Reencontros

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Cap. 2 

Vic

Passei a semana tensa e comecei a ter sonhos com meus familiares e acordava agitada, Max tentava me acalmar inutilmente. A única coisa que me deixava melhor eram os encontros no Templo nos finais de semana.

__Você não precisa ir ao Templo de Cura hoje. – Ariadne me falou quando me viu descer as escadas com o semblante abatido. __Tenho certeza que Celandine não vai se importar.

Celandine havia retornado a Lenora após dois anos no comando de Megaron. Ela disse sentir falta de Lenora e dos amigos e eu fiquei imensamente grata por isso. Ela era como uma mãe para mim e sempre sabia o que dizer quando eu me sentia confusa.

__Não posso, Fileias e Cario estão fora. – falei enquanto descia as escadas e tentava ajeitar os cabelos. __Está tudo bem, quando estiver lá eu me recomponho. O cristal do Templo tem muita energia e posso usá-la para melhorar. – terminei de prender a trança com uma fita e enrolei em um coque no alto da cabeça.

__Posso ir também? – Maxine segurou o meu vestido e o puxou devagar.

__Claro querida! – eu disse olhando minha filha linda com seus cachinhos dourados e seus olhos lilases a me sorrir.

Ao sair encontrei meu sogro Erasmos e Max, se dirigindo aos estábulos. Lhe soprei um beijo, ele sorriu e me disse em minha mente. "__Te amo."

"__Não mais do que eu." – respondi também em sua mente. __Nos vemos mais tarde. – falei com ele em voz alta e acenei para eles. Ambos acenaram para Maxine.

Caminhamos por Lenora de mãos dadas e por onde nós passávamos, os habitantes nos cumprimentavam. Alguns com um simples aceno de cabeça, alguns com uma ligeira vênia, poucos ainda me chamavam de Andirá. Eu evitava ir ao Templo com os cabelos soltos, pois ainda causava uma certa comoção apesar deles estarem acostumados à minha presença.

Entramos no Templo, que ficava em um outeiro e aspirei o odor daquele lugar, que agora era tão familiar para mim quanto à minha casa. Celandine estava preparando o salão para receber as pessoas. Seus cabelos vermelhos em um tom de fogo vivo, brilhava em uma luz que me acalmava.

__Olá Vic, oi Maxine. – Celandine nos recebeu com alegria. __Você está bem? – Celandine fez um gesto observando minhas olheiras.

__Ficarei! – respondi me posicionando sob o cristal, que ficava pendurado no alto do Templo, bem no meio da estrela branca de cinco pontas, sobre o chão azul e absorvi a energia que se desprendia dele. Senti-me revigorar no mesmo instante. Maxine e Celandine sorriram ao me ver flutuar ligeiramente. __Estou melhor? – perguntei com um sorriso e Celandine assentiu. Então começamos a organizar as pessoas que se aglomeravam em frente ao Templo.

A tarde correu e quando nos preparávamos para fechar o Templo e voltar para casa, um brilho intenso surgiu bem no centro da estrela e ao se dissipar, Caleb estava lá, sorrindo para nós. Seus cabelos claros estavam curtos, seus olhos verdes e sua aparência de comando e poder continuavam iguais, magnífico como sempre foi.

__Olá jovem Andirá! – senti meu coração saltar no peito. __Como vai anciã? – ele se dirigiu a Celandine com um mover de cabeça. Ainda estávamos surpresas demais para nos manifestar quando Maxine se aproximou dele. __Olá pequena deusa. – ele passou a mão em seus cabelos.

__Oi. – ela disse com um sorriso maravilhado.

__Caleb! – falei com a voz embargada, corri ao seu encontro e o abracei com força.

__Vic! – ele disse abraçando-me apertado. __Senti sua falta. – ele disse e quando me afastei percebi que eu chorava, ele secou minhas lágrimas com o polegar e fez uma expressão de repreensão. __Não deve chorar. – eu sorri com lágrimas nos olhos.

__O que faz aqui Comandante? – Celandine o inquiriu enquanto lhe oferecia um lugar para se sentar.

__Não sou mais Comandante Celandine, deixei o posto há muito tempo. – ele esclareceu enquanto se sentava e nós o acompanhamos.

__Sim, meu pai nos contou. – ela disse ainda séria. __Ele falou muito bem de você, disse que só saiu depois que deixou tudo em ordem e alguém bom em seu lugar.

__Michel era a escolha ideal. – enquanto ele falava eu ia me lembrando de todas os meus amigos que eu não via há tanto tempo, Michel, o capitão de Malie, que nos ajudou a expulsar os Handarianos de Atlantis, sua noiva, Pâmela, minha amiga mais querida em Malie. E Briseu, meu primeiro instrutor. __Foi muito bom ter Briseu em Malie como ancião da cidade. Ele mostrou ao povo a importância da fé e conseguiu reativar os Templos em muitos locais da cidade. - Briseu, pai de Celandine ocupava o cargo de ancião de Malie desde que Bianor, seu irmão e pai de Caleb, havia morrido em um embate com o próprio filho, em Zorah. __Houve mudanças positivas na cidade.

__Obrigada. – ela agradeceu os elogios tecidos ao pai __Mas não respondeu à minha pergunta. O que veio fazer aqui?

__Estou aqui para ajudar Vic. – Celandine me inquiriu com o olhar e Caleb também me encarou.

__Eu não disse a ela. Só contei em casa. – ele fez uma expressão de insatisfação e se pôs a explicar.

Andirá - a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora