ʙᴇᴍ-ᴍᴇ-Qᴜᴇʀ:𝓓𝓪𝓲𝓼𝔂 𝓡𝓲𝓭𝓵𝓮𝔂 & 𝓔𝓶𝓲𝓵𝓲𝓪 𝓒𝓵𝓪𝓻𝓴𝓮

Capítulo XIX

Daisy Ridley

        Meses de gravações, e quando eu vi, já tem quase um ano que estou instalada no Canadá, não digo morando, pois amo a Inglaterra demais para me ver em outro estado vivendo uma nova vida.
Ontem, estive nos estúdios para ver partes do filme The Marsh King's Daughter. Estamos satisfeitos com o que está pronto até agora, Neil foca muito mais nas emoções de Helena, a minha personagem ,e em como seu passado afeta sua mente, suas relações pessoais e sua vida social. Para tentar se enquadrar na sociedade, vemos seu esforço constante de esconder suas “tatuagens” da infância, seja através de maquiagem ou desconversando sempre que alguém as percebe. O olhar de Helena, sempre desviante, assim como seu comportamento em eventos, frequentemente inquieta e visivelmente desconfortável, são características que reforçam o deslocamento da personagem. Uma ideia que conseguir abordar no emocional da trama é a utilização da câmera e dos ambientes. Helena sempre parece presa quando está em um cenário fechado, como o escritório em que trabalha ou sua própria casa. Quando é mostrada nesses locais, sempre há um incômodo para ela, como um grande calor que a faz suar parada no computador, ou para o espectador, como o contraste dos cômodos escuros de sua casa com o brilho intenso do sol pelas janelas. Além disso, ela aparece diversas vezes próxima ou dentro da estrutura das janelas, como se realmente estivesse aprisionada, ainda que esteja dentro de seu próprio lar. 
Entro em meu trailer e vejo os comprimidos que estou tomando nos últimos dias, estive internada e passei por várias coisas. Estamos gravando as cenas finais, e logo voltarei para casa. E ainda tenho dores no corpo, e Poppy veio para ficar comigo também.
Me sento de frente para a única janela do trailer, e tomo um chá quente de camomila. Observo o ambiente lá fora.
As geleiras do inverno começam a derreter para dar boas-vindas à primavera. A grama cresce bem verde e se torna berço de vários tipos de flores — tulipas, rosas, silvestres.
As árvores renovaram as folhas e as temperaturas estão amenas e agradáveis. Quando pensamos em Canadá, sempre pensamos no frio, correto? E o Canadá realmente é muito frio!
Mas nesses dois dias percebi que os rios e lagos estão descongelando e as montanhas estão trocando o branco da neve por lindos tapetes verdes.
Ouço a porta do trailer se abrir, é Poppy. Ela está com pequenas folhas nos cabelos, provavelmente estava caminhando.

— Dia agradável.

— É, eu percebi. — Falei.

— Estive conversando com a Emília. Não, espere eu falar, não saia.

— Você falou para ela, não foi?

— Espere. Ela parecia saber já. Vou me encontrar com ela mais tarde.

— Pops, não sei se quero reencontrar com ela hoje. Ainda mais aqui, está cheio de paparazzis nesse país. Tem muita coisa acontecendo.

— Eu sei. Mas ela veio de Londres para certificar que você estava bem. Ela precisa lhe contar algo.

Eu sinto falta dela. E sinto vontade de falar para ela tudo que se passou comigo nesses últimos meses.

— Eu entendi o que você quer. — falo. — Tudo bem, eu vou ir vê-la.

Emilia Clarke

      O vento do fim do dia é tão gelado quanto uma madrugada invernal em Londres, todo aquele clima gostoso de primavera foi embora de repente. Um blazer está salvando minha noite, estou em uma cafeteria que conheci por mero acaso, enquanto caminhava ao longo de Queen West. Decidi entrar porque fui atraída pela autoproclamação de ter o “melhor café de sempre”, com referência a diferentes publicações em média de todo o mundo. Não tinha qualquer recomendação sobre aquele café de Toronto, mas ainda bem que entrei. Assim descobri um café minúsculo mas com gigantes preocupações quanto à origem das matérias-primas. Dos sanduíches vegetarianas às bolachas caseiras, dos doces de tâmara ao café propriamente dito, no Hot Black Coffee tudo tem um aspeto maravilhoso. Mas não é só isso. Gerido por uma barista reconhecida, o Hot Black Coffee assume preparar o café com precisão matemática, que é medido ao pormenor e feito com “água que sabe a água”. Eu provei o café e uma tarte de chorar por mais. Eu vir mais duas vezes aqui, então, marquei com Poppy aqui, pois o cardápio vegetariano é muito bom.
Poppy entrou na cafeteria, observando o lugar, e abriu um sorriso quando me viu sentada em um dos sofás.