XXIV Dezembro de 2017

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Heitor estava animado em trabalhar naquele caso secreto com Ana, não entendia bem o interesse da colega pela moça desaparecida, mas ficou feliz em ela ter lhe escolhido para ajudá-la nessa missão secreta. Dra Cintia foi surpreendida com a visita dos detetives em seu consultório, achava que a polícia não iria fazer nada para ajudá-la, já havia se conformado com isso.

Ana e Heitor adentraram na sala e se sentaram em um grande sofá, logo a detetive tirou um bloco de notas pronta para anotar todas as informações que pudessem lhe ajudar.

__ Desculpa chegarmos assim, mas infelizmente com tantas investigações não conseguimos marcar um horário, espero que não seja um problema.

__ De forma alguma, achei que ninguém iria procurar Cassandra uma vez que ela não tem familiares.

Ana olhava com atenção as expressões faciais da médica, era muito boa em "ler" as pessoas e podia dizer com toda a certeza que aquela mulher sentia um misto de pena e medo.

__ Gostaria de saber mais sobre essa pessoa que procuramos.

__ Eu faço o acompanhamento dela já faz 7 anos, o caso dela foi bem conhecido, ela foi vítima de um estupro coletivo e acabou matando três de seus agressores deixou outro tetraplégico.

__ Realmente surpreendente, porém compreensível. – Disse Ana.

__ Entendo o seu ponto de vista, mas o grau de violência foi extremo, além disso ela passou por diversas situações em sua vida que sinceramente acho difícil de superar, nas consultas ela me parece alguém muito doce, mas por vezes noto um olhar vazio de quem não tem nada a perder.

__ Entendo.

Por um momento Ana achou que seu pressentimento estava errado, não poderia julgar um caso isolado como aquele, talvez depois de conhecer a garota tivesse uma outra opinião, mas no momento tudo lhe fazia crer que a jovem era apenas uma vítima das circunstâncias.

__ Eu tenho os relatórios do hospital em que ela ficou internada, podem ver caso se interessem.

__ Você pode fazer isso? – Disse Heitor.

__ Na verdade ele nem deveria existir uma vez que o hospital pegou fogo, quero apenas ter a consciência tranquila de que eu fiz o máximo que pude para ajudá-la, sei que não deveria dar informações da paciente, mas quero encontrá-la.

Ana e Heitor deixaram o consultório, ambos tiveram impressão de que a médica tinha uma espécie de medo da garota, mesmo tendo falado coisas boas sobre ela. Foram até uma lanchonete onde ficaram lendo os arquivos, definitivamente uma história complexa, o que fazia com que eles pensassem a mesma coisa que a Dra., seria possível que ela conseguisse uma vida normal depois de tudo que havia passado?

__ Complicada a vida dessa mulher, não sei o que pensar, ela é vista como alguém ruim pelo que fez, mas teve seus motivos. – Disse Heitor.

__ Concordo com você, mas o medo da médica é justificável, depois de toda essa desgraça vai saber o que se passou na cabeça dela e precisamos concordar que uma garota derrubar 5 rapazes é um pouco anormal.

__ Acredito que foi apenas um surto devido a violência que ela sofreu, tem pessoas que fazem coisas insanas para sobreviver, mas pensar que ela é uma psicopata acho que pode ser precipitado.

Ana olhou para Heitor por um momento, até concordava em partes com seu argumento, de fato a maioria das vítimas do assassino que procuravam eram grandes então seria difícil acreditar que uma garota com àquela altura e peso poderia fazer algo tão complicado.

After Midnight - Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora