ʙᴇᴍ-ᴍᴇ-Qᴜᴇʀ:𝓓𝓪𝓲𝓼𝔂 𝓡𝓲𝓭𝓵𝓮𝔂 & 𝓔𝓶𝓲𝓵𝓲𝓪 𝓒𝓵𝓪𝓻𝓴𝓮

Capítulo XX

Emilia Clarke

     

           Estremeço com o barulho de algo caindo. Levanto a cabeça do travesseiro fofo e macio. Passo a mão na minha boca. Será que eu estava rocando? Babando, sim.
Olho ao redor, mesmo com uma sensibilidade à luz ainda consigo distinguir as coisas. O quarto com grandes janelas de vidro e cama com dossel branco me faz lembrar onde estou, no quarto de Lola Frears.
Franzo a testa, tentando amenizar a dor de cabeça.

— Argh!

Estou com a boca ressecada, minha cabeça está latejando e meu estômago parece em pandemônio.
Viro para o lado esquerdo, e vejo Lola ainda dormindo. Volto a deitar minha cabeça no travesseiro e olho para o chão, no tapete felpudo rosa meu celular parece jogado, talvez foi ele que caiu e fez o barulho que me acordou. Coloco o dedo na tela e ele acende, mostrando 13:34 em letras grandes, e atrás... Meu olhos se enchem de lágrimas. Há um mês, tirei a foto da Daenerys montada no Drogon e substituir por uma onde estou sentada na mesa do Oga's Cantina na área de Star Wars da Disney com Daisy sorrindo para a câmera, segurando um copo de whisky, e eu com a cabeça apoiada no ombro dela. Nós duas estamos sorrindo, estamos felizes. Foi Zendaya que tirou, uma foto espontânea. Desligo a tela, e viro meu corpo para cima, fixo o olhar no dossel floral.
De ontem, eu me lembro de ter ficado deitada até de noite, sem vontade de fazer nada. Mas quando deu oito horas da noite, tomei um banho e me enfiei no meu closet até encontrar uma roupa decente para uma saída numa noite fria. Depois peguei minhas chaves e fui até Lola, ela estava se preparando para sair, então, liguei para os meus outros amigos e escolhemos uma boate instalada em um antigo teatro de Londres no famoso bairro Camden Town. Me lembro de pouca coisa depois disso. Me lembro que estava na pista de dança. Eu estava trocando mensagens... não, eu estava apenas mandando mensagens. Isso foi depois de cinco drinks, e é claro, as mensagens eram para Daisy. Depois que terminei de enviar as mensagens, enquanto colocava meu celular no bolso, de alguma forma eu tropecei e acidentalmente toquei as costas de uma mulher. Lembro que ela estava com um grupo de meninas. Após o toque, fiquei tão envergonhada que fugi olhando para o grupo e fazendo linguagem de sinais para elas dizerem que não fiz de propósito. Eu deveria ter enfrentado e dito a eles que não fiz de propósito e que sentia muito. Mas porque eu só lembro dessa parte? Não me lembro de ter vindo para casa.
Sinto uma ânsia de vômito, corro para o banheiro e vomito tanto que começo a tremer, mas sinto uma melhora no meu estômago. Vou até a pia e abro a torneira, começo a jogar água no meu rosto. Quando olho para mim no espelho, quase dou um grito. Meu olho direito está roxo. Começo a procurar mais hematomas em mim, tiro a blusa de frio e fico apenas de regata, meus braços tem alguns arranhados.

— Emi? — Lola aparece na porta. — Você está bem?

Lola parece cansada, a maquiagem preta dos seus olhos faz parecer que ela está com olheiras escuras. Mas ela tenta dar um sorriso.

— O que houve?

— Nem a fama pode proteger alguém de uma briga de bar. — Lola se aproxima e analisa meu rosto. — Sua médica veio até aqui. Ela disse que não é nada sério.

— Eu briguei?

— Uma mulher achou que você estava procurando encrenca com ela. Vocês brigaram no banheiro. Você está muito esquentadinha.

Lola segura minha mão, seu rosto cheio de preocupação. Abro a boca, planejando começar com algum tipo de piada, e acabo tendo uma crise de choro. Ela me abraça, emitindo sons tranquilizadores até meu pranto praticamente cessar. Em seguida, Lola sai e volta com uma toalha e um pijama, e me convence a tomar banho.
Abro o chuveiro e fico debaixo da ducha morna, ponho o xampu na cabeça. Minhas mãos ardem, e só então reparo os pontos, pequenos e bem alinhados. Eu me esfrego dos pés à cabeça, parando apenas para vomitar mais uma vez debaixo do chuveiro.
Finalmente limpa, me seco e visto o pijama confortável que fica um pouco grande em mim.
Ao sair do banheiro, luto para manter o corpo ereto, tiro os cabelos molhados de minhas têmporas latejantes e me preparo para dizer que estou bem e vou voltar para casa. Dou um sorriso e mostro a mão machucada: