IX Agosto de 2010

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__ Acorda menino! Você já tá velho para eu ficar te chamando para ir para escola!

Anderson abriu os olhos e viu sua mãe um tanto brava, sabia que ela não gostava de acordá-lo, afinal era enfermeira e muitas vezes tinha plantão durante a noite e quando chegava tudo que ela queria era dormir. Apesar de toda sua banca de garoto mal gostava muito de sua mãe e a tratava com todo carinho e respeito que conseguia. Ele a descrevia como uma mulher muito forte, sempre fez de tudo para que vivessem bem; seu pai sumiu quando ainda era criança, tinha pouquíssimas lembranças com ele, nunca perguntou para sua mãe o motivo do sumiço mas imaginava que ele deveria ter outra família, pois nunca parava em casa, por isso suas lembranças com ele eram poucas, ela culpava o ex pelo comportamento rebelde de seu filho, sabia as coisas que Anderson aprontava e sempre tentava orientá-lo para o caminho certo, mas o menino era teimoso e só fazia o que queria.

__ Já vou Dona Teresa.

__ Para de me chamar assim moleque! Não sou tão velha para me chamar de Dona.

Ele deu uma risadinha, adorava ver o rosto irritado de sua mãe, mas ainda se recusava a levantar afundando-se ainda mais nos lençóis.

__ Céus menino, só falta mais um ano para você se formar, você não vai querer repetir de ano.

__ Que saco! – Ele respondeu.

Levantou-se e começou a se trocar, ela dobrava a roupa que ele havia espalhado no chão. Ele percebeu o olhar dela ficar diferente sabia que queria lhe dizer algo, mas não sabia como.

__ O que foi mãe? Conheço essa cara.

__ Sua amiga acordou ontem.

Ele a olhou um tanto preocupado, fazia dois dias que a levou para o hospital e todo esse tempo ela permaneceu na UTI em coma induzido, ela teve uma leve hemorragia no lado esquerdo do cérebro, não foi necessário fazer uma operação, mas ninguém sabia que teria alguma sequela.

__ Como ela está ela disse alguma coisa?

__ Não, tentei falar com ela, mas ela não me respondeu, fiquei com muita pena dela e da mãe, sabia que ela também é enfermeira? Mas não a levou para o hospital em que trabalha, não sei por que, só foi visitá-la uma vez, fiquei com pena da pobre menina.

__ Se eu for para escola você me deixa ir junto com os meninos ver como ela está?

__ Andy você sabe que só é permitido parentes.

__ Por favor, talvez ela fale com a gente, vou até fingir que você não me chamou desse apelido escroto.

__ Tá bom. – Ela respondeu dando um sorriso.

Era muito apegada a seu filho e as vezes era difícil acreditar que ele já era quase um homem e que só agia como criança para conseguir o que queria.

Quando Cassandra acordou, sentia sua cabeça doer, pouco tempo depois estava uma junta de médicos em torno dela, eles verificaram a reação de seus olhos com uma luz.

__ Você se machucou feio em mocinha? Você está em um hospital e estamos cuidando de você, então vou precisar fazer alguns exames, consegue entender o que eu estou dizendo?

Ela acenou que sim com a cabeça.

__ Muito bem, pode mexer os dedos dos pés para mim?

O médico verificou suas funções física e constatou que estava tudo bem, só não entendia por que ela não falava.

__ Você não está conseguindo falar?

Ela fez que não com a cabeça e virou para o lado só queria ficar quieta, era difícil acordar em um lugar estranho com pessoas que nunca havia visto em seu redor, tinha medo de dar alguma resposta errada, ou deles perceberem que ela era diferente e passarem a trata-la com desprezo, passou o dia olhando para nada, hora e meia via a imagem de sua tomografia, "Então esse é meu problema", ela pensava isso não só pela hemorragia, mas por sua doença que não facilitava sua vida em nada.

After Midnight - Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora