Prólogo

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Ver Lenora daqui, me faz voltar no tempo, quando cheguei em Atlantis cheia de perguntas, curiosa com tudo, fascinada pelo jovem de cabelos cacheados e olhos lilases, que me encarava com admiração.

A árvore em que sentamos para descansar antes de chegarmos à cidade de Lenora, linda e cheia de histórias. Agora servia de obstáculo para a brincadeira de pega-pega entre Maxine e o cachorrinho que a seguia por todo lado.

Sua risada me lembrava sinos de vento e me enchia de um amor incondicional e incomensurável. Cinco anos haviam se passado, eu passei um ano em Zorah, no Templo de cura da cidade, depois de me casar com Max, ele resolveu trabalhar com seu cunhado nas estufas experimentais enquanto eu desenvolvia minhas habilidades de cura com Sinara, sua irmã.

Nunca mais voltei a ver Caleb, mesmo quando morei em Zorah, evitava até mesmo mencionar o seu nome, mas sua lembrança estava em mim, sua energia ainda circulava em mim desde o parto de Maxine, eu sabia que ele estava em uma busca por conhecimento, eu podia perceber suas mudanças por todo o planeta, esteve por um tempo viajando por toda a Atlantis e por fim parou na ilha de Andirá, fazendo o quê, é que eu não sei.

Voltei a Lenora e agora trabalhava no Templo de cura junto a Celandine, que assumiu o comando de Megaron, por um tempo, mas não pode viver longe de Lenora. Particularmente, acho que Celandine se apegou a Maxine e não conseguia ficar longe dela. Muitas pessoas me procuravam para que eu contasse sobre a Terra e isso me enchia de uma saudade dos meus pais e irmãos. Estou me preparando para visitá-los em breve, é claro que eles não poderão me ver, mas ficarei satisfeita em vê-los assim mesmo.

__Vamos mamãe, vamos! – Maxine me chamou __Quero ver o papai. – ela correu em direção ao monte que levava ao templo circular, onde bebi da água da sabedoria logo que aqui cheguei. Foi onde marcamos de nos encontrar. Max havia ido ao grande Meiavi buscar pérolas negras. Era a primeira vez que Maxine fazia aquele percurso e tudo era novidade para ela. Seus cabelos loiros com cachos nas pontas sacudiam-se ao se movimentar pelo gramado, ela às vezes olhava para mim, para verificar se eu a estava seguindo e seus olhos lilases como os do pai brilhavam felizes. Ela era uma garotinha normal, mas em alguns momentos eu percebia um brilho azulado em seus olhos, principalmente quando estava concentrada em algo, isso me causava certa preocupação. O quanto da energia de Andirá estaria presente em seu corpo?

__Olha mamãe! – ela apontou a torre circular no meio do campo verde com trepadeiras a crescerem em suas paredes de pedra. __Posso entrar?

__Sim, pode. – ela correu a minha frente e quando entrei logo atrás dela, me surpreendi com a beleza do lugar, da mesma maneira que me surpreendi a primeira vez em que estivera ali. A luz difusa atravessava as janelinhas que subiam em espiral pela torre, deixando tudo com um toque mágico.

Maxine e o cãozinho corriam e os latidos e as risadas ecoavam pelo lugar, até que ela parou e olhou para cima, para a imagem da mulher com a mão estendida e a taça sobre sua palma. Ouvi seu arfar e me aproximei, ela olhou para mim e de volta para a imagem.

__Mamãe é você! – ela apontou o dedinho para cima e eu observei melhor a figura da mulher em pedra branca, e sim, ela se parecia comigo.

__Não meu anjo, essa é Andirá.

__Mas você é Andirá também. Eu ouvi as pessoas falando no templo.

__Não querida, mamãe só se parece com ela. – Maxine me encarou em dúvida e abriu a boca para retrucar, mas o cachorrinho latiu em direção a porta e Max surgiu. Ela gritou e correu ao seu encontro.

__Papai!

Me sentei na borda do poço de pedra e aspirei o odor adocicado e levemente ácido da água da sabedoria, então ouvi um sussurro e algo resvalou em meu rosto, como o toque suave de uma brisa, olhei ao redor e encarei o poço, nele havia o reflexo de alguém e não era o meu.

__Olá Victória! – ele me sorriu com seus lindos olhos verdes, seus cabelos cortados curtos e sua expressão entre sarcasmo e ironia me fizeram arfar de surpresa. __Senti sua falta jovem Andirá!

__Caleb!

Andirá - a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora