Andirá - a vingança

Truque sujo

Cap. 9 

Vic

Havia se passado três dias desde a explosão, a cozinha passava por reformas e apesar da bagunça, meus pais voltaram para casa. Comecei a me sentir fraca e precisamos nos alimentar da energia da natureza, não podíamos comer os alimentos da forma em que estávamos. Então ao anoitecer fomos ao lago, não acreditava que pudesse haver mais pessoas como Gabriel, que podia nos ver, mas era melhor ser precavido.

Após absorvermos energia das árvores ao redor, Caleb sentou-se na grama fria e eu o acompanhei. Ele ficou algum tempo em meditação contemplativa e ficamos em silêncio, ouvindo os sons característicos da noite na Terra. O som de grilos, sapos coaxando, e corujas com seu canto lindo e assustador ao mesmo tempo, me deixou saudosa do meu planeta. Eu não estava arrependida de ter ido viver em Atlantis, mas a Terra era tão linda. Caleb sorriu e se voltou para mim.

__Sente saudade?

__Um pouco. – respondi __Nunca pensei muito nisso, mas acho que senti falta das coisas da Terra. A Lua, por exemplo, sinto falta de vê-la no céu a noite.

__Eu também me sinto assim, às vezes. – ele riu __Como se sente? – ele me inquiriu. __Ainda com fraqueza?

__Não, estou melhor. Apesar de ser diferente.

__A energia da Terra ainda é muito pesada, é diferente de Atlantis. – assenti e o encarei por um tempo. A luz da lua incidindo sobre seu rosto, seus cabelos curtos me chamou a atenção mais uma vez, e num impulso o toquei.

__Por que cortou o cabelo? – ele também passou a mão no cabelo e se voltou para frente.

__Não sei, acho que era mais prático, enquanto estava no Templo de Andirá, não tinha muito tempo para me preocupar com aparência. – ele ficou quieto por um tempo e depois me perguntou: __Você prefere comprido? – me surpreendi com a pergunta e acho que fiquei vermelha, pois senti meu rosto arder.

__Já estava acostumada daquele jeito. Mas não está ruim, só diferente.

__Vic, preciso lhe dizer algo.

__Diga. – o vi engolir em seco e fiquei receosa do que viria e quase me arrependi de o incentivar a dizer, o que quer que fosse. Mas ele mudou de ideia.

__Não é nada! – ele sorriu __Vamos, temos que voltar. – ele se levantou e me ofereceu ajuda para me erguer. Segurei em sua mão e ele me içou, perdi o equilíbrio e para não cair, me amparei nele, nossos rostos próximos demais. Não resisti e o beijei e Caleb correspondeu ao meu beijo. Me conectei a ele instantaneamente e de forma tão profunda que era como se fossemos um só, não podíamos mais sentir as emoções um do outro separadamente, tudo era mais intenso.

Quando por fim nos separamos, eu me sentia culpada por Max, ele não merecia ser enganado.

__Não posso. – falei com tristeza.

__Eu sei.

__Me desculpe.

__Não há o que desculpar. – ele disse com a cabeça apoiada a minha. __Vic, te amo tanto, tanto. – comecei a chorar e ele me acalentou.

Eu estava prestes a dizer o que sentia por ele, quando ouvi o chamado de Gabriel, alto e claro em minha mente.

__Meu irmão está me chamando. Aconteceu algo em casa. – falei me separando dele. Nós nos direcionamos a casa de meus pais e encontrei Sergio ferido na cabeça, sendo amparado por meu pai e a casa estava toda revirada.

__Biel! – o chamei, mas ele não estava ali.

__Ele foi levado Vic. – encarei Caleb com desespero.