Capítulo XVII

117 12 7
                                    

Emilia Clarke

 
  

         Já fazia mais ou menos uma hora que eu tinha despertado. As cortinas ainda estavam fechadas, e eu torcia para continuarem assim. Pensei em colocar um aviso de “ Não perturbe” na porta, mas me pareceu esforço demais para algo que não poderia evitar uma batida secreta da minha assistente para saber se eu estava bem. E olha, sinto que peguei um resfriadinho.
  Na cômoda ao lado, estava o pacote com as fotos e o celular que custaram um bom dinheiro de John Boyega. Algo que posso deixar guardado por um tempo, mas sei que isso não durará tanto. Ontem, no final da nossa jornada com repórteres, fui abordada por John. Ele me levou até uma sala, parecia sério demais, tenso demais. Foi uma conversa longa, e com um ar protetor, até que ele jogou tudo na mesa. Um jornalista novato tinha o abordado para lhe mostrar algo extremamente bom para vender para a mídia. Quando abrir o pacote, descobrir algumas fotos minhas com Daisy. Sim, nossas fotos tiradas nas ruas lotadas da Pride Parade London. Não eram fotos comprometedoras – achei bobagem tanto alvoroço por isso – até que cheguei na foto que eu estava beijando Daisy. Eu me sentir totalmente exposta, algo que não sentir naquele dia do beijo. Naquele dia, eu a queria mais próxima, mas não imaginei que tirariam fotos de algo que foi tão rápido. Mas percebi que estávamos sendo seguidas, talvez, desde quando saímos do táxi para adentrar o festival colorido e animado. Mas porque demorou tanto para mostrar isso? Por que ele não divulgou no mesmo dia?
O desespero na minha voz, disse tudo que John Boyega precisava saber. Eu queria esconder aquilo para o próprio bem de Daisy, até que nós duas pudéssemos contar tudo do nosso jeito. Ele não podia garantir nada, mas já tinha feito algo por nós. Subornar paparazzis, jornalistas ou qualquer um da mídia, às vezes pode parecer a solução, mas não é. Eu sei que logo estaremos em algum site de fofocas. Nada poderá impedir isto.
Eu poderia ter corrido para o quarto de Daisy, para contar tudo. Mas eu apenas me tranquei no meu quarto, e fingir não está.
John Boyega pediu que esperasse até o final de semana em San Diego acabar. Isso será tão difícil! Vou ter que fingir que não estou desesperada, que não tem uma bomba entre nós que pode explodir a qualquer momento!

          Levantei, e me vestir e fui para o bar do último andar.
O bartender pareceu muito surpreso ao me ver tão cedo para procurar bebida. Mas ele pareceu não me conhecer. Já é um alívio!
Me sentei na cadeira do balcão mesmo, pedi um drink forte de qualquer coisa. Ele me olhou com curiosidade e depois olhou para o relógio.
Eram quase oito da manhã, o sol já estava bem alto. Imagino que ele esteja se perguntando se sou mais uma dessas famosas que se embebeda antes de qualquer evento para se manter firme.
Ele me serviu Martini, e eu bebi quase tudo de uma vez. Na segunda taça do drink, tomei com mais calma.

— Quero outro tipo de drink. — Falei, depois de ter tomado a terceira taça de Martini.

Ele demorou, mas me trouxe um drink numa taça pequena com um líquido laranja com um pedaço dr abacaxi. Eu bebi um gole, e meus olhos lacrimejaram. Pisquei algumas vezes, sorrir e bebi mais outro. Pedi mais um drink, e o rapaz me olhou e pareceu procurar alguém no salão.

— Moça... — o rapaz começou. — Deste drink, eles limitam a servir somente duas doses a cada cliente.

— Então eu posso tomar mais uma. — digo.

Ele fica parado me olhando, então, balança a cabeça e se vira para preparar mais uma.
O bartender coloca a taça no balcão na minha frente. Pego e dou uns goles antes de engasgar. Levo uns minutos para me recompor e, mesmo assim, meus olhos e nariz ainda estão escorrendo. E a bebida parece fogo dentro de mim.

— Namorado? — uma moça entra no bar, usando o mesmo uniforme que o rapaz.

Não respondo. A janela está escancarada e o vento sopra em cima de mim como se eu estivesse ao ar livre.
A moça que aparenta ter minha idade, vai até a janela e a fecha. Ela está olhando estranho para mim, como se achasse que eu iria pular da janela.
O que eu vim fazer aqui, afinal?

ʙᴇᴍ-ᴍᴇ-Qᴜᴇʀ:𝓓𝓪𝓲𝓼𝔂 𝓡𝓲𝓭𝓵𝓮𝔂 & 𝓔𝓶𝓲𝓵𝓲𝓪 𝓒𝓵𝓪𝓻𝓴𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora