ʙᴇᴍ-ᴍᴇ-Qᴜᴇʀ:𝓓𝓪𝓲𝓼𝔂 𝓡𝓲𝓭𝓵𝓮𝔂 & 𝓔𝓶𝓲𝓵𝓲𝓪 𝓒𝓵𝓪𝓻𝓴𝓮

Capítulo III

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Daisy Ridley

       Os primeiros sinais da primavera começam a aparecer em Londres. É a minha estação favorita.
As primeiras flores começam a aparecer e a cidade começa a acordar depois do inverno. E isso é a melhor coisa!
     Estou voltando da acadêmia. Voltando correndo, é claro. Eu não era muito de fazer exercícios, mas precisei para dar vida a Rey, tive que malhar e ganhar músculos. Eu resolvi que manteria o hábito mesmo após o filme. Apenas desistir da dieta exigida por Star Wars, que incluía muito peixe e shakes de spirulina – uma alga azul-verde.
Nos filmes, quase não usamos dublês em cenas, e o Adam Driver sempre insistia que queria fazer tudo. O dublê de Adam nunca entrou em cena, nunca. Adam é tão bom quanto qualquer dublê, honestamente. Havia coisas que nós dois definitivamente não podíamos fazer, então, na cena de Rey fugindo de alguns Stormtroopers enquanto era atacada por bombas, boa parte foi feita pela minha dublê, tinha muita poeira envolvida, por isso. Huthar, a coordenadora de dublês costumava dizer para mim: ‘Tudo bem, Daisy, a primeira coisa que você vai dizer é que eu não posso fazer isso, e então você faz e está bem, então vamos fazer!’. Muitas vez eu ia até ela e dizia ‘não, eu tenho medo de altura’ e, literalmente quarentena minutos depois, lá estava eu fazendo um mergulho de andorinha a trinta pés de altura. Então, Huthar sempre dizia que eu não sabia o quão boa eu sou. A produção sempre me ouvia choramingar antes de fazer algo sem dublê, e depois riam de mim, e então, no final ficava tudo bem.
   No ponto quase a minha frente, o tradicional ônibus vermelho de dois andares está parado para algumas pessoas entrarem. Então, ao passar por ele, vejo o cartaz nele, com letras douradas diz: “ Peça teatral The Seagull, estréia 11 de março de 2020. Teatro Playhouse. Estrelado por Emilia Clarke”. Emilia Clarke é a única do elenco que estampa o cartaz, ela usa um sobretudo preto de couro, e está em frente a um espelho. É hoje à noite, é hoje!
     Emilia esteve muito ocupada nesses últimos dias. Conversamos ontem, por mensagem. Ela tinha feito por video-chamada, um teste com JJ Abrams para o musical que ele está produzindo para a Apple com a Sara Bareilles. Em janeiro, eu também fiz esse mesmo teste, mas não por vídeo-chamada. Ele tava fazendo os testes em um escritório em Hollywood. Foi tenso, mesmo que eu tenha trabalho com JJ em Star Wars, eu tive que cantar. Ele já me viu cantar, várias e várias vezes. Sou daquele tipo de pessoa que gostaria de cantarolar e dançar no meio da rua; ou fica achando que está em um clipe, olhando de forma poética para a janela do ônibus, enquanto toca alguma música deprê no fone de ouvido. Uma vez, nos sets, John Boyega e Oscar Isaac me desafiaram a ficar sem cantar por um dia, eu perdi.
O fato é que eu contei a Emilia sobre esse projeto, e a incentivei a fazer o teste. Em abril, saberemos quem estará no elenco. Eu sempre fico ansiosa para essas coisas, mas desta vez, estou realmente inquieta. Acho que será legal trabalhar com Emilia. Quero que isso aconteça. 

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Emilia Clarke

     Uma, duas, três voltas ao redor de uma cadeira atrás do palco. Concentração. Texto em mãos. Estar concentrada é essencial para que eu entre na personagem e atue com maestria. Portanto, é muito importante para mim trabalhar minha concentração por meio de exercícios que ajudarão não apenas no momento de se preparar para dar vida ao personagem, como também na hora de decorar meu texto e focar no contexto da cena, sem se dispersar com pensamentos aleatórios. Mas o beijo, ele continua nos meus pensamentos. Olá, esse beijo não pagou o aluguel para estar na minha cabeça. Quero expulsar ele daqui. Este inquilino, este parasita, não foi convidado. Me sinto estranha, ao lembrar do beijo, não é Harry Rhys Harries que estou beijando, seus lábios são substituídos pelos lábios de alguém que eu nunca cheguei a beijar...
Esta dando um nó na minha cabeça. Me sento na cadeira, abaixo a cabeça e coloco meu rosto entre minhas mãos. Ouço alguém se aproximar, sua mão corre pelas minhas costas, então, levanto a cabeça e vejo minha mãe com um copo da Starbucks em mãos.