Salve-a

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Cap. 40                             Salve-a

Max

Quando nos aproximamos da casa de Michel, percebi que resgatar minha filha seria mais complicado do que imaginei. Havia guardas armados vigiando os portões, e o muro alto não seria fácil de transpor. Acredito que sabendo dos poderes de Vic, Michel provavelmente colocaria vigias pelo quintal a nossa espera.

__Posso pular facilmente esse muro, e em silêncio. – Nahele falou ao observar minha hesitação.

__Mas se for visto assim que pular, será morto. Não sabemos o que há do outro lado.

__Não escuto ninguém desse lado. – ele disse com calma.

__Consegue ouvir os guardas caminhando? – perguntei num sussurro espantado.

__Consigo ouvir suas respirações. – ele disse com um sorriso de dentes pontiagudos e brilhantes. Ele fez um gesto me indicando que iria saltar. Assenti com um mover de cabeça e o Aiesh saltou como um gato por sobre o muro e empoleirou no alto de cócoras, estendeu o braço longo com suas mãos de dedos finos e eu segurei firme, me vi subir com um puxão forte. Quase caí ao me desequilibrar e Nahele me segurou. O agradeci com o olhar.

Descemos com cuidado, ele muito mais silencioso, eu nem tanto.

__Acho que a criança está no andar de cima. – Nahele falou e apontou para o alto, uma porta de vidro iluminado em uma varanda.

__Como sabe?

__Sinto o cheiro dela. – ele falou com tranquilidade. Ainda me causava surpresa a força sobre humana deles e essa capacidade de caça comum aos predadores.

Escalamos a parede e chegamos à varanda, onde ouvi a voz calma de Pâmela, esposa de Michel, contando uma história infantil. Fiz sinal de silêncio para Nahele, como se precisasse, e toquei na porta devagar, abrindo-a com cuidado. Maxine virou-se para trás e sorriu. Pâmela empalideceu e puxou seu filho para perto de si, seus olhos se abriram de espanto ao ver Nahele entrar parcialmente no quarto.

__Como chegaram aqui? – ela perguntou com a voz trêmula.

__Não queremos lhe fazer mal. Só quero minha filha. – fiz um gesto para que Maxine viesse ao meu encontro. Pamela olhou para a porta atrás de si. __Não alerte os guardas ou vou impedi-la. Não quero fazer isso, Vic me pediu para não feri-la. – ao mencionar Vic, vi seus olhos brilharem com lágrimas.

__Ele vai ficar furioso se eu permitir que leve a menina. Michel enlouqueceu! Como pode pensar que Vic e o comandante são inimigos?

Encarei a jovem mãe com piedade e percebi que ela era tão prisioneira quanto Maxine e os outros.

__Venha conosco. – falei num ímpeto.

__Não posso. Meus filhos são muito pequenos. – o menino escondia o rosto em seus seios e o outro dormia no berço próximo. __Não posso fugir.

__Eu prometo que voltaremos para buscá-los. – falei sem muita certeza e Maxine correu e beijou o rosto de Pâmela.

__Vai ficar tudo bem tia Pâmela. – ela retornou e a coloquei em minhas costas. Descemos devagar a parede sem fazer ruído. Nahele aspirou o ar como se farejasse.

__Eles estão vindo, precisamos correr. – descemos mais rápido mas fomos vistos por um dos guardas, que deu o alarme. Corremos pelo gramado até o muro dos fundos. Senti algo quente me atingir e tombei.

__Papai! – Maxine gritou.

__Vamos! – Nahele voltou para me ajudar. __Levante-se, eu o ajudarei.

__Não! Fui atingido. Leve Maxine e a mantenha a salvo.

__Eu posso carregá-los, os dois. – ele disse solícito. Ouvimos mais vozes, os soldados vindo ao nosso encontro e os disparos das armas de Malie.

__Rápido! Leve-a, eu vou atrasá-los. – Nahele pegou Maxine nos braços e a colocou nas costas saltando sobre o muro. Me virei e atirei nos soldados de Malie, atingi alguns antes que me acertassem novamente.

Andirá - a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora