⚠ Conteúdo sensível/ Não recomentado para pessoas sensíveis⚠
Se existisse uma receita para transformar alguém em um monstro de certo Cassandra estava fazendo-a passo a passo, não que fosse essa sua intenção, mas desde o incidente com o ácido sua vida ganhou um vazio inexplicável, sua mãe só foi ao hospital para assinar os papéis de alta, infelizmente ela não poderia receber todo o tratamento lá, uma vez que poderia correr o risco de pegar uma infecção, no primeiro dia do incidente sua pele havia ficado preta, no segundo começou a inchar, foi nesse dia em que voltou para casa, no terceiro sua pele rompeu e sua carne apodrecida começou a cair os pedaços, era necessário lavar e esfregar bem para tirar toda carne morta para evitar risco de infecção, desde que tudo aconteceu não havia olhado no espelho para ver o que havia acontecido e ao fazer isso toda a dimensão do que estava passando veio a tona, ela nunca conseguiria limpar aquilo sozinha tinha um buraco imenso em suas costas e as outras partes afetadas tinham bolhas, sua mãe a ajudou no primeiro dia que voltou para casa, mas toda vez que a esfregava Cassandra berrava de dor e chorava implorando para ela parar, era como uma nova espécie de tortura uma dor que ela nunca havia sentido como se atravessasse seus ossos, sua mãe tremia e chorava se sentia incapaz de fazer aquilo e deixou de ajuda-la, não porque quisesse que ela ficasse ainda pior, mas porque simplesmente não aguentava ver a filha chorar, podia ouvir Cassandra chorando dia e noite de dor, se sentia inútil, incapaz, como se tudo aquilo fosse sua culpa, aquelas emoções estavam a dominando cada vez mais. Para piorar recebeu uma ligação da escola solicitando que ela comparecesse, esperava que pelo menos os culpados fossem pegos e pagassem pelo que fizeram, mas não ocorreu como imaginava, o diretor disse que a culpa do incidente era de Cassandra por agredir a colega de turma. Pela primeira vez Helena brigou pela filha, estava revoltada com tudo aquilo, questionou o motivo de alguém ter entrado na escola com algo tão perigoso, o diretor simplesmente mudou de assunto, disse que a escola pagaria o tratamento da menina, mas que ela não poderia mais frequentar aquele lugar novamente, fazendo com que ela voltasse para casa arrasada, não tinha coragem nem de erguer a cabeça, tinha que ter tomado uma atitude muito antes, desde a primeira vez que viu a filha ser agredida, deveria ter tido coragem e ido embora daquela maldita cidade, quem sabe ir para um lugar longe onde ninguém as reconhecesse, mas tinha medo do desconhecido, tinha medo de mudar e perder o pouco que tinha e agora tudo estava daquele jeito.
Quando chegou em casa foi dominada por um cheiro forte de podre que dominava todo o ambiente, Cassandra chorava sozinha no quarto, não tinha mais forças para gritar, pois sua garganta ainda doía devido as queimaduras internas, desde o acontecido não tinha falado nenhuma palavra apenas gemia e gritava de dor, tentando aliviar a situação da menina a mãe começou a medicá-la com morfina e remédios para dormir, a garota nem questionava simplesmente aceitava qualquer medicamento que pudesse aliviar o que estava sentindo. Sua mãe sentou-se ao seu lado e ficou olhando para filha, que de tanto chorar tinha o aspecto bem diferente do que costumava ver.
__ Você...devia... ter...me abortado.
Aquelas palavras foram como punhais em seu coração, Helena chorava ao lado da filha, não queria que ela levasse uma vida miserável, a garota não tinha culpa das coisas que aconteceram não era justo que ela fosse obrigada a viver assim, o que seria dela agora? Como poderia ter uma vida normal depois desse trauma? A mãe pousou a mão nos cabelos da filha que já estava dormindo e tomou uma decisão muito questionável, foi até seu quarto abriu seu guarda-roupas e encheu uma seringa com morfina com uma dose potencialmente fatal e aplicou em Cassandra que estava adormecida, passado alguns minutos, percebeu a respiração da garota ofegante, sabia que a filha estava morrendo, seu instinto materno aflorou, correu para o mesmo armário e lhe aplicou naloxona (antídoto em casos de overdose de morfina), não sabia se aquilo daria certo ou se a filha entraria em coma, saiu do quarto banhada em lágrimas não tinha coragem de ver se aquilo iria funcionar ou não, se sentia um lixo estragou a sua vida e a da garota e agora tentou matá-la, ajoelhou-se atrás da porta e pôs-se a chorar.
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After Midnight - Depois da meia noite
Misteri / ThrillerCassandra é uma pessoa atípica, com uma doença diferenciada que permite que ela consiga copiar e aprender com perfeição qualquer coisa que ela veja, nem por isso sua vida se torna mais fácil, muito pelo contrário, sua infância foi repleta de dores...