II Agosto de 2010

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Marcos estava entediado, já havia cansado dessa rotina sem sentido, toda noite era obrigado a fugir para um mundo só seu, esse era seu carma, ter um pai bêbado e violento cuja a vítima era sempre sua mãe, muitas vezes sobrava para ele também, algumas vezes tentou reagir, mas era sempre repreendido "Ele é seu pai, por favor não faça isso!" era essa a sua vida, tinha tanto ódio daquela situação, muitas vezes se pegou imaginando como seria feliz se pudesse sumir com aquele maldito. Escutou seu celular tocar, talvez fosse sua chance de realmente sair daquele lugar pelo menos por hora.

__ E aí Anderson? O que manda?

__ Tá fazendo o que?

__ Jogando Resident Evil 3, tô empacado em uma parte tensa.

__ Hum... Os moleques me chamaram para invadir a festa do playboy que mora perto da escola, acho que é Carlos o nome dele.

__ Que moleques?

__ Sei lá o nome deles, só sei que me pagaram uma grana para dar meus "parabéns" para o tal de Carlos, tá afim?

__Meu, você tá batendo nos caras por dinheiro agora.

__Aff, não estou pedindo conselhos, babaca, eu bateria nele mesmo de graça, ele me irrita.

Marcos escutou o barulho de copo quebrando e sua mãe gritava ao fundo "para, para", ele começou a tremer.

__ Daqui cinco minutos tô na sua casa "Devil A".

__ Beleza te espero.

Marcos desligou o telefone e pulou a janela, mesmo estando no segundo andar não se machucou já estava acostumado com isso, para um rapaz de 16 anos era uma grande explosão de adrenalina, seu momento de liberdade, podia fugir de seu pai desgraçado. Seu amigo morava próximo e ficou esperando na esquina.

Anderson olhava o amigo andando depressa meio desajeitado, Marcos era um garoto comum, não se destacava em nada sua aparência era mediana, assim como sua inteligência, também não era bom de briga, mas era seu melhor amigo e ele sabia dos problemas que o rapaz tinha em casa, então mesmo que pudesse deixá-lo mais enrascado tentava ajudá-lo. Eles se cumprimentaram e foram rumo a sua aventura.

Depois de pegar um ônibus, chegaram na tal festa, os pais do anfitrião havia saído de férias e tudo estava uma zona, bebida e adolescentes por todos os lados, Anderson estava animado, entrou de penetra fácil, arrastando Marcos consigo pegaram cervejas e começaram a festejar também, como se fizessem parte daquele lugar. Estava tudo indo bem, todos dali pareciam nadar na grana, mas estavam bêbados demais para notar a aparência simples da dupla que pareciam bem à vontade dançando e bebendo, no instante que Marcos se distraiu perdeu Anderson de vista, começou a procurá-lo pelos cantos da casa, conforme andava pelo lugar encontrou um grupo de garotas que intimidavam outra que nitidamente não pertencia àquele lugar devido suas roupas cafonas.

__ Acorda menina! Carlos fez uma aposta com os colegas você é só a feia e esquisita que eles apostaram, você não é ninguém, Cassandra medonha!

Elas riam enquanto batiam na garota acuada, eram tantos socos e chutes que era impossível da menina revidar, depois de deixá-la jogada no chão jogaram alguma bebida nela e saíram rindo, Marcos não a ajudou simplesmente ficou parado olhando, já havia visto cenas semelhante e não queria se envolver em um problema que não era dele, mas ao contrário do que ele imaginava ela não chorava, sua aparência era de tristeza e dor, mas nenhuma lágrima sequer brotava em seus olhos verdes.

__ O que houve com a garota Nerd? - Perguntou Anderson se aproximando sem que ele percebesse.

__ Acho que ela roubou o namorado de alguém.

__ Hum.

A garota se levantou e foi embora de cabeça baixa, não notou a presença de Marcos ou de Anderson.

__ Fabio e André acabaram de chegar é agora que a nossa festa vai começa. - Anderson falou animado com um sorriso único em seu rosto.

__ Sim.

Os amigos se reuniram e encontraram o dono da festa próximo à piscina, um rapaz muito bonito e alegre com diversos amigos a sua volta, muitos deles devido ao sua condição financeira, mas o garoto era tolo demais para perceber tal coisa.

__ Você, dormiu mesmo com a Cassandra medonha? - Perguntou um dos amigos do anfitrião da festa.

__ Você é mesmo corajoso cara!

__ Olha aqui eu tirei uma foto dela na minha cama e deixei uma marca nela para sempre. - Respondeu Carlos.

__ Marca?

__ Sim, apaguei meu cigarro na virilha dela, agora ela vai sempre se lembrar de mim.

O grupo de colegas caíram no riso, Marcos estava horrorizado com o nível da conversa, imaginava se a garota que eles se referiam era a que ele havia visto antes, notou que Anderson sorria de forma bizarra, arreganhando os dentes, esse era o sinal que todos esperavam e logo em seguida foram para cima dos rapazes, como sempre Marcos era apenas o espectador, gostava de assistir as cenas de violência só participava em último caso, analisava cada movimento de seus colegas, como se estivesse vendo uma peça, em nenhum momento se alterava ou mudava sua expressão.

Anderson deu uma joelhada no nariz de Carlos fazendo-o quebrar, o sangue se misturava com o suor, ele era rápido, antes que o rapaz se desse conta do que estava acontecendo fora atingido novamente por uma sequência de socos, estômago e boca, a dor era tanta que caiu no chão na esperança que o inimigo se afastasse, mas Anderson era implacável, os amigos do playboy tentaram defender o colega, mas Fabio e André eram tão bons de briga quanto o "chefe", mesmo estando em desvantagem de seis contra três, era impressionante que quase nenhum soco dos adversários o atingia. A briga acabou quando o som da polícia foi nítido, todos correram. Com toda à confusão Marcos foi deixado para trás, mais tarde quando a adrenalina havia passado Anderson começou a gargalhar com os colegas.

__ Vocês viram a cara daquele babaca, foi muito hilário.

__ Isso é porque você nunca é atingido né Devil A.

Anderson olhou para os lados e percebeu algo extremamente importante.

__ Gente cadê o Marcos?!

After Midnight - Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora