Old Friends

➹2x09

Deixo Rachel no seu quarto e fico andando pelo corredor com o meu pensamento distante, se aquela caixa veio para São Francisco a mando de alguém e eu sabia muito bem quem tinha sido, o que não entendo é porque ele continua se metendo nas nossas vidas; passo a mão por meu rosto sabendo que aquela revelação iria destruir ele e iria me levar para uma época que eu faria questão de apagar da face da terra, ah como eu odeio o Bruce.

Na cozinha encontro Donna e Dick conversando, sorrio para eles pegando uma xicara com chá de hortelã e vou acrescentando a agua quente pensativa, talvez Donna possa me ajudar a encontrar uma forma de como contar tudo para Grayson, uma coisa que eu já devia ter decidido anos atrás, mas infelizmente meus planos foram muitos interrompidos...

- Aí que droga! - Grito assustada quando sinto que enchi demais a xicara derramando na minha pele.

- Alyssa, você está com a cabeça nas nuvens? - Donna pergunta tirando a chaleira das minhas mãos. - Ou dormindo em pé?

- Só me perdi em pensamentos. - Sorrio sem graça para a morena evitando o olhar de Dick. - Aonde pararam na conversa?

- Dr. Luz? - Concordo indo até a pia lavar a mão.

- O que vocês estão fazendo?

- Procurando fontes de energia, Donna. - Dick morde a maça a olhando sem entender.

- Falo sobre voltar para cá, recomeçar tudo? Parece amnesia deliberada. - Suspiro me encostando na pia.

- Isso foi há muito tempo, tudo mudou, nos mudamos.

- Mudaram como? Vocês queimaram os uniformes. - Olho para Dick e parecia quando recebíamos sermões de Alfred. - Não são mais o Robin e a Caçadora, agora você é Dick Grayson, monitor do acampamento? E você, Alyssa Smith, a assistente?

- Aqui não é acampamento de verão.

- Exato, vocês os fizeram titãs, eles ao menos sabem o que houve da ultima vez? - Encolho os ombros olhando para o meu chá.

- Estamos treinando para ser uma versão melhor. - Respondo ela com calma. - Escrever a historia diferente de como escrevemos no passado.

- São titãs mais tranquilos e gentis? - Reviro os olhos.

- Qual seu problema, Donna?

- Sinto muito, sabem que amo vocês e quero vocês dois felizes, mas há fantasmas neste lugar. - Os fantasmas do nosso passado. - Eles deviam saber disso.

Aqueles fantasmas que ela falam me atormentava mais ainda, porque eu lembrava exatamente do dia em que vim para São Francisco com o plano de contar tudo para Dick e tudo saiu errado, como eu contaria que havia perdido nosso filho quando o mesmo estava feliz com Dawn? Preferia não ter visto aquele beijo, ainda bem que tudo ficou no passado; estava tão mergulhada em meus pensamentos que me assustei quando Gar apareceu, com algum esforço o garoto tinha conseguido o local onde o Dr. Luz iria se recarregar para nos atacar, os titãs iriam entrar em ação e comigo junto, Jason tentou ir conosco deter o Luz, mas aquilo era perigoso demais para ele.

Chegando no estádio fico em uma das posições com a minha balestra pronta para acertar uma flecha naquela luminária ambulante, mas o plano da nossa festa surpresa não deu muito certo e em um segundo estavamos correndo atrás dele; coloco a balestra nas costas correndo o mais rápido que consigo, escuto o som de um carro explodindo e vejo o Luz correndo para outra rua, Donna segue ele e uso uma das flechas explosivas fazendo com que ele parasse de correr no momento que Donna joga uma moto em cima dele o derrubando, Dick tinha tudo para pegar o cara só que a aproximação de um ônibus cheio de civis fez com que mudasse seus planos, ele optou por salvar vidas diferente de antes, mas isso pode complicar tudo na torre, mas foi escolha dele e temos que aceitar.

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Deixo a balestra em cima da mesa quando preciso me colocar na frente de Dick impedindo que Hank avance ou que o próprio Grayson vá para cima do outro, já temos problemas demais e não precisamos de uma briga de testosterona para completar o pacote de merda de hoje, Dawn e Hank foram para seu quarto nos deixando sozinhos, olho para Dick erguendo uma sobrancelha vendo o mesmo dá de ombros, homens; escuto passos se aproximando e vejo os três adolescentes se aproximando e só de olhar para o rosto de Jason sabia que nada de bom ia sair daquela situação.

- Onde está o Dr. Luz?

- Jason...

- Pesquisei esse cara, que dispara o que? Lâmpadas? - Dick se vira na direção deles. - Metade da cidade está pegando fogo e nenhum sinal do Dr. Luz.

- Não é a hora, Jason.

- Não recebo mais ordens de você. - Tento afastar Jason que empurra minha mão para longe. - Faço o que eu quero e quando eu quero.

- Saia da minha frente. - Dick manda quando Jason fica parado na frente dele.

- Você entendeu tudo errado, você está na minha frente. - Que droga Jason. - Já pensou em pendurar as chuteiras? 

Todd se prepara para acertar um soco no mais velho e acaba sendo derrubado, suspirando vou levantar ele só que o mesmo dispensa a minha ajuda, fico olhando ele se afastar e volto minha atenção para Dick.

- Você precisa de ajuda e precisa aceitar isso de uma vez, somos uma equipe. - Aponto pro rosto dele o fazendo ficar serio. - Não seja o Batman! Saia da sombra dele.

- Alyssa...

Nego com a cabeça e vou para o meu quarto, eu já cansei de todas as desculpas dele.

Desvio o caminho entrando no quarto de Dick procurando pela caixa, mas ele tinha colocando em um lugar que só o mesmo sabia, saio do quarto dando de cara com Donna que me olhava com a sobrancelha erguida, sorrio sem graça fechando a porta logo atrás de mim.

- O que você estava fazendo no quarto do Dick? - Coço a nuca fica nervosa. - Aly? 

- Estava procurando por algo, algo que não devia está em pose de Dick Grayson. - Cruzo os braços tentando disfarçar o nervosismo. - Bruce mandou uma caixa de Gotham para ele.

- O que tem de tão especial em uma caixa mandada pelo Bruce?

- Porque é "A" caixa. - Abaixo a cabeça e escuto um suspiro dela. - Pois é...

- Ah Alyssa, eu sinto muito. - Concordo rapidamente evitando o seu olhar. - Você acha que ele já descobriu o conteúdo da caixa?

- Eu não sei.

- Já sabe o que vai dizer ao Dick?

- Eu não sei. - Sinto Donna me abraçar tentando me acalmar. - Ele vai me odiar.

- Talvez sim, talvez não . - Sua voz estava calma e sua mão acariciava meus cabelos. - Vocês só precisam conversar e vão se resolver, vocês sempre se resolvem.

Antes eu podia afirmar que antes era mais fácil conversar com ele e resolver todos os nossos problemas, mas agora era um assunto muito mais complicado, a perda de um filho era bem difícil de vivenciar para os pais e eu imagino a dor dele em saber que levou 5 anos para saber do filho morto, a dor seria mais intensa e a culpada de manter o segredo seria apenas minha.