XII Novembro 2017

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Aquela noite estava sendo diferente da usual, "ela não está na loja, por que não está lá?", olhá-la era seu passatempo favorito, fantasiar com aquela mulher de cabelos castanhos, o fato de ter seu novo divertimento tirado dele o irritava profundamente. Rangeu os dentes, onde poderia encontrar alguém tão divertido quanto ela? Olhava fixamente para a vitrine do estabelecimento, naquela altura já era difícil disfarçar sua atitude, apenas uma mulher de cabelos curtos trabalhava no local, "Já que ela não está aqui serve essa aí", ele conseguia disfarçar sua presença muito bem mesmo diante do movimento da rua, estava simplesmente encostado em um muro fumando um cigarro, como se esperasse alguém, devido a isso sua presença era quase imperceptível era apenas mais um na multidão.

A loja não estava funcionando com o horário absurdo que Cassandra trabalhava, depois do sumiço da garota não podiam manter a loja aberta por tanto tempo afinal nenhum funcionário trabalharia esse horário. Nem por isso deixou de ser um inconveniente para Cláudia que foi obrigada a fazer hora extra e sair às 19:00. No fim de seu expediente estava exausta e irritada, caminhou até o ponto de ônibus que estranhamente estava vazio para um dia de semana mesmo a rua estando bastante movimentada. Um rapaz se aproximou da jovem ele não se sentia nenhum pouco acanhado em ir falar com a garota de cabelo Chanel.

__ Oi estava vendo você, te achei tão lindinha por acaso não quer comer alguma coisa por aí?

Cláudia olhou para aquele rapaz de óculos, desengonçado, magro e mal vestido, se sentiu ofendida, como ele tinha a audácia de se aproximar dela será que não se olhava no espelho.

__ Deus me livre, vá embora antes que eu me irrite.

Ele segurou o braço de Cláudia com força e disse:

__ Nossa como você é amarga, devia agradecer que alguém te elogia sua mocreia.

Ela por sua vez bateu com a bolsa na cara de seu agressor que insistia em lhe segurar. Ela estava prestes a fazer um escândalo quando um homem tirou a mão do rapaz que estava em seu braço.

__ Será que não vê que está incomodando a moça.

Cláudia ficou boquiaberta era um rapaz, muito diferente do anterior, alto, forte e principalmente muito bonito, usava um jeans e uma camiseta com a gola V na cor preta, que marcava seus braços fortes dando-lhe um ar de sensualidade. O rapaz indelicado correu deixando Cláudia e seu salvador sozinhos no ponto de ônibus, ela definitivamente estava muito interessada.

__ Nossa muito obrigada, acho que fiquei te devendo essa o que e irmos em algum lugar e eu te pagar uma bebida.

O Rapaz que não aparentava ter mais que 27 anos olhou-a de cima a baixo e deu um sorriso mostrando seus maravilhosos dentes brancos.

__ Claro seria um final de noite perfeito. 


Divisão de homicídios.

Ana era a mais esforçada das investigadoras, não porque queria se aparecer, mas a sua curiosidade e senso de justiça era seu diferencial o que fazia com que passasse diversas noites em claro revendo em sua mente as coisas que já haviam investigado buscando qualquer coisa que pudesse ser de ajuda na investigação, não tinha ninguém que a detivesse, fazia tempo em que esteve em um relacionamento amoroso, que devido sua eficiência no trabalho acabou fazendo com que seu namorado rompesse com a relação. Enquanto estava focada em algum caso não tinha tempo para pensar nessas coisas, embora sua mãe insistisse que ela deveria arrumar alguém. Era inteligente o suficiente para perceber que Heitor a olhava de maneira diferente, mas não estava disposta a dar o primeiro passo, acreditava que talvez se encontrasse alguém tão workaholic quanto ela talvez as coisas fluíssem melhor, mas embora Heitor compartilhasse do mesmo emprego e realmente se interessasse pela garota, não era tão viciado no trabalho quando ela esperava, o que acabava com essa relação antes mesmo de começar. Passoumais uma noite em claro, já estava na hora de ir trabalhar, não que tivesse parado.Tomou banho, se arrumou e dispensou o café da manhã, essa sua negligência comsuas refeições cobravam um certo preço, pois era uma mulher na faixa dois 35anos muito bonita, com seus olhos e cabelos castanho escuro, no entanto, um tantoabaixo do peso e sem brilho, talvez por alguma anemia e falta de sono. De certoque ela não se importava muito com sua vida, jáestava sozinha fazia tanto tempo que não se importava com de que forma osoutros iriam enxergá-la.

Chegou na delegacia um pouco mais cedo que de costume, pegou um café frio que serviam para as pessoas que iam fazer alguma denúncia, sentou-se em sua mesa meticulosamente organizada, ao seu lado estava um colega de profissão, parecia atender um caso de desaparecimento, a mulher que fazia a denúncia parecia um tanto inquieta tremia as pernas e nitidamente estava em pânico, o que era normal em uma situação desse tipo.

__ Você precisa me ajudar somos amigos há tanto tempo.

__ Cintia já falei que farei o possível.

__ Você não está levando a sério, vejo isso na sua cara, ela não pode sumir assim.

__ Afinal essa mulher é uma parente ou amante sua por acaso? Se não é nada disso relaxa que logo ela vai aparecer.

__ Ela é minha paciente! Já te disse! Mas... ela não é normal.

O homem deu uma risadinha com aquele olhar nítido de quem pensa "claro que não é normal, afinal só vai em psiquiatra ou psicólogo quem é louco"

Ana vendo o deboche do colega, não resistiu e teve que repreendê-lo afinal sabia bem o quanto esses profissionais eram valiosos.

__ Leve a sério o seu trabalho ou sai, ela veio até você porque confia no seu trabalho, pare de agir igual a um idiota.

__ Calma Ana, o caso só vai ser seu se acharmos um corpo, não precisa se empolgar.

Ainda mais irritada, olhou para Cintia.

__ Se fosse a senhora procuraria outro policial, que a levasse mais a sério, pois a ficha da sua paciente pode aparecer na minha mesa.

__ Vocês não entendem, eu não tenho medo dela tirar a própria vida ou algo do tipo, eu tenho medo dela tirar a vida de outros.

Automaticamente se lembrou das palavras de Caleb durante a última reunião da equipe "E se a pessoa fosse algum paciente psiquiátrico, alguém que faz tudo isso em um surto deve ter um histórico, só precisamos achar essa pessoa". Começou a prestar uma atenção mais que o normal na conversa do companheiro ao lado.

__ Como assim?

__ Eu não posso falar os detalhes, pois tenho que cumprir o sigilo de médico e paciente, mas posso dizer que ela é muito perigosa, eu não sou especialista nesse assunto, mas ela tem todas as características de um psicopata e...

Caleb colocou a mão no ombro de Ana que levou um pequeno susto, pois estava imersa na história da doutora.

__ Ana, temos que ir.

Sabia bem o que significava aquelas palavras, "Acharam um novo corpo"

__ Desculpe doutora, preciso ir. – Ana olhou para o colega ao lado que agora parecia ter entendido o desespero da médica. __ Acredito que meu colega leve a senhora mais a sério agora e espero que ele faça o seu trabalho direito.

Ela saiu junto a Caleb, com uma sensação estranha de que algo grande estava para acontecer, ele suspirou fundo ganhando a atenção da moça que estava imersa em seus pensamentos.

__ Era só o que faltava, não conseguimos lidar nem com esse louco, só falta aparecer mais um.

__ O que acha dessa mulher que a médica está procurando.

__ Duvido muito que seja o nosso assassino, não acho que uma mulher seria tão cruel e fria a esse ponto, é raro ter mulheres que usam as próprias mãos, geralmente usam veneno ou armas e fogo, nosso cara é diferente.

__ Acho que nesse caso tudo é diferente o senhordeveria manter a mente mais aberta, não sabemos ao certo o que procuramos.



*workaholic: Pessoa que trabalha muito  . O termo se origina do . A pessoa trabalha às custas de seu sono e funções sociais, como encontrar amigos ou família

After Midnight - Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora