Prólogo

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- Pegou tudo, querida?

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- Pegou tudo, querida?

- Peguei sim, vovó.

- Está levando sua escova de dentes?

Rio para mim mesma, enquanto fecho a mala. É a cara da minha avó perguntar se eu estou levando a escova de dentes para a faculdade.

- Estou sim, vovó. - Respondo, depois de me recompor.

Não demora muito para que ela apareça na porta do meu quarto. Roliça, com os cabelos brancos e os pequenos óculos de grau na ponta do nariz, ela parece o Robin Willians em Uma Babá Quase Perfeita.

- Ainda me sinto culpada por você não ter ido pra faculdade semestre passado. - Ela diz, me entregando uma escova de dentes fechada no pacote, apesar de eu ter dito que estou levando a minha.

- Não se sinta culpada, vovó. A senhora me criou sozinha desde que eu era pequena. O mínimo que eu podia fazer era cuidar da senhora de volta.

Ano passado, dona Giusepina Phillips ficou muito doente, passou semanas internada no hospital. Tive que adiar meus estudos por causa disso, mas não me importo. Não estou tão atrasada e o reitor da UCLA compreendeu perfeitamente. Devido ao meu excelente histórico acadêmico, ele concordou que eu colocasse a matéria atrasada em dia durante as aulas, se minhas notas continuassem altas durante os dois primeiros semestres.

Portanto, amanhã é oficialmente o meu primeiro dia como graduanda na Universidade da Califórnia Los Angeles!

- Eu nem acredito que você está indo para a faculdade... - Minha avó fala, pegando meu rosto com as duas mãos enrugadas. - Você cresceu tão rápido, minha menina. Ainda ontem era uma pequenininha andando pra lá e pra cá, tropeçando no tapete da sala.

Dou pequenas palmadinhas na mão dela, acalentando-a. Ela me puxa para um abraço, que retribuo de bom grado.

- Não se meta em muitos problemas no campus. - Ela beija minha bochecha, dando pequenos tapinhas em seguida. - E venha me visitar todo final de semana.

Eu rio.

- Vovó, se eu vier ver a senhora todo final de semana, meu dinheiro vai ser gasto todo em passagem de ônibus e eu não vou conseguir pagar a faculdade.

- Oras, mas foi pra isso que fiz um fundo de faculdade quando você era pequenininha. - Ela coloca as duas mãos no quadril, indignada.

- Tudo bem, vovó. - Concordo, dando um beijinho em sua bochecha. - Eu prometo que venho ver a senhora sempre que possível, tá bom? Afinal, como eu vou sobreviver sem os seus bolos de cenoura?

Vovó é uma cozinheira de mão cheia, e o meu prato preferido dela é o famoso bolo de cenoura da Vó Giusepina!

- Então vem, tem um esperando por você lá na cozinha!

Minha avó me pega pela mão e me arrasta para fora do quarto, indo em direção à cozinha. Me deixo ser guiada, enquanto rimos e conversamos sobre banalidades.

Vou sentir saudade da vovó enquanto estiver na faculdade. Especialmente porquê ela é a única pessoa com quem me sinto realmente à vontade. Vai ser duro ficar longe dela, mas vovó batalhou muito para que eu pudesse entrar na faculdade de Administração, e não vou decepcioná-la.

 Vai ser duro ficar longe dela, mas vovó batalhou muito para que eu pudesse entrar na faculdade de Administração, e não vou decepcioná-la

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- Câncer? - Minha mãe fala a palavra devagar, desabando a chorar na frente da doutora.

Seguro minha irmã em meu colo e nego com a cabeça.

Minha irmã só tem 10 anos, ela mal sabe que ainda está nessa vida... Por que tinha que acontecer isso?

- O que é câncer, senhora? - Ela pergunta, com sua voz meiga, e minha mãe solta um choro magoado.

- Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. - Franzo o cenho diante de suas palavras e paro ela com a mão.

- Ela é uma criança, quer saber o que tem. - Olho para a Anne, depois de volta para a médica. - Pode falar de forma que ela consiga entender? Por que, assim, se eu não entendo, imagina uma criança de 10 anos.

- Scott... Se acalme... - Reviro os olhos com as palavras da minha mãe e seguro a mão da minha irmã.

- Ele está certo, senhora. - A médica fala prontamente e desvia os livros da frente, escrevendo duas linhas em papel sobre a mesa. - Isso é uma veia.

Fico encarando aquilo de cenho franzido. Que merda essa mulher tem na cabeça?

- É como uma estrada de sangue. - Coloca alguns brinquedos espalhados por lá. - Se o seu sangue estiver saudável vai funcionar assim: Os camiões são os glóbulos vermelhos, que carregam o oxigênio pelo sangue. - Minha irmã fica presa na explicação e olho para minha mãe, que faz o mesmo. - Você também tem os soldados; chamam-se glóbulos brancos. Eles protegem você. Vou dar o exemplo da gripe: eles é que ajudam a passar. Quando você tem uma ferida, eles criam um tipo de crosta que protege o local.

Reviro os olhos e bato o dedo na cadeira.

- Algumas pessoas criam umas células ruins. - Ela derrama objetos pequenos pelo desenho. - Elas entram no caminho das células boas ou, pior ainda, elas matam as células boas, acabando com as defesas. - Para exemplificar, ela atira um soldado.

- Por que essas células ruins estão no meu sangue?

- Não sabemos ainda, mas eu prometo para você que vou mandar toda a polícia para lá, para defender você. - Anne sorri e a médica se aproxima mais. - Tem medula óssea nos seus ossos, é lá que essas células são feitas. Eu vou remover um pouco dela para descobrir o que essas células ruins estão tramando.

- E isso dói? 

Fecho os olhos com força e suspiro.

- Não. - Ela sorri. - Você vai ficar dormindo. - Ela estende a mão. - Está dentro? - Minha irmã ri e aperta a mão da médica.

Saio com a minha irmã do consultório, esperando pela minha mãe e, logo que ela sai, fica com a minha irmã, pois preciso ir para a faculdade.

Mesmo com o coração apertado, abracei a minha irmã e fui para essa droga.

Bad boy | Livro 1 - The revealing chemistryOnde histórias criam vida. Descubra agora