Cap. 23 Primeiro ataque
Vic
Caminhei inquieta pela minha cabine até que senti Alexandra se aproximando, respirei calmamente tentando controlar meu espírito. Ela bateu na porta e me chamou.
__Vic, posso entrar. – abri a porta com meus poderes e permaneci sentada em minha cama. Ela entrou devagar e li sua mente, vi Caleb lhe pedindo que viesse conversar comigo. Vi sua expressão de dor através dos olhos de Alexandra e me senti culpada.
__Você está bem? – ela me perguntou e sentou ao meu lado colocando a mão sobre minha perna.
__Não, não estou. – Alexandra me abraçou. __Eu o magoei. Como ele está? – ela riu ligeiramente ao se afastar.
__Arrasado, mas finge que não. – ela fez uma pausa e sorriu __Ele só está tentando ajudá-la, você sabe não é?
__Sim, eu sei. Vou me desculpar com ele depois. – ela se moveu para se levantar. __Quando foi que se tornaram amigos? – perguntei e ela me encarou surpresa, pois claramente eu estava com ciúmes e ela, apesar de não ler mentes, pode perceber. Alexandra voltou a se sentar e segurou minhas mãos.
__Logo depois que voltei para casa, após os acontecimentos nas minas, Filipe finalmente pediria minha mão ao meu avô, mas eu ainda estava muito ferida emocionalmente, e o pedi que não o fizesse, que esperasse mais. – eu a encarei confusa, pois sabia que Andirá a tinha curado e achei que tudo estivesse bem. Ela continuou. __Sei que eu parecia bem, eu estava bem, mas no fundo minha raiva crescia e isso estava me consumindo. Então, Caleb apareceu em Padenlesce, passou alguns dias em casa de meu avô, Filipe não gostou de início, mas depois, sua permanência fez com que nos tornássemos amigos. Ele me ajudou a trabalhar minha raiva e a canalizar para os treinos e me recomendou voltar à Guarda em Zorah antes de me casar.
__Filipe concordou com isso? – perguntei curiosa.
__Sim, ele também achou melhor voltar à Guarda. Meu avô disse que esperar alguns anos não seria tão ruim. – ela disse e riu.
__Por que não nos contou sobre isso, quando estávamos todos em Zorah?
__Ele pediu para não contar. – minha expressão de incompreensão a fez continuar. __Caleb acreditava que você deveria ficar livre de sua lembrança. Ele disse que você merecia viver ao lado de sua família em paz, sem lembranças de momentos ruins. – exalei o ar com força, encarei nossas mãos unidas e senti meu coração doer. __Não conte ao Max. – ela pediu e eu me voltei para ela. __Ele pode ficar chateado com Filipe e comigo, talvez pense que o traímos.
__Não vou contar. – ela se levantou e eu a acompanhei. __Obrigada por me contar Alexandra. – ela sorriu.
__Venha, vamos comer. Eles devem estar nos esperando no salão de refeições. – caminhamos lado a lado até o salão de refeições e conversávamos sobre o futuro e como seria sua festa de casamento quando ouvimos um barulho de explosão e o navio vibrou.
__O que foi isso? – Filipe se ergueu sendo seguido por todos que estavam ali.
__Estamos sendo atacados! – Caleb disse se movendo para o centro de comando da embarcação. O segui de perto, assim como Max e os outros. O capitão veio ao encontro de Caleb no mesmo instante.
__Estamos chegando ao setor das escarpas Comandante e creio que batemos em algo, mas...
__O que houve com o sonar? – Caleb perguntou se aproximando dos equipamentos.
__Está operante senhor. – um rapaz bem jovem respondeu. __Mas não informou nenhum obstáculo no fundo até que fomos atingidos.
Estávamos todos alertas e sem entender direito o que estava acontecendo, quando fomos novamente atingidos por algo.
__Algo está no fundo da baía e está nos atingindo de baixo. – Caleb afirmou.
__Um submarino? – Biel sugeriu, sua voz escondida, atrás de todos nós. Caleb o encarou por alguns segundos.
__O que seria isso? – Alexandra o interpelou e Caleb respondeu.
__Uma embarcação submersa.
__Mas não deveria aparecer no sonar? – eu perguntei também me aproximando dos equipamentos.
__Sim, mas parecem que estão ocultando-se.
__Handarianos? Eles sabem como fazer isso? – Caleb moveu a cabeça em negativa.
__Não iremos revidar? – Filipe voltou a questionar.
__Sem um alvo é um tanto perigoso. Não quero atingir a falha geológica. Podemos provocar uma erupção vulcânica.
__Sei o que podemos fazer. – falei com todos mas foquei em Caleb, ele assentiu antes que eu dissesse aos outros.
__O que vai fazer? – Max perguntou próximo a mim.
__Vou envolver a embarcação em um campo protetor enquanto Caleb localiza o submarino.
__Vamos capturá-los? – Alexandra perguntou segurando seu arco com força e Caleb a encarou quase a sorrir, ergueu uma sobrancelha num gesto muito seu e se moveu para a proa rapidamente, nós o seguimos, paramos todos sob o céu claro do meio dia e Caleb falou:
__Não pretendo deixar que avisem os outros sobre nós. – Celandine ficou triste, pude perceber pela mudança de cor em sua aura. Em outra época ou circunstâncias eu também ficaria triste, mas agora, a morte parecia pouco para eles.
Deixei minhas preocupações com Celandine de lado e fechei meus olhos concentrando-me em toda a extensão do navio e o envolvi em um halo de proteção, nada o atingiria mais, também o ocultei dos handarianos. Mantive-me focada por alguns poucos minutos até que o barulho de algo rachando e explodindo, e água voando ao redor do navio, balançando a embarcação levemente, me fez abrir meus olhos. Observei Caleb, ainda com seus olhos verdes iluminados, seus braços erguidos e as mãos crispadas como se fizesse força, suas feições retorcidas em uma careta. Tão logo a água baixou, ele se recompôs, fechou os olhos e os abriu lentamente, estavam normais.
__Pelo Criador! – Celandine deixou escapar. __O que foi isso?
__Caleb acabou com eles. – Filipe falou com um sorriso vitorioso apontando os destroços flutuando ao nosso redor. Caleb observou também e me encarou surpreso.
__Precisamos dar um jeito nos destroços. Não podem chegar à praia. – Max debruçou-se sobre a amurada. Eu me aproximei e comecei a reuni-los em uma grande bola de metal retorcido.
__Leve-os ao fundo. – Caleb me orientou enquanto me observava com certo orgulho.
__E os corpos? Onde estão os corpos? – Alexandra esquadrinhava o mar em busca dos corpos dos handarianos.
__Não há corpos Alexandra. – eu sussurrei. __Foram destroçados, pulverizados. – ela me encarou com certo temor mesclado de decepção.
Foi nossa última noite na embarcação e após tomar um longo banho, me concentrei em Maxine, ela estava adormecida em uma cama repleta de almofadas e brinquedos, que me lembraram as pelúcias da Terra. Logo que abri meus olhos, percebi que Max estava a minha frente, sentado na cama na mesma posição que eu. Não podia mais senti-lo, ele me bloqueava de todos os modos possíveis.
__Estava meditando? – ele me perguntou com carinho.
__Estava vendo Maxine.
__Ela está bem? – ele me perguntou com a voz embargada e os olhos úmidos.
__Estava dormindo. Havia alguém com ela, mas não vi, só senti a presença.
__Ruim?
__Não, alguém bom, alguém... não sei. Como se fosse alguém que eu conhecesse.
__Ela vai ficar bem. A deusa a protege, não é?
__Sim, eu sei.
__Venha, vou fazê-la dormir.
Max me fez deitar e começou a mexer em meus cabelos, me fazendo lembrar do tempo em que nos conhecemos. Senti meu coração se encher de ternura e o beijei. Nos amamos de modo intenso, e apesar dele não compartilhar sua energia comigo, senti seu amor por mim mais forte que nunca.
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Andirá - a vingança
FantasíaVic está feliz vivendo em Lenora com Max e sua filha Maxine. Quando recebe a notícia de que sua família na Terra será alvo da vingança de seus inimigos. Enquanto está de volta a sua casa, com Caleb, descobre que tudo não passou de um plano dos Handa...