Sua vida virou um inferno em pouco tempo aconteceu tanta coisa que já não era mais o mesmo jovem forte e enérgico de sempre, primeiro teve todo o acontecimento envolvendo Cassandra, depois a morte de sua mãe e agora era obrigado a morar com o desalmado de seu pai, em pouco tempo de convivência pode entender o motivo de sua mãe ter fugido daquele homem, estava envolvido até o pescoço com o crime organizado o que o tornava um homem rico, porém sem escrúpulo nenhum, também tinha uma madrasta que era um pouco mais velha do que ele, seu pai a tratava como uma rainha e como uma escrava ao mesmo tempo, o homem parecia ter um sério problema envolvendo sua personalidade, ele não lhe tratava mal, mas também não dava atenção necessária, o arrastou para longe da cidade em que nasceu, fez com que perdesse o contato com todos que conhecia e aos poucos o envolvia em seus negócios, contratou um professor de economia, de tiro e de defesa pessoal, sabia o potencial de seu garoto e queria muito poder usá-lo como quisesse.
Anderson fazia tudo o que seu pai pedia, apenas para poder distrair sua cabeça das coisas que perdeu, pois sentia que se pensasse demais poderia cair em um buraco o qual não conseguiria mais sair, não tinha acesso a coisas que os jovens de sua idade costumavam usar como celulares, internet, e até mesmo coisas bobas como assistir televisão, essa era uma forma que seu pai tinha de mantê-lo sobre controle ele aceitava sem questionar na esperança de um dia poder ao menos visitar Cassandra e seus amigos, foi a única coisa que pediu ao seu pai e o velho prometeu que cumpriria sua vontade dentro de alguns meses se ele fizesse tudo que lhe fosse solicitado, porém conforme o tempo passava mais essa promessa parecia demorar para se realizar, até o momento não tinha pressa, pois sabia onde ela estava, porém em um certo dia pode ouvir a conversa de dois seguranças de seu pai falando sobre o incêndio que destruiu o manicômio judiciário em que ela se encontrava, sentiu um enorme desespero e só piorou quando um dos empregados lhe disse que ela estava morta, sentia que estava encarando sua própria morte, nunca acreditou em coisas espirituais alma gêmea e coisas do tipo, mas saber que ela havia partido o matou, lembrou-se da conversa que teve com seus amigos quando tiraram sarro de sua cara dizendo que talvez ele ficando com Cassandra estivesse ficando com ele mesmo, por um momento riu daquilo, pois sentia que realmente sua vida havia acabado. Pode parecer um tanto exagerado esse relato romântico com traços Byronianos, toda via, temos que levar em conta que o jovem ainda era um adolescente com seus 19 anos, que acabou de perder a mãe, os amigos, sentia uma enorme culpa pelo que aconteceu com sua ex-namorada e como todo jovem mergulhou de cabeça nessa dor, para ele não havia mais nada que a vida poderia lhe oferecer, nada mais importava se sentia vazio, porém, o vazio sempre pode ser preenchido por algo novo.
Desde que perdeu o brilho que tinha nos olhos pouco saia do quarto, já não fazia mais diferença tentar agradar ao velho, no entanto, sua madrasta Catarina queria tirá-lo daquela miséria, não por dó do rapaz, mas porque desde o primeiro momento em que o viu queria tê-lo de qualquer forma, seu marido estava sempre ausente, comprava inúmeras coisas para ela e ao mesmo tempo que a agradava também era abusivo, então nesses momentos recorria a única coisa que lhe dava paz a sua velha amiga heroína, se ela lhe ajudava poderia também ajudar seu enteado.
Anderson nunca havia experimentado aquilo, estava trancado no seu quarto como costume quando ela entrou vestindo uma camisola minúscula.
__ Oi querido, sei que não está bem esses dias eu tenho uma coisinha que me ajuda quando não estou legal.
Ele olhou para a mão da mulher e viu uma seringa entre outras coisas, entendeu o que era aquilo, pensou que sua mãe de certo o mataria se estivesse viva e soubesse no que ele estava pensando em fazer, mas ela já não estava mais viva e não havia ninguém ali que pudesse impedi-lo naquele momento, sabia que aquilo seria um erro gravíssimo, mas não teve forças para recusar talvez quisesse mesmo algo que o fizesse sentir-se vivo novamente. Sentiu a picada eu seu braço e o líquido quente passar por suas veias, logo veio uma certa falta de sensibilidade em seu corpo, depois uma tontura e por fim certo entorpecimento, seu corpo e mente ficaram mais leves, olhou para a mulher loira em sua frente que ria para ele, mal conseguia manter a cabeça erguida, olhava para cima incapacitado de pensar em qualquer coisa, escorregou do sofá ficando mais relaxado, ela o esticou no sofá, enquanto ele olhava para o nada, era maravilhosa aquela sensação, um prazer indescritível, ao mesmo tempo sentia um certo formigamento nas partes íntimas, era Catarina, sentia a boca quente da mulher tocando seu corpo, mas a sensação de entorpecimento era maior do que qualquer outra coisa que ela pudesse fazer, ela se ajeitou e começou a pular em cima dele como louca, ele nada sentia, apenas a olhava tentando entender o que ela estava fazendo, por alguns momentos ela parecia mudar diante dos seus olhos, percebeu seus cabelos dourados mudarem de cor para um castanho vivo e seus olhos amendoados adotarem um tom verde, ergueu seu corpo em sua direção, segurou seu rosto e a olhou profundamente.
__ Cass.
Ela pareceu não ouvir o que o rapaz dissera, ele se tornou mais animado e segurou seu quadril com força a beijou violentamente, não sentia prazer sexual, mas uma realização que só a droga poderia lhe dar, como a de esquecer de toda sua miséria e reviver os mortos. Para ela pouco importava se era apenas uma substituta, tinha suas próprias dores e queria aliviá-las tanto quanto ele.
Esses encontros acabaram virando uma rotina conforme os meses passavam e logo Catarina conseguiu o que queria o rapaz a procurava desesperadamente, não por retribuir seus sentimentos ou querer algo com ela, mas queria mais da droga que somente ela poderia lhe dar, estava difícil disfarçar as atitudes do enteado na frente de seu marido, tinha certeza que se ele descobrisse o que ela andava aprontando a mataria, mas era um risco que gostava de correr mesmo que algumas vezes não fizessem sexo e apenas se drogavam ficando anestesiados sem dizer nada um para o outro, via nele um pouco dela mesma e isso já a satisfazia.
Para Anderson não fazia diferença odiava estar sóbrio e ser obrigado a enxergar a vida que tinha, porém certa noite começou a suar mais que o normal ao mesmo tempo que sentia frio, seu corpo começou a doer, precisava de mais, saiu do quarto desesperado, precisava de Catarina.
Roger estava em seu escritório em uma reunião importantíssima com Reinaldo ambos eram os únicos que mandavam naquele estado ou talvez no país, portanto, era muito importante manter as relações amigáveis entre as "famílias", porém ouviu-se um certo estrondo vindo de dentro da casa, um de seus seguranças entrou no escritório pálido e cochichou algo em seu
ouvido, ele pareceu tão transtornado quanto seu segurança ao ouvir do que se tratava.
__ Me leve até ele.
Roger seguiu o segurança e Reinaldo um tanto curioso resolveu ir atrás, adentraram no quarto que deveria ser de sua esposa, ela estava jogada no chão seminua desfigurada e coberta de sangue. Anderson com o sangue da mulher em seu rosto e braços gemia e gritava de dor, dois de seus homens o segurava com muita dificuldade.
__ Eu preciso de mais, ela precisa me dar mais, ela prometeu. – Ele dizia entre os gemidos de dor.
Ele olhou para toda aquela cena irado como nunca, não por sentir a perda de sua mulher, mas sim pelo orgulho ferido, sentia vergonha e humilhação.
__ Ela está morta? – Roger perguntou friamente.
__ Sim. – Respondeu um de seus homens.
Ele suspirou irritado diante daquela situação.
__ Matem esse desgraçado, torturem ele. Faça com que ele desapareça da minha frente e eu me esqueça de que um dia tive um filho.
__ Pare com isso Roger, tenho uma ideia muito melhor. – Disse Reinaldo.
__ Você me deve algum dinheiro e temos algumas contas para acertar devido a entrega de drogas que um de seus homens abriu o bico para polícia.
__ Mas já dei um fim nele e vou pagar o montante que você perdeu.
__ Não quero dinheiro, tenho bastante sabe, mas estou interessado nesse moleque, me dê ele e esqueço sua traição.
Roger rangeu os dentes, não gostava de ser manipulado.
__ Ele é meu filho.
__ Você ia matá-lo mesmo, não vai fazer diferença o que eu fizer com ele não é mesmo, ele tem uma boa aparência pode me render um bom dinheiro.
Ficou em silêncio por alguns momentos, estava com muita raiva de tudo aquilo e de fato tinha ordenado que o matassem, mas ele era seu único filho, talvez o único traço que restava de seu passado e de sua humanidade, tinha intenção de cuidar bem dele, mas devido seus problemas de humor e de não saber como agir acabou negligenciando o que acontecia dentro de sua própria casa, sua mulher e seu filho viciados.
__ Pode levá-lo. – Sua voz era baixa quase um murmuro.
Reinaldo sorriu e fez um sinal para que seus homens levassem Anderson, foi necessário deixá-lo inconsciente para que pudessem transportá-lo. Agora naquele imenso casarão Roger estava sozinho novamente apenas com o fantasma de seu passado para atormentá-lo, aquela decisão tomada na hora da raiva era uma coisa que ele mais tarde lamentaria profundamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
After Midnight - Depois da meia noite
Mystery / ThrillerCassandra é uma pessoa atípica, com uma doença diferenciada que permite que ela consiga copiar e aprender com perfeição qualquer coisa que ela veja, nem por isso sua vida se torna mais fácil, muito pelo contrário, sua infância foi repleta de dores...