Old Friends

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Gotham, 2009

Sento na cama bruscamente sentindo o meu coração bater com força contra o meu peito, o suor descia por meu corpo deixando toda a minha roupa molhada e a minha respiração ofegante mostrava sinais claros de que eu estava prestes a ter um ataque de pânico, minha garganta estava começando a fechar me deixando sem ar, eu preciso de ajuda! Penso em pânico levantando da cama batendo nas coisas enquanto tentava chegar até a porta do quarto, Céus! Como isso é horrível!

Caio de joelhos com as mãos ao redor da minha garganta tentando desesperadamente respirar o que não estava funcionando, a porta do meu quarto é aberta assim com a luz que ilumina tudo ao meu redor, levanto o rosto encontrando Dick na entrada do meu quarto me olhando atentamente, ele se ajoelhou na minha frente segurando o meu rosto com as suas mãos grandes me olhando fixamente.

- Ei, tenta se acalmar. - Ele pede com calma sem parar de me olhar. - Foi apenas um pesadelo, nada daquilo é real.

Tento assimilar tudo que ele estava me dizendo, mas tudo só piorava ainda mais a minha falta de ar, arregalo os olhos tentando respirar para ver se conseguia trazer um pouco de ar para os meus pulmões o que não resolveu praticamente nada; estava tão concentrada em tentar respirar que leve um susto quando sinto lábios pressionados contra os meus, minha mente se desliga totalmente do que não era necessário e só foquei naquele momento, naqueles lábios contra os meus, apenas isso e nada mais.

Nossos lábios começam a se mexerem um no outro em sincronia, suspiro passando as mãos por seus ombros deixando que ele determinasse o ritmo daquele beijo, era a primeira vez que eu sentia o gosto dos seus lábios, um momento que eu esperava a mais de um ano, estava sendo um momento magico pelo menos para mim. Dick se afastou ainda segurando meu rosto com as suas mãos, fico com o rosto vermelho de vergonha desviando os olhos dos seus, como foi que isso aconteceu assim do nada?

- Melhorou?

- O quê?

- Seu ataque, melhorou? - Concordo com um aceno rápido de cabeça. - Eu vi em algum lugar  que desviar a atenção do ataque faz com que ele pare, pelo jeito é a coisa certa.

- Obrigada por mim ajudar, Dick. - Sorrio envergonhada.

- Bom, talvez seja melhor você tentar descansar antes do treino. - Concordo ainda olhando para o chão. - Boa noite, raio de sol.

- Boa noite, acrobata.

Dick levantou do chão me deixando sozinha com os meus pensamentos, meus dedos acariciam meus lábios como se aquilo fosse capaz de manter aquela sensação ali para sempre, eu beijei Dick Grayson, penso sorrindo deitada no chão como uma boba apaixonada e o pior é que sou mesmo uma boba apaixonada.

Abro os olhos confusa sobre onde eu estava, tento olhar ao redor, mas a minha cabeça estava presa em alguma coisa, suspiro puxando meus braços que estavam presos também, maravilha! Escuto o som da porta sendo aberta e tento me manter imóvel para não chamar tanta atenção, vamos lá Alyssa, se controle.

- Alyssa? - Franzo a testa reconhecendo aquela voz. - Alyssa, por favor fala comigo.

- Rachel? - Minha voz sai rouca quando olho para a garota pálida na minha frente. - Você está bem, pequena.

- Vamos tirar você daqui.

As amarras que me prendiam na cadeira foram tiradas e logo me vi livre daquele lugar, com a ajuda de Gar caminhamos para o corredor e entramos numa sala apenas duas portas longe de mim, Dick estava sentado preso a uma cadeira olhando fixamente para o nada, engulo em seco com aquela cena, o que fizeram com ele?

- Dick? Vamos, temos que ir. - Rachel chama ele, mas não tem nenhuma reação dele. - O que há com ele?

- Devem ter dado drogas para ele.

- Podem tê-lo danificado, Rachel. - Olho para a mulher com a gente e imagino que seja Ângela. - Fazem isso aqui.

- Então eu resolvo isso com ele. - Me aproximo da cadeira virando o seu rosto para mim. - Dick? Sou eu, Aly, preciso que me ouça assim como antes, Ok? Você é mais forte que eles, é mais forte que todos que eu conheço.

Seus olhos fixaram em mim e se fecharam quando acariciei sua bochecha com carinho, sorrio sabendo que mesmo ele sendo um cabeça dura ainda era o mesmo cara doce que me ajudava com os ataques de pânico depois de um pesadelo.

- Precisamos ir embora daqui, mas não vamos... eu não vou sem você. - Seus olhos se abrem de novo me olhando. - Eu prometi que sempre ficaria ao seu lado e você prometeu nunca me deixar. Você me prometeu!

As lembranças dele indo embora da mansão me atormentava todas as noites por que eu fui tão fraca naquele dia e aqui estou eu o vendo ir embora novamente, penso deitando a cabeça no seu peito fechando os olhos com força me negando a deixar as coisas assim.

- Prometi... eu sei. - Levanto o rosto vendo que ele estava falando.

- Vamos para casa, acrobata.

Fomos rapidamente para onde estavam mantendo Kory presa e derrubamos os cientistas malucos, eles estavam fazendo algum experimento nele e consigo entender claramente a sua raiva naquele momento; nos corredores fomos surpreendidos pelos seguranças, olho para Dick pegando uma barra de metal batendo ela de leve na parede para chamar a atenção deles para mim também, está na hora de dançar.

- Eu fico com o da esquerda.

É a única coisa que digo antes de acertar o queixo do segurança com força fazendo seus dentes se quebrarem, dou uma cotovelada nas costelas dele o derrubando quando vejo mais deles vindo na nossa direção, saio acertando um por um no queixo deixando eles no chão por um segundo antes de terminar o serviço com alguns socos, fico com as costas colada nas de Dick enfiando a barra de metal no ultimo segurança que ainda o estava se mexendo e deixando ele empalado, o sangue escorria no meu rosto e corpo, fazia tempo que eu não sabia qual era sensação; levo Rachel, sua mãe e Gar para fora do prédio quando o mesmo explode atrás de mim, abraço Rachel para lhe proteger dos pedaços de vidros que voaram na nossa direção.

- O que foi isso? - ela pergunta assustada me olhando.

- O fim de um problema, eu imagino. - Sussurro vendo Dick e Kory vindo na nossa direção. - Vem, vamos para casa.

Levo eles até o carro e fico olhando para o prédio em chamas, tudo foi para os ares, aquela seita maluca, o meu medo do passado e uma parte dele também, durante anos usei aquela roupa com orgulho por está fazendo algo que estava ajudando as pessoas, mas depois daquela noite usar ele tinha perdido uma boa parte do seu brilho e eu tinha me esquecido dela, mas agora... mesmo não quero eu sentir tudo de novo, o prazer, o orgulho de ter aquele uniforme foi embora sendo devorado pelas chamas daquele incêndio.

Durante o caminho todo Rachel ficou com a cabeça deitada em meu ombro enquanto eu fazia carinho em seus cabelos, pelo retrovisor do carro vejo os olhos de Dick me olhando rapidamente, sorrio de lado voltando a minha atenção para a menina nos meus braços.

- O que aconteceu com você lá? - Rachel pergunta fazendo com que eu erga minha sobrancelha.

- Só pesadelos, nada demais. - Sorrio alegremente para ela. - Apenas pesadelos, nada demais.

Apenas pesadelos, assim que eu espero que seja, apenas pesadelos.