minha capa. Uma de minhas mãos pousou em seu braço enquanto a outra permaneceu no seu cabelo. E pela primeira vez em anos... me senti completo.
Desde que eu soube que Violet era minha filha passei a observá-la mais atentamente, procurando por qualquer semelhança com Lillian. Sempre fui reservado e fechado para qualquer emoção, mas aquela garota conseguia despertar-me. Quando me provocava, seus olhos brilhavam de emoção e tinham o dom de me irritar enquanto suas palavras me atiçavam. Por mais raiva que pudesse sentir durante as discussões, não conseguia sentir rancor por muito tempo, era só olhar em seus olhos azuis extremamente curiosos e desafiadores que me esquecia de tudo.
Quando voltou da "visita" à mãe adotiva percebi que algo estava errado. Sua expressão era de pesar e angústia. Algo em seus olhos transmitia dor... É incrível como em tão pouco tempo eu já conseguia desvendá-la! Assim que ouvi a Lovegood revelar seu segundo nome, congelei. Eileen. Saber que ela levava o mesmo nome que minha mãe emocionou-me mais do que deveria, e foi então que comecei a procurar em seu rosto por maiores similaridades com Eileen Snape.
Com seus cabelos espalhados pela almofada em meu colo, para minha surpresa, percebi que Minerva estava certa e que Violet e Eileen eram idênticas, especialmente pelos fios negros levemente ondulados e brilhantes. Seu rosto tinha os mesmos contornos que o de minha mãe. Os olhos então... Merlin, como não vi isso antes?
Quando aquele berrador começou a gritar com ela senti meu sangue ferver de raiva, porém, o que mais me surpreendeu foi sua expressão vazia e sem vida, por um momento senti vontade de ir até a mesa e tirá-la de lá. Não pensei em nenhuma das consequências, apenas me levantei bruscamente e a segui assim que ela deixou o salão. Andei por todos os corredores do primeiro andar e nada, a angústia começava a tomar conta de mim quando ouvi um gemido abafado no topo das escadas. Imediatamente subi e procurei pelo som, chegando num canto do corredor escuro. Violet apoiava-se na parede enquanto chorava e soluçava... Eu não sei dizer o que exatamente senti naquele momento, mas sabia que uma parte de mim se quebrava ao vê-la chorando... não pensei em nada, apenas aproximei-me e toquei seu ombro. Violet virou-se rapidamente, sem olhar, e atirou-se nos meus braços, surpreendendo-me. Imediatamente senti a necessidade de confortá-la e a abracei, sentindo algo que nunca senti antes.
Era o momento que eu estava esperando para tentar consertar as coisas! Abracei-a o mais forte possível quando a sede de conforto me atingiu. Ficamos assim por alguns minutos e logo se afastou, confusa. Assim que me viu, percebi o choque em seus olhos.
Vê-la tão nervosa e confusa partiu-me, porém, incentivou-me a fazer algo que tive vontade desde que o berrador apareceu: tira-la de lá. Tomando sua mão, conduzi-a pelo corredor rapidamente. Sua expressão ainda era confusa e pensativa, parecia perdida.
Logo chegamos ao salão comunal da Sonserina, nos sentamos em frente à lareira recém-acesa e fiz algo que nunca pensei: desculpar-me. Aos poucos percebi que Violet ficava mais à vontade para me confidenciar sobre o final de semana com a mãe adotiva.... Desde o sótão até a discussão, cada detalhe dos últimos dias estava gravado em sua mente, e era claro o quanto estava decepcionada. Quando contou sobre o tapa, suas mãos instintivamente cobriram o rosto e seus braços apoiaram-se nos joelhos, lágrimas caindo com mais ferocidade. Tive que me controlar para não procurar essa mulher e estuporá-la, lançar um Crucius ou qualquer coisa que a fizesse sofrer.
Realmente doeu vê-la naquele estado e instintivamente abracei-a trazendo-a para mais perto, onde sua cabeça apoiou-se no meu ombro. Violet continuou a narrar os detalhes da discussão e, a cada palavra, mais raiva eu sentia. "Você nunca deveria ter nascido", quem era essa mulher para falar desse modo com a minha filha?! Quem era ela para inventar mentiras absurdas sobre a Lillian?!
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The Orphan
FanficLilian Evans amava Thiago Potter com todo o seu coração, mas às vezes ele conseguia deixá-la completamente irritada e fora de si. Em uma dessas vezes, porém, Lillian procurou consolo nos braços do ex-amigo sonserino... e passaram a noite juntos. Cer...